segunda-feira, 30 de março de 2009

DISCIPULADO RADICAL - V


Tendo apresentado os seus discípulos que são bem-aventurados sendo sal e luz, Jesus estabelece critérios para a Lei. “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim para abolir, mas para cumprir” (Mt 5:17). A Lei foi dada por Deus para o benefício dos seres humanos. Jesus bem sabe disto e cuida em afirmar que com Ele a Lei não está ultrapassada, mas deve, sim, ser levada a sua essência radical.
Vejamos o que Jesus diz sobre a Lei. Em primeiro lugar que nada do que foi escrito haverá de passar. Até as pequenas instruções ainda têm o seu devido valor. Podem passar os céus e a terra, mas as Palavras do Senhor são infalíveis. Tudo o que foi prometido ainda pode ser esperado e tudo o que foi ordenado ainda deve ser cumprido.
Sendo assim, Jesus afirma que qualquer que violar um dos mandamentos será considerado menor no Reino de Deus e o que os cumprir será maior. A entrada no Reino de Deus se dá exclusivamente pela graça de Cristo, mas dentro dele, sou avaliado na medida em que me torno capaz de cumprir e fazer reais os ditames da Lei divina em minha vida.
Aqui o Mestre expressa toda a radicalidade do seu discipulado. Seguir o Reino não é viver num playground de uma “graça barata”; é estar voluntariamente disposto a negar-se a si mesmo em prol da cruz (o tema é retomado em Mt 16:24).
E Jesus conclui: “... se a justiça de vocês não for muito superior...” (Mt 5:20). O discípulo radical que cumpre a Lei de Deus tem que demonstrar na vida prática que sua conduta e justiça são muito superiores que a daqueles que estão ao seu redor. A vida do discípulo de Cristo é um exercício diário da prática do bem e da justiça divina na vida, superando em tudo a do mundo em que se vive.
Devo agradecer a Deus por Ele ter me dado a Lei para meu proveito – uma Lei que não passará! Contudo vou também suplicar que Deus me faça radical em cumprir a Lei integralmente em minha vida, fazendo-me melhor e mais justo que o mundo.

sexta-feira, 27 de março de 2009

A GRAÇA


Paulo – o apóstolo – na sua carta aos cristãos de Roma – a primeira carta das que aparece na seqüência do Novo Testamento – em 11:5-6 diz o seguinte: “A mesma coisa também acontece agora: Por causa da graça de Deus ainda existe um pequeno número daqueles que ele escolheu. A sua escolha é baseada na sua graça e não no que eles têm feito. Porque, se a escolha de Deus fosse baseada no que as pessoas fazem, então a sua graça não seria verdadeira”.
Sem dúvida alguma este é um tema riquíssimo e sobre ele poderíamos escrever páginas, mas gostaríamos de pensar rapidamente somente sobre três aspectos e no fim lançar em desafio.
Em primeiro lugar graça é o amor de Deus que salva as pessoas e as conserva unidas com ele. E este é um dos pontos fundamentais. O que nos leva até Deus e traz Ele para perto de nós é unicamente a sua graça. Infelizmente há muita gente que gasta boa parte da sua vida e dos seus esforços tentando chegar até Deus, mas estes não irão muito longe, pois por mais que se esforcem ninguém nunca vai merecer chegar até Deus. Ele está ao alcance de todos, sem distinção ou diferença, basta que se entreguem à graça.
Um segundo aspecto seria graça como a soma das bênçãos que uma pessoa, sem merecer, recebe de Deus por meio de Jesus Cristo. Novamente a ênfase volta a ser o fato de não se merecer mas Deus, por meio de Cristo somente, é que se dispõe a abençoar. Deus está continuamente pronto a derramar suas bênçãos a todos os seres humanos, mas enquanto estes estiverem tentando alcançar as bênçãos com esforço próprio não as alcançarão. A graça é de graça e somente através dela.
E em terceiro lugar a graça é a influência sustentadora de Deus que permite que a pessoa salva continue fiel e firme na vida cristã. A caminhada cristã não é fácil e quem pensa que assim é ainda não a conhece profundamente, mas o mesmo Deus que alcança homens e mulheres e os coloca nesta jornada é o mesmo que – com sua graça – caminha ao lado e lhes dá condições de prosseguir vitoriosos sempre.
Graça: amor que salva. Graça: soma de bênçãos. Graça: influência sustentadora. Mas graça que exige de mim e de você um espaço para ela agir. Graça que não atropela a vontade de ninguém. E este é o desafio que quero lhe fazer agora: Dê espaço para a graça de Deus na sua vida e comece uma vida nova, vida de verdade. E que o Deus da graça lhe abençoe.

