segunda-feira, 28 de setembro de 2009

E na hora de traduzir ...


Por cerca de uma década tive a oportunidade lecionar as disciplinas de línguas bíblicas no curso teológico aqui em Aracaju.  Durante este período, vários alunos me perguntavam como eu fazia o meu trabalho pessoal de tradução e como eu tratava o texto na hora de produzir ou um texto técnico-teológico ou - mais importante - como eu levava o resultado disso ao púlpito.  Com isso em mente, listei uma série de dez orientações sobre como ainda hoje trato o texto bíblico em língua original e como procuro levá-lo à minhas ovelhas a cada domingo.
Assim, compartilho aqui a lista que preparei:


A – Leve o trabalho de tradução à sério, uma boa exegese depende de uma boa tradução.  Dedique-se ao máximo ao seu trabalho, não o faça com pressa e nem nunca se dê por vencido diante do texto.  Dependa do Espírito de Deus e se ponha a trabalhar.


B – Desconfie do lugar-comum.  A voz do povo nem sempre é a voz de Deus.  Respostas pré-fabricadas também não ajudam.  Faça seu próprio trabalho.


C – Não despreze o trabalho dos que lhe antecederam nesta jornada.  Consulte outras traduções comparando-as com as suas.  Lembre-se que eles enfrentaram os mesmos problemas que você e encontraram soluções que podem lhe servir de pista.  Traduções em outras línguas ajudam muito.  Consulte a Vulgata, a Reina-Valera, a King James, entre outras.


D – Seja criterioso com todas as palavras.  Com certeza a base semântica dos enunciados estará, na maioria das vezes, nos verbos, daí que um deslize na sua tradução truncará todo o significado do texto.  Dê atenção também às pequenas palavras como preposições e conjunções, as chaves sintáticas geralmente se escondem por aí.


E – Mantenha sempre atualizados seus conhecimentos de História e da cultura em que o texto original foi escrito, elas influenciaram grandemente na produção do autógrafo e não podem ser negligenciadas no momento da tradução.


F – Observe variantes e outras informações sobre a história do próprio texto pois também são indispensáveis.  Aqui vale um estudo sério e honesto de crítica bíblica interna e externa.


G – Tenha uma base sólida da teologia do texto.  O autor não estava escrevendo um texto qualquer mas sim parte do que cremos ser a História da Salvação, sendo assim seus escritos devem ser considerados no seu lugar próprio dentro da história da teologia cristã.


H – Pense nos seus leitores.  A sua tradução deve ser suficientemente clara para que seu povo a entenda e suficientemente profunda para que se alimente dela.


I – Seja o mais fiel possível ao original.  Você está traduzindo um texto e não escrevendo um novo que seja seu.  Contudo esta fidelidade deve ser acima de tudo ao espírito e ao significado, e não à letra do texto - isto é bíblico.  Então tenha cuidado com expressões idiomáticas da língua original, observando para que elas continuem com espírito e significado na sua tradução.


J – Veja o que vai levar para o seu povo.  É gratificante observar o trabalho de confecção teológica do texto.  Mas quem senta à mesa deseja comer mais que saber sobre as receitas.


