sexta-feira, 3 de abril de 2009

MANTOS E PALMAS


No calendário litúrgico cristão este domingo é considerado como o Domingo de Ramos. O motivo da celebração é que num dia como este, antecedendo a Páscoa, Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumento e foi saudado pela multidão que estendia seus mantos e colocava ramos de oliveiras para que ele passasse.
Considerando o evento, e relembrando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, vejamos o que o gesto da multidão pode nos dizer sobre aquele que entra em nossa vida. Biblicamente sabemos que o ato de Cristo é cheio de simbolismo e significado; também sabemos que a multidão naquele dia talvez nem tivesse consciência de todos eles. Mas os evangelistas, ao nos narrarem a história, tinham aprendido algumas lições, e são elas que vamos procurar (as citações estão nos quatro evangelhos: Mt 21:1-11 / Mc 11:1-11 / Lc 19:28-40 / Jo 12:12-19).
Jesus vinha de Betânia – cerca de 3 km de Jerusalém – e ordenou que lhe providenciassem uma montaria para entrar na cidade. Montado num jumentinho, Jesus cumpriu mais uma profecia e foi aclamado como rei em Jerusalém (veja em Zc 9:9). O primeiro destaque dos evangelista é a aclamação. Jesus veio inaugurar o Reino de Deus (leia Mt 12:28 e Jo 18:36-37), e com esta atitude ele estava requerendo para si o reino. Os evangelistas sabiam disso e nos ensinam que devemos reconhecer a Cristo, como o verdadeiro soberano: respeito, reverência e obediência.
Como desdobramento deste reconhecimento real, os evangelistas nos contam que a multidão estendeu seus mantos e forrou o chão com ramos e palmas de oliveiras para a procissão real. Esta é uma atitude que revela submissão. Com isto estão nos ensinando que como súditos do reino eterno precisamos colocar tudo a disposição do Rei e de sua vontade. Se Cristo é Rei – e assim também professamos – então que prevaleça a sua vontade (além da citação de Mt 6:36 na qual Jesus instrui neste sentido, a palavra de Maria em Jo 2:5 ilustra esta atitude).
Contudo, o que mais chama a atenção na narrativa é a alegria e o louvor da multidão. Não importa se havia uma compreensão histórica exata daquele momento; a verdade é que o povo usou as palavras do Sl 118:26 para saudar o novo rei que adentrava na fortaleza de Jerusalém (isso lembra Davi em 2Sm 5:7). A presença do Rei dos reis, e sua entronização em glória no meio do seu povo, tem que ser motivo de júbilo e cânticos de adoração (veja a poesia do Sl 24:7-10).
Mesmo sabendo que poucos dias depois ele passaria pelo suplício, mas a atitude de quem tem certeza de que nosso Deus é um Rei vitorioso é atitude de louvor (reconheça e cante ao rei como o salmista em Sl 47:7).
Que este Domingo de Ramos seja mais que uma data em nosso calendário litúrgico; seja uma ocasião de estendermos nossos mantos e palmas em reconhecimento ao Rei Jesus e em alegria e adoração pelo seu Reino entronizado em nós.

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