segunda-feira, 23 de março de 2009

DISCIPULADO RADICAL - IV


“Vocês são o sal da terra...” Foi visto que os discípulos de Jesus são em sua essência o sal que conserva e dá sabor a esta terra. Agora desponta a oportunidade de observar outra característica essencial do discípulo de Cristo: “Vocês são a luz...” (Mt 5:14). Jesus, que se apresenta como a Luz (confirme em Jo 8:12 e 9:5), afirma que seus seguidores são como Ele: a luz do mundo!
Quanto à luz, pelo menos três verdades posso extrair deste conceito. Primeiro: a luz não pode ser escondida. “Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte” (Mt 5:14). O discípulo, sendo luz, é sempre visto em tudo o que faz, não pode esconder sua essência brilhante. É impossível viver neste mundo sem ser notado.
Segundo: a luz não brilha para si mesma. “E também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha, coloca-a num lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa” (Mt 5:15). O discípulo de Cristo não brilha para ser visto, mas para que a luz possa alcançar todos os cantos deste mundo e a verdade do Reino de Deus possa ser contemplada.
E terceiro: a luz finalmente glorifica ao Pai. “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras, e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt 5:16). A luz dos discípulos de Cristo deve brilhar de modo que este mundo possa observar as boas ações do Reino e, vendo, possam glorificar ao Pai. Jesus diz que o seu discípulo, por que é luz, tem que fazer o Reino de Deus ser visto, a fazendo assim, possa gerar mais adoradores do Senhor.
Tendo certeza de ser convocado a um discipulado radical, que eu faça a minha luz brilhar diante deste mundo e glorifique a Deus.

sexta-feira, 20 de março de 2009

CANTA, Ó FILHA DE SIÃO


Quando pensamos em celebração, vem a nossa mente sempre uma ocasião especial. Celebramos as grandes conquistas, as datas festivas, os eventos marcantes. O dia a dia permanece na sua normalidade sem maiores motivações. Esta disposição transferimos para nossos cultos e diferenciamos os grandes eventos festivos da adoração simples e cotidiana.
Não é este o modelo bíblico. Na Bíblia, o tema do Dia do Senhor – e sua respectiva celebração – aparece sempre associado ao agir divino seguro, mas não eventual. Nesta perspectiva, o pequeno livro do profeta Sofonias nos oferece uma leitura apropriada: “Canta alegremente, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te, e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalém” (Sf 3:14). No seu poema profético, Sofonias conclama a filha de Sião (hoje relemos como a igreja) a cantar e celebrar ao Senhor naquele dia – o Dia do Senhor.
Colocando em destaque o verso 17, ele nos aponta motivos para esta celebração dominical.
Em primeiro lugar porque “o Senhor teu Deus está no meio de ti”. O principal motivo para que cada encontro dominical seja uma celebração e uma festa é porque Deus está presente no meio da congregação. Como estar na presença e não transformar este momento em expressão de alegria? O salmista celebra ao Senhor pois conhece a alegria plena da presença divina (tanto Sl 26:7 como Sl 16:11).
Também é motivo de haver celebração contínua o fato de que o Senhor “renovar-te-á no seu amor”. Assim como as misericórdias do Senhor que são feitas novas a cada manhã, somos também renovados e isso é motivo de celebração. Se Deus age assim conosco, que mais podemos fazer senão nos regozijar? O canto do salvos na eternidade é motivado pelo amor misericordioso de Deus (a promessa está em Lm 3:22-23 e a concretização profética em Ap 21:5).
O verso termina dizendo que o próprio Senhor “regozijar-se-á em ti com júbilo”. A experiência dos santos em celebrar com alegria o encontro com o Senhor renovado em seu amor enche o coração de Deus também de alegria. Que mais podemos esperar? Deus tem feito grandes coisas no nosso meio e cada vez que nos reunimos em sua casa para adoração é sempre uma festa espiritual e uma celebração de alegria (veja no também pequeno livro de Jl 2:21 e no Sl 122:1).
Que todo novo culto na casa do Senhor, mesmo quando nos reunimos rotineiramente no seu dia, possa ser revestido de motivos tantos de alegria e júbilo que se transforme em contínua celebração na presença do Senhor. Que seja para nós uma lei cumprida com prazer sempre: “canta, ó filha de Sião”. Para a glória de Deus.