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

INTIMIDADE


Intimidade e privacidade são conceitos que a pós-modernidade banalizou a tal ponto que parecem não trazer mais significado ou importância alguma.  Por dinheiro, por exibicionismo ou por pura curiosidade muitos hoje em dia rompem as barreiras do público e do privado fazendo com que ambos os mundos percam seus valores.
Quando observo para este tema porém à luz da Bíblia meus olhos são levados a instrução de Cristo:  entra no teu quarto ... (veja o verso todo de Mt 6:6).  É a experiência do quarto fechado, como costumo chamar, que me dá toda a relevância do conceito de intimidade no âmbito de minha vivência cristã.
A princípio e só para enfatizar, Jesus deixa claro que tudo começa lá no quarto fechado.  Só quem passou por ele e que sabe o que é privar da intimidade com o Senhor que saberá quão significativa é a sua fé, sua comunhão com Deus e sua adoração.
Mas, com base no texto, vamos implicar alguns pontos: O que é preciso para a intimidade do quarto fechado?  Qual a sua abrangência?  Quais os resultados?
Jesus começa tratando do assunto com a seguinte indicação: vá ... feche.  É preciso ter atitude e disposição para ir ao encontro da intimidade com Deus, fechando a porta exterior e se deixando ser levado pela companhia sagrada.
Na história bíblica muitos assim fizeram.  Abraão ofereceu seu filho; Moisés subiu ao monte; Elias caminhou quarenta dias; Paulo esteve no deserto por três anos; além do próprio Cristo que por várias vezes trocou o sono da noite por horas na intimidade com o Pai.
O texto também chama a atenção que é no quarto fechado que o nosso Pai nos vê em secreto.  É lá onde todas as máscaras são tiradas e ficamos completamente expostos diante do amado.  Não há segredos na intimidade com Deus e ainda assim somos aceitos e queridos nesta presença.
Davi no Salmo 139 descreve tal desnudamento na presença divina como só quem já desfrutou de tal intimidade pode falar: Senhor, tu me sondas e me conheces.
E Jesus conclui: seu Pai o recompensará.  O resultado da intimidade com o Pai no quarto fechado é a certeza de que estamos bem onde o Senhor nos quer, e isto é satisfação garantida; é alegria eterna; é sentido na vida; é o Pai nos cobrindo com sua recompensa.
Quando desfruto de tão bendita intimidade, então – e só então – sei que meu trabalho não é vão no Senhor e que minha adoração sobe em cheiro suave ao trono da graça.
Que o Senhor nos leve a esta intimidade, pois lá é nosso lugar.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

PIBA - Rumo ao Centenário


Pela graça de Deus no último sábado dia 19 a nossa querida igreja-mãe - a PIB Aracaju - celebrou os seus 96 anos de vida (acima a imagem do cartaz comemorativo).  Foi uma festa linda para glória do Senhor da Igreja.  Na ocasião esteve pregando o pastor Técio da PIB Maceió que trouxe o recado de Deus para a edificação dos fiéis e convite à salvação.  O templo estava cheio e com certeza o Senhor mais uma vez se fez presente naquela celebração.
Num tempo como este em que para alguns falta constância e firmeza doutrinária, uma igreja se aproximar de seu centenário e manter-se fiel às suas doutrinas é motivo de alegria e gratidão a Deus.
Nestes anos passaram pelo púlpito da PIBA vários pastores, também louvaram ali vários ministros e levitas, outros tantos lideram diversas áreas da igreja: a todos eles uma palavra de reconhecimento pelo seu valor histórico, pois se não fosse a fé e obra deles não estaríamos aqui.  Graças sejam dadas a Cristo por tais vidas e que elas nos sirvam de inspiração, respeito e aprendizado nesta lide.
Entendo contudo, que acima de tudo igreja é comunhão dos santos e culto o encontro do fiel com seu Deus, logo nestes anos quero lembrar dos não sei quantos cristãos cujos nomes não tenho registrado mas que com sua fidelidade mantiveram as portas desta agência do Reino de Deus abertas.  Foi neles também que o Espírito Santos se revelou como alvos da graça divina.  Crentes como a pobre viúva citada por Jesus em Mc 12:43 que com suas ofertas honraram a Deus e realmente fizeram acontecer estes 96 anos.  Que o próprio Senhor honre a memória delas e deles.
Hoje oramos e trabalhamos para que as festas do centenário sejam dignas do Senhor da igreja que a sustentou até hoje e manterá triunfante até o grande dia de sua volta.  E nós do Sol Nascente, que possamos aprender com humildade a continuar anunciando a Jesus Cristo o verdadeiro transformador de vidas.
Ao Senhor toda glória!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Obscurantismo na Roda Viva


Ontem à noite assistindo o Programa Roda Viva da TV Cultura (aqui em Aracaju – TV Aperipê) pude acompanhar a excelente entrevista da Senadora pelo Acre Marina Silva.  Independente da coloração política (ainda não defini meu voto em 2010 embora por tendência histórica continue na esquerda), mas como disse, independente da opção, os posicionamentos e a firmeza da senadora que trocou o PT pelo PV em abordar temas importantes para o futuro da nação mostram o seu preparo para ocupar o lugar que lhe cabe na República.
Nunca é demais lembrar ainda que com santo orgulho temos a irmã Marina Silva na cota de nossa família em Cristo.  E é exatamente neste ponto que quero apontar um destaque importante: O Obscurantismo na Roda Viva.
Como o nome do programa creio que foi escolhido a propósito, então vou trazer para a roda uma questão suscitada lá no final da entrevista.  Numa associação pouco feliz, mas até que histórica e infelizmente compreensível, uma jornalista questionou a nobre parlamentar sobre pontos de ciência como transgênicos, célula-tronco, biotecnologia, colocando em dúvida a capacidade da senadora em avaliá-los uma vez que seu posicionamento religioso a impediria.  Também infelizmente ela não teve o espaço necessário para esclarecer.
Não vou aqui defender a irmã em Cristo na posição de senadora, mas aproveito para citar os exemplos de Salomão e de Daniel como modelos de homens de conhecimento e fé.  Quanto a Salomão é dito que além de administrador e filósofo, foi sábio em temas como botânica e zoologia (leia 1Rs 4:32-33).  Quanto a Daniel o texto nos diz que o próprio Senhor o capacitou para entender de todos os aspectos da cultura e da ciência (a citação é de Dn 1:17).
A fé cristã não pode ser desculpa para a ignorância e para preconceito cultural – se alguns agiram assim equivocadamente tais não podem servir de parâmetro.  Deus após trazer a existência tudo o que existe deixou-o aos cuidados do ser humano e para que este execute melhor a sua função de mordomo da obra criada é preciso que a conheça em profundidade (olhe que linha interessante para uma discussão ecológica!).  Em outras palavras, crente de mente fechada ainda não entendeu direito sua missão na terra.
No caso, o que me parece é que mente obscura e preconceituosa é a da jornalista – nem a conheço.  Mas ela representa a visão limitada de atrelar princípios morais tão necessários neste momento nacional a empecilhos para o desenvolvimento intelectual e social do Brasil.  É triste que ainda tem gente que pense assim, inclusive em nossas hostes o que é pior.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

DISCIPULADO RADICAL XXX


Pela graça do nosso Mestre, chego hoje à última reflexão sobre o Discipulado Radical proposto pelo nosso Senhor. Nos versos de Mt 7:24-27 Jesus conta a ilustração das duas casas para demonstrar o que acontecerá com quem foi levado ao discipulado por ter ouvido a Palavra exposta.

Jesus apresenta duas casas: aparentemente elas são iguais. Olhando o exterior as duas foram construídas da mesma maneira. Assim todos por igual tiveram a oportunidade de ouvir a Palavra de Cristo e ter conhecimento da verdade e até concordaram que ela é boa e agradável. A todos é lançado o convite-desafio ao discipulado.
Igual também é o que pode acontecer a todos e a qualquer um. Na comparação de Jesus ambas as casas passam por intempéries: chuva e vento vêm sobre elas. Da mesma forma, todos os que estão no discipulado estão sujeito a passar por provações e privações. Estar no discipulado não é garantia de uma vida livre de dificuldades e problemas – vêm sobre todos.
Mas aqui acabam as semelhanças. O Mestre diz que uma foi edificada sobre a rocha e outra sobre areia; por isso uma ficou firme e outra caiu! De modo semelhante é o discípulo: o que ouve a Palavra e a põe em prática está edificando sua morada-vida sobre a Rocha eterna – seja qual for a circunstância, nunca será abalada. Por outro lado o que é apenas ouvinte, tem sua morada-vida alicerçada em areia frágil, qualquer embate a coloca no chão.
Ao final destas reflexões a comparação de Jesus é um desafio a cada um dos seus discípulos. Todos já ouvimos a Palavra; sabemos o que é preciso ser feito. Se meu cristianismo não for além deste ouvir, minha vida está condenada ao fracasso e à ruína; mas se praticar sua Palavra, seguirei firme na Rocha.
Para a glória do Mestre Jesus Cristo, façamos de nossa vida concreta uma realização prática das lições do discipulado. Amém!