Cultuamos em Celebrações Festivas


Creio na alegria da salvação que o Senhor nos dá e por isso nossa adoração tem que se manifestar em abundante alegria. As vezes sinto em nossas igrejas tradicionais um carregamento tão pesado que parece nem estarmos diante do Deus da glória.
Sei que o posicionamento doutrinário sobre as questões relevantes de nossa vida é por demais importante e que por isso muitos já deram suas vidas (mas também já mataram!), mas, como Cristo afirmou, o que vai nos identificar como seus discípulos no meio desta geração corrompida será a nossa capacidade de nos amar uns aos outros.
Além do mais - voltando ao tema - eu estou convencido de que culto é encontro com Deus, o que deve necessariamente implicar em abundância de alegria (leio isso em Sl 16:11). Este é o assunto que tem me ocupado há muito tempo, e cada vez mais creio que o Senhor tem me chamado para ser um arauto (lembro do meu tempo de ER), um divulgador da adoração como expressão de nossa alegria pela presença inaudita do noivo no meio da igreja.
Não que tenha o direito de julgar o servo alheio, mas em Cristo penso eu que ou transformamos nossos cultos em verdadeiras celebrações festivas da multiforme graça de Cristo ou nosso cristianismo se esvasiará em apenas um conjunto de crenças sistematizadas.
Estou apenas compartilhando e fomentando o assunto para á glória de Deus.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Novo Portal Batista



Foi lançado esta semana o novo Portal da Convenção Batista Brasileira (http://batistas.com/), muito melhor, mais atualizado, com um visual mais interessante.

Nele há espaço para artigos sobre espiritualidade, liderança e igreja. Também estudos bíblicos e meditações diárias. Além de notícias e disponibilidade de documentos.

Oramos para que o Senhor possa fazer deste sítio um espaço para comunhão, edificação e relacionamento cristão entre nossas igrejas.

Como filiado a nossa CBB, estamos todos de parabéns!

segunda-feira, 16 de março de 2009

DISCIPULADO RADICAL - III


Tendo apresentado aqueles que são chamados às Bem-Aventuranças do discipulado, Jesus usa de duas figuras para expressar a radicalidade do discipulado que Ele requer: vocês são o sal... e vocês são a luz... (Mt 5:13 e 14). São estas figuras que irão caracterizar seus discípulos e a partir destes a igreja.
O uso de figuras por Jesus é algo que sempre chama a atenção: são ricas de detalhes, belezas e principalmente significados (elas mereceriam um estudo à parte!).
Vamos ao texto. É bom notar desde já que Jesus não disse que o sal e a luz estariam com os discípulos, ou que eles deveria escolher viver desta ou daquela maneira. Não há dúvida: vocês são. Jesus está afirmando que ser discípulo é ser sal e ser luz; não sendo isto, não se é discípulo de Cristo. Mas, vamos entender um pouco a ilustração.
O discípulo é sal – é a sua essência. O sal é usado para preservar e conservar e também para dar sabor aos alimentos. Um discípulo que é sal da terra, para que cumpra a sua essência precisa preservar e conservar este mundo que jaz no maligno (esta expressão é de 1Jo 5:19). O mundo está se deteriorando por causa da podridão do pecado, mas precisa ser preservado porque ele é o palco onde atua o amor e a justiça divina.
O sal também é tempero – dá sabor! Os alimentos precisam de sal para serem saborosos. Assim deve ser a vivência do cristão-discípulo no mundo. É preciso temperar, dar sabor, mesmo que seja no vale da sombra da morte (o conhecido Sl 23:4) ou num vale de ossos secos (aqui cito Ez 37), faz parte da minha natureza de ser, como discípulo, tornar a vida na terra mais agradável (particularmente penso que esta é a dimensão mais forte no ensino do Mestre!).
Mas, e se o sal perder o seu sabor? Se o cristão não for radical em seu discipulado e negar a sua essência salgada? Então para nada vai prestar. Para Jesus, ou se é um discípulo que como sal conserva e dá sabor, ou se é descartado e pisado. Não há vida de discípulo insosso.
Se a essência de discipulado é ser sal da terra, então que eu passe a vivê-la radicalmente.