Batistas perdem pastor Fanini


Faleceu neste sábado às 6h46 (horário de Brasília), 4h46 (horário de Dallas), o pastor Nilson do Amaral Fanini, que foi diversas vezes presidente da Convenção Batista Brasileira (CBB) e que também esteve à frente da Aliança Batista Mundial (BWA, sigla em inglês).
Segundo informações do pastor David Schier, o pastor Fanini estava em viagem pelos Estados Unidos com sua esposa Helga para conhecer a sua mais nova netinha.
No entanto, durante a viagem de avião ele teve uma pneumonia e posteriormente um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que atingiu três partes de seu cérebro.
O pastor Fanini foi então internado no Hospital Metodista da cidade de Dallas (estado americano do Texas), porém os médicos chegaram à conclusão de que a situação era irreversível, o que os levou a desligarem os aparelhos, informou o pastor David Schier.
A família, através do filho Roberto Fanini, informou que o corpo será cremado, na próxima segunda-feira, dia 21, nos Estados Unidos e não será trazido para o Brasil. Roberto também informou que no dia 27/09, em Dallas, será realizado o culto em memória e gratidão pela vida do pastor Fanini.
Os batistas brasileiros também poderão prestar sua homenagem no dia 04/10, quando será realizado na Igreja Batista Memorial de Niterói um momento de gratidão a Deus pela vida deste grande evangelista.
A câmara municipal de Niterói realizará, também no dia 04/10, uma solenidade póstuma.

 
 Pequeno histórico

O pastor Fanini nasceu no dia 18 de março de 1932 na cidade de Curitiba (PR). Ainda jovem, aos 12 anos de idade, aceitou a Cristo como seu Senhor e Salvador após um apelo do pastor David Gomes durante uma série de conferências na capital do Paraná. Foi batizado no mesmo ano de 1944.
Na juventude, enquanto servia nas forças armadas, sentiu que Deus desejava dele um compromisso ministerial. O jovem Fanini decidiu então fazer o Seminário Menor no Instituto Teológico A.B. Deter, em Curitiba. Posteriormente, seguiu para o Seminário Teológico do Sul do Brasil (STBSB), onde completou o curso de bacharel em Teologia no ano de 1955, quando tinha 23 anos.
Ele foi consagrado ao ministério da Palavra em 24 de novembro de 1955 na Igreja Batista da Tijuca (RJ), que era então pastoreada pelo pastor Oswaldo Ronis. Um ano depois ele se casou com Helga Kepler Fanini, com quem teve três filhos, Otto Nilson, Roberto e Margareth. No mesmo ano seguiu para os EUA, onde fez mestrado em Teologia no Southwestern Baptist Theological Seminary, em Fort Worth (Texas).
Ao retornar dos EUA aceitou convite da Primeira Igreja Batista de Vitória (ES), onde atuou entre 1958 e 1964. Assumiu então a Primeira Igreja Batista de Niterói, na qual alcançou um ministério de 41 anos. Por fim, atuou na Igreja Batista Memorial de Niterói.
O pastor Fanini também fundou e apresentou o programa de TV “Reencontro”.
(Fonte: www.batistas.com)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

HÁ PERDÃO NA CRUZ

Na excelente linha de argumentação teológica e doutrinária do autor aos Hebreus ele afirma com clareza que sem derramamento de sangue não há perdão (Hb 9:22).  Por este raciocínio, entendemos que para a eliminação do pecado e suas consequências há a exigência espiritual de que o sangue seja vertido.
Para entender tais implicações, é necessário contudo, em primeiro lugar expor um conceito de pecado.  Em linhas gerais, pecado é mais que uma atitude socialmente reprovável ou mais que um desvio de conduta.  Pecado é uma ofensa a Deus como um ser pessoal que nos ama e exige reparação.
Esta compreensão leva-nos então a uma outra que associa os termos: pecado – reparação – sangue – cruz – perdão.  Assim, tudo aponta para a cruz de Cristo pois é de lá que emana todo o amor e todo o poder que produz o perdão divino ao ser humano decaído.
Mas como podemos entender o perdão de Deus em nós?  Uma visão mais ampla da verdade bíblica nos indica algumas respostas.
Em primeiro lugar, o perdão de Deus em nós é de graça.  Embora tenha custado o caríssimo preço de seu Filho Unigênito (lembre-se de Jo 3:16), para nós que o recebemos não nos custou nada!  Em Paulo é muito forte a convicção de que foi pela graça de Jesus Cristo transbordando para nós que alcançamos a dádiva do perdão (leia Rm 5:15 e compare com At 15:11).  Se vivenciamos hoje o perdão dos nossos pecados é que fomos atingidos pela maravilhosa graça.
O perdão de Deus em nós também é uma experiência completa.  Por definição, o pecado produz na fragmentação humana.  Ao nos outorgar seu perdão, o Senhor nos atinge por completo (este pode ser o sentido de 1Jo 1:9).  Mas nenhum texto é tão incisivo quanto a profecia de Miquéias: Deus declara que dos pecados perdoados já não restará lembrança alguma pois todos foram atirados nas profundezas do mar (veja como é lindo todo o texto de Mq 7:14-20!).
E mais ainda, o perdão de Deus em nós é extensivo.  Ao gozarmos de tal perdão somos levados mais além ao ato de também perdoar.  Assim foi indicado na Oração modelo, assim também na parábola do servo impiedoso (os textos são Mt 6:14-15 e Mt 18:21-35) e Paulo fala no constrangimento do amor de Cristo em 2Co 5:14.  O perdão divino gera em nós um espírito perdoador o qual nos liga novamente ao Senhor amoroso, nos refaz por dentro e cria novos laços com nossos irmãos (respectivamente: Ef 2:18; 2Co 5:17 e Ef 4:32).
É por isso que louvamos o Senhor por tal perdão.  É por isso que vivenciamos todo os dias o ser nova criatura. 
Que o próprio Cristo nos faça viver à sombra da cruz para podermos sempre experimentar mais toda a extensão e profundidade do perdão que de lá nos vem.  Para sua glória.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XXIX


Já quase chegando ao fim da apresentação de seu projeto de Discipulado Radical expresso no Sermão do Monte, Jesus interioriza até a raiz a compreensão da vida de seus discípulos. Esta foi uma das ênfases do Mestre: o reino de Deus está entre vocês (Lc 17:21), por isso é preciso que se busque e demonstre o comprometimento com Ele a partir do interior e não somente nas ações externas.
É assim que o Mestre adverte: Cuidado com os falsos profetas (Mt 7:15). Eles até falam como se fosse em nome de Deus – mas não passa de encenação – pois são lobos em pele de ovelha. Discurso cristão sem internalização dos valores do reino é traição e não discipulado!
Na mesma linha de admoestação, Jesus lembra que toda árvore só pode produzir aquilo que ela é interiormente. Não se pode disfarçar os frutos de uma árvore, pois eles demonstram o que ela verdadeiramente é. E nisto está a revelação do comprometimento maior do discipulado: frutos para o reino.
Tendo apresentado assim sua compreensão, o Mestre passa a um alerta: nem todo aquele que diz: “Senhor, Senhor”... (Mt 7:21). Da boca para fora, pode-se dizer qualquer coisa, até confessar o Senhorio de Cristo, ou realizar maravilhas e expulsar demônios. Mas Jesus é enfático: se isto não for consequência de uma vida interiormente comprometida com Cristo, seu Reino e seus valores, o final é sombrio. Então: Afastem-se...
Percebendo a radicalização interior do Mestre, devo viver minha fé e meu compromisso com o Reino de Deus não apenas em palavras, para que eu venha a ser o bendito do Pai (cito a fala do Senhor em Mt 25:34). Para a glória do Mestre Jesus Cristo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ONDE O SOBERANO COLOCA OS MEUS PÉS