sexta-feira, 13 de março de 2009

TENDO PARTIDO O PÃO


Hoje quando celebramos a Ceia do Senhor em nossa igreja, trazemos à memória os eventos que culminaram com a morte a ressurreição de Jesus Cristo. Em nossa celebração procuramos repetir os gestos do Senhor com seus discípulos.
Os três evangelhos sinóticos narram que na última ceia entre eles, Jesus tomou o pão com as mãos e o repartiu com os apóstolos (Mt 26:26 / Mc 14:22 / Lc 22:19) e é este simbolismo do pão presente na mesa do Senhor que trazemos a nossa reflexão. Mas é no evangelho de João que encontramos algumas lições importantes.
“Eu sou o pão da vida” isto é o que João registra literalmente (Jo 6:48). Ao incluir o pão na celebração, Jesus esta fazendo uma referência a si mesmo. Naquele alimento simples que compunha a ceia, o Mestre queria nos dizer que com a mesma simplicidade poderíamos dispor de sua presença prometida e segura entre aqueles que celebravam juntos. E assim fazemos ainda hoje: no pão comemoramos a certeza de que aquele que foi enviado pelo Pai continua vivo e atuante no meio da comunidade de fé (Mt 28:20).
Na celebração com os discípulos, Jesus partiu o pão. Em João ainda lemos que Jesus identificou o pão com a sua carne dada ao mundo (Jo 6:51). O pão repartido e distribuído na Ceia é o memorial de que o corpo de Cristo foi moído por nós (Is 53:5) e dado em favor de muitos (Mt 20:28).
E finalmente, sabemos que uma promessa nos foi feita: “têm vida eterna” (Jo 6:54). Quando comemos o pão repartido na celebração da Ceia do Senhor estamos desde já celebrando a certeza de que quem come dele nunca mais terá fome (Jo 6:35). Desde agora o corpo de Cristo doado na cruz nos garante a saciedade da alma, a cura do corpo e, principalmente, a convicção de que nada, nem ninguém, poderá tirar nossa salvação eterna (Jo 10:28 e Rm 8:38-39).
Celebramos isto no pão. Repetimos o gesto na Ceia. Louvamos ao Senhor pelo pão vivo que desceu dos céus. Assim somos discípulos; assim nos fazemos igreja; assim cremos, comemoramos e compartilhamos a presença real do Amado em nosso meio. A Ele a glória.

terça-feira, 10 de março de 2009

A Bíblia, o Culto e o Datashow


Participo de um grupo de discussão na internet sobre os Batistas Tradiocinais. Um dos temas sobre o qual temos analisado atualmente é sobre o uso de tecnologias em nossos cultos, em especial o datashow e a transcrição de textos bíblicos.

Como sei que o assunto ainda está em andamento (além de que o termo show associado ao culto até para mim soa estranho!), acrescentei lá algumas considerações que compartilho aqui.

A questão de tecnologia em nossa vida eclesiástica me parece muito simples.
É preciso deixar bem claro logo duas coisas. Primeiro que quem louva e adora é o servo ao seu Senhor. Equipamentos são instrumentos, e apenas isso! O microfone pode ser útil, mas quem fala é o ministro de Deus. Piano ou violão podem acompanhar, mas quem canta é o crente. Da mesma forma que o computador pode armazenar e transmitir dados, mas quem escreve é o homem/mulher. Creio então que quanto ao uso do datashow o pensamento deve ser o mesmo: é apenas mais um equipamento ou instrumento e pode ser usado, mas tudo vai depender de quem estiver no controle do mesmo - já pensaram nas implicações espirituais desta última frase!
Segundo: a Bíblia é a Palavra de Deus (um princípio básico), isto é, o conteúdo divinamente inspirado, mas nada tem a ver com a forma em que ela é disponibilizada. Os antigos usaram papiros e pergaminhos escritos a mão. Graças a Deus a tecnologia evoluiu e chegou-se ao texto impresso - o que permitiu uma certa dose de confiabilidade às versões e principalmente permitiu maior distribuição do conteúdo bíblico. Se os novos recursos de informática e telecomunicações/mídia também estiverem disponíveis para a divulgação cada vez maior da Palavra eterna, por que não?
E tem mais: a nossa nova geração está cada vez mais influenciada por tais tecnologias (sei que não estou dizendo nenhuma novidade!) e se a igreja se omitir desta seara, talvez torne incompleta sua missão. Eu penso que o apóstolo Paulo concordaria comigo - é só vê o que ele diz em 1Co 9:22.