Estamos acostumados a citar o pequeno livro de Habacuque lembrando da declaração de alegria, apesar da figueira que não floresceu, pois deve estar baseada no Deus de nossa salvação (Hc 3:17-18). Realmente isto é maravilhoso e não pode ser esquecido como projeto de vida para todo servo de Deus. Mas se lermos o verso seguinte veremos que o poema se encerra com uma declaração de fé ainda mais contundente.
O verso 19, como deve ser a boa poesia hebraica, apresenta uma afirmação inicial que serve de suporte e depois uma outra que lhe vem como contraponto. E é a partir desta estruturação que vamos refletir hoje.
O ponto de partir é a declaração da convicção de quem é Deus. O Senhor, o Soberano, é a minha força. Tudo o que vai ser dito e refletido aqui só fará sentido se tivermos a consciência bem definida de que o nosso Senhor é o Soberano. Algumas vezes a busca de intimidade com Deus – processo natural e desejável na vida cristã – nos faz esquecer da realeza santa e da soberania absoluta dele. O fato de Ele ter se aberto para estar conosco não implica que Ele deixou de ser o Todo-Poderoso.
Duas citações ilustram esta tomada de consciência. Jacó ao perceber que a escada dos céus tocava o lugar onde estava exclamou: Temível é este lugar! (leia Gn 28:17). Já no NT, o mesmo Jesus que nos chama de amigos é quem com determinação expulsa aqueles que deturpavam a casa de oração (compare Jo 15:15 com Jo 2:15).
Ainda na primeira frase, o profeta reconhece que Ele – e somente Ele – é a nossa força. Esta é a declaração da confiança absoluta no poder e no cuidado de um Deus que sendo altíssimo ainda assim atenta para os humildes (veja como é belo o Sl 138:6). Não é o nosso braço quem nos garante a vitória e sim a força do Senhor que em nós opera.
Davi no majestoso Salmo 20 canta que o Senhor dá vitória ao seu ungido e por isso – ao contrário dos que confiam em armas e estratégias de guerra – a nossa confiança está no nome do Senhor (anote do verso seis em diante, em especial o de número 7).
Tendo afirmado esta confiança, então as frases seguintes ganham nova coloração: O Soberano faz meus pés como os do cervo e me faz andar em lugares altos. É nesta maravilha que nos alicerçamos.
Sabe o que isso significa? É lá nas alturas que experimentamos do Senhor (lembre-se da ordem a Moisés em Êx 24:12 – “suba o monte, venha até mim, e fique aqui”). Ainda é lá que sentimos os pés deixarem o pântano para se firmarem sobre a rocha (aqui lembro tanto do Sl 40:2 quanto de 1Pe 2:7). E, por fim, nos lugares altos o Soberano nos dá uma visão privilegiada de sua glória e de seu poder (veja a convocação do Sl 66:5). Ali Deus posta os nossos passos.
Que o Senhor, o Soberano, que é a nossa fortaleza nos leve aos seus lugares altos para sua glória.
(Na imagem lá em cima, uma visão das terras das Minas Gerais: foto tirada quando voltávamos de Paracatu com a bênção para contar)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

JMN terá centro de reabilitação para mulheres dependentes químicas


A Junta de Missões Nacionais recebeu, em julho, a doação de uma propriedade que passará a funcionar como centro de reabilitação para mulheres dependentes químicas. O imóvel, localizado em Campos dos Goytacazes, pertencia ao pr. Ebenézer Soares Ferreira, membro da 1ª IB de Niterói.
A cerimônia de oficialização da doação contou com a participação da Igreja Batista da Coroa e do pr. Mário Martins, presidente da Associação Batista Planície, que ficou responsável pela entrega das chaves ao pr. Fernando Brandão, diretor executivo da JMN.
O novo centro de reabilitação feminino terá a coordenação do pastor Fernando Arêde, missionário que já administra o centro de recuperação Reviver, em Muriaé (MG). O local, que tem inauguração prevista para o dia 30 de novembro desse ano, será mais uma ferramenta no combate ao uso de entorpecentes, um dos grandes males que tem destruído a sociedade. Com funcionamento diário e um programa de cuidados intensivos com regime de internação, a casa atenderá mulheres acima de 16 anos, assistindo-as nos âmbitos espiritual, psicológico, terapêutico e social.
Este é mais um projeto que contará com o apoio de parceiros, igrejas, convenções e associações. Se você deseja apoiar este centro de tratamento, entre em contato através do telefone (21) 2107-1818 ou pelo email falecom@missoesnacionais.org.br

terça-feira, 8 de setembro de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XXVIII


Jesus sempre enriqueceu seus ensinamentos com o uso de figuras e ilustrações (já disse no estudo III que tais ilustrações mereceriam um estudo à parte). No texto de Mt 7:13-14 o Mestre usa as figuras da porta e do caminho para ilustrar as escolhas da vida e suas consequências. Nestas ilustrações Jesus apresenta então tanto o desenrolar do cotidiano quanto o destino final que aguarda o discípulo – tanto num lado como no outro. E inicialmente já é preciso ser dito que no modelo apresentado pelo Senhor não há nem uma terceira opção nem como claudicar entre as escolhas.
Primeiro há a escolha da porta larga e do caminho espaçoso. Como a própria ilustração já demonstra esta é uma opção fácil de se seguir, não se encontram maiores problemas ao longo da caminhada da vida: se pode até ser feliz e ter relativo sucesso enquanto se está ao longo do caminho! O Salmo 73 até faz uma descrição da prosperidade de quem segue esta opção, mas é levado a concluir que o fim deles será cair na destruição (Sl 73:18). Embora o caminho possa parecer agradável, contudo a porta leva a um destino aterrador.
A outra escolha possível está em uma porta estreita e um caminho apertado. Caminhando por aqui terei aflições (Jo 16:33), serei perseguido (Jo 15:20) e exigirá de mim renúncia (Mt 16:24): a cruz será por vezes pesada! Mas sabe de uma coisa? Vale a pena! Pois este caminho haverá de levar a uma porta que se abre para a vida eterna de glória, gozo e regozijo na presença de Deus-Pai.
Ao discipulado do Mestre somos todos chamados como a uma escolha: "O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência" (Dt 30:19). Duas portas agora igualmente estão abertas. Por qual farei a escolha radical?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

GRANDES COISAS


O Sl 126 é um daqueles salmos de louvor e exaltação a Deus em reconhecimento pelo que Ele tem feito em favor de seu povo. O salmo deve ter sido escrito quando da volta dos exilados da Babilônia. Hoje sou levado a refletir sobre as palavras do salmo considerando o que o Senhor tem feito entre nós, mas isso sem considerar o contexto original do poema – até porque já falei várias vezes sobre ele e pretendo voltar a ele ainda várias outras pois sei que muitos sonhos de Deus ainda vamos ver serem concretizados aqui no Sol Nascente.
O tema central ao redor do qual o poema é construído é a constatação de que o Senhor faz grandes coisas. Para cantar de alegria diante da vida é preciso crer que o Senhor é quem faz proezas no meio do seu povo (Ele age com poder como diz o salmista no Sl 118:15-16).

Sobre isso é bom voltar ao desafio de Jesus a Marta diante de Lázaro morto: Não já lhe falei que se você for capaz de crer você vai perceber a manifestação de Deus em sua vida! (Jo 11:40 numa tradução livre).
Textos como estes nos levam a compreender que a ação de Deus é sempre real e presente em favor daqueles que o amam (Rm 8:28 merece citação). Mas somente quem tem os olhos da fé abertos podem realmente vê e compreender como acontece a intervenção divina da história.
Voltemos ao salmo. Primeiro o salmista observa que até as outras nações têm confirmado que o Senhor tem feito grandes coisas por este povo (veja o verso dois). É sempre assim: quando Deus age, tudo ao nosso redor é santamente contagiado pela maravilha divina. Assim foi com José no Egito (leia a história nos capítulos finais do Gn) e assim foi com Paulo durante o naufrágio em sua ida preso a Roma (o relato está em At 27).
O verso três confirma: Sim, coisas grandiosas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres. A constatação e o testemunho do que Deus faz em nossa própria história tem que nos levar a alegria e a exaltação a Deus. Não há como perceber quem é Deus e o que ele faz por nós e não render a Ele um preito de louvor e adoração.
Isso acontece nos céus e na eternidade: os que venceram a besta cantam que grandes são as obras do Senhor Todo-Poderoso (a expressão de louvor está em Ap 15:3-4).
Então o salmo termina lembrando que quem chora durante o árduo trabalho da semeadura terá como se rejubilar durante o tempo da colheita. É desse jeito que Deus fez e continua fazendo em nossa igreja. Se hoje é tempo de celebrar os frutos que o Senhor tem feito produzir entre nós; que também seja o tempo de lançar novas sementes para a glória de Deus. Aleluia!
(Na foto: o Coral Masculino da PIBA cntando por ocasião da festa de nosso aniversário para glória de Deus!)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Mais um ano


Este fim de semana celebramos mais um ano da abertura do trabalho batista no Conjunto Sol Nascente, aqui em Aracaju. Foi uma festa muito abençoada e aproveitamos para lançar a Campanha oficial para a aquisição do nosso patrimônio. Vamos tocar em cada um destes pontos:

Desde as primeiras reuniões já se vão 16 anos - dentre os quais, tenho compartilhado dez anos de caminhada como pastor. Sei que durante todos estes anos muitas foram as lutas, contudo também maiores foram as vitórias. Hoje ainda estamos jurídica e eclesiasticamente vinculados a Primeira Igreja Batista de Aracaju - a PIBA como carinhosamente chamamos - mas estamos trabalhando para sermos uma igreja independente em breve.

Olhando estes anos temos visto confirmar as palavras de Cristo quando disse ao anjo da igreja de Filadélfia (a igreja dos irmãos fieis) que as portas que Ele abre ninguém fecha (pode ler Ap 3:7), também diante da confissão de Pedro quando declarou que as portas do inferno nunca prevaleceriam contra a igreja (veja em Mt 16:8). Para a glória de Deus somos a prova de que tudo isso é verdadeiro. É Deus mesmo quem tem mantido este trabalho com a sua misericórdia e poder e a cada dia tem confirmado entre nós os seus propósitos.

Quanto a festa em si, foram dois dias de adoração e anúncio do Evangelho com a casa cheia. Fomos conduzidos nas músicas pelo nosso próprio ministério (veja a foto de parte deles cantando logo acima), além da presença do coral masculino da PIBA. Na entrega da palavra, refletimos sobre o lema de nossa igreja no Sl 112:4a (já postei a reflexão no sábado 28/08, volte lá para reler). Em tudo fomos abençoados, principalmente por que houve conversões para a glória de Deus.

Sobre a Campanha para aquisição de nosso imóvel - como a bênção é grande demais já que a batalha é enorme - vou deixar para uma nova postagem os detalhes - aguardem. Por enquanto deixe-me apenas dizer que o Senhor nos tem dado o terreno onde vamos construir um templo para o louvor da glória de Deus - disto não temos dúvida!

Poderia terminar estas observações citando Paulo que diz que somos mais que vencedores (em Rm 8:37), mas o que realmente merece destaque é um verso três capítulos depois:

Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas.
A ele seja a glória para sempre! Amém.

(Rm 11:36)