segunda-feira, 9 de março de 2009

DISCIPULADO RADICAL - II


“Vendo as multidões...” Assim Mateus começa a narrar as lições do Sermão da Montanha (confira Mt 5:1). Tudo começa com um olhar de Jesus. A palavra grega que Mateus usa nesta passagem significa mais que passar a vista em algo ou alguém. Mateus diz que Jesus olhou as multidões e isto lhe tocou profundamente, lhe incomodou e lhe impulsionou a fazer algo. É este fazer que gera o Sermão da Montanha que agora estudamos.
O Sermão abre-se com as declarações das Bem-Aventuranças. Cada sentença em si é poética, bela e rica. Mas deixe-me destacar aqui de modo geral duas observações. Estas Bem-Aventuranças não estão colocadas aqui por acaso. Mateus sabe que Jesus começa seu discurso identificando seu público alvo: os bem-aventurados, felizes; aqueles dos quais é o reino, os que herdarão a terra, os que verão a Deus. É para estes que Jesus irá propor todos os ensinamentos que virão a seguir nos próximos capítulos.
Importante também é notar como Jesus os qualifica. Para o Mestre estes que inicialmente são carentes e estão marginalizados por serem humildes, chorarem, terem fome e sede, serem perseguidos são realmente felizes por agora estarem sob o domínio do Reino de Deus – um Reino que é “escândalo para os judeus, e loucura para os gregos” (1Co 1:23). Os valores do Reino pregado por Jesus no Sermão da Montanha não são deste mundo, logo estão abertos àqueles com uma recusa radical, voltam-se para o vindouro.
Então Jesus conclui esta sua introdução: “Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês” (Mt 5:12). Não poderia ser diferente!
Para ser discípulos radicais é necessário abandonar este mundo com seus valores cruéis e voltar-se para o Reino do Deus. Que o Mestre me faça assim.

sexta-feira, 6 de março de 2009

TRÊS MULHERES


Neste domingo – oito de março – se comemora o Dia Internacional da Mulher. Sobre este dia e sua conquista muito poderia ser dito, mas quero voltar meus olhos aqui para Jesus e como ele se relacionou com elas. Tenho certeza que da vivência do Mestre muito podemos aprender.
Para tanto, vamos citar três mulheres: a samaritana (em Jo 4:1-26), a adúltera (em Jo 8:1-11) e a hemorrágica (em Mc 5:25-34). São três mulheres distintas e três observações.
A primeira observação é que nenhuma deles é citada pelo nome. Elas ficaram registradas na história como mulheres anônimas. Talvez por que os escritores não julgaram importante a citação, ou talvez por que apenas refletiam os preconceitos de sua comunidade. O certo é que no seu anonimato tais mulheres trouxeram para si o paradigma da mulher no meio de uma sociedade decaída pelo pecado e injusta, mas que individualmente precisam ser alcançadas.
O posicionamento de Jesus vai na direção oposta. A cada uma delas o Mestre dá uma atenção diferenciada e particular. Jesus fala, toca e acolhe tais mulheres dando-lhes o valor que deveriam receber. Mais do que apenas uma no meio da multidão, Cristo cuida de todas e de cada uma em especial. Assim ele nos criou, é assim que ele quer que sejamos tratados.
Também observamos que estas mulheres chegaram a Jesus por circunstâncias diversas. Uma foi abordada diretamente por Jesus; outra foi trazida por seus acusadores; e a outra tomou a iniciativa movida pela necessidade. O certo, contudo, é que elas entraram em contato com Jesus e foram recebidas – tiveram um verdadeiro encontro pessoal com o Mestre.
É então fácil compreender que seja qual for o motivo ou a forma como cada uma chegou até Jesus, elas tiveram acesso imediato a Cristo. Não faz diferença o que – ou quem – efetivamente nos leva ao Senhor, Ele está sempre disposto a nos receber.
E em última análise, observamos que as três mulheres tiveram suas vidas profundamente modificadas por causa do encontro com Jesus. A samaritana viu renovada sua dignidade e a sede espiritual saciada; a adúltera teve seus pecados perdoados e uma nova oportunidade para acertar na vida; e a hemorrágica sentiu a cura de seu mal e recebeu a paz divina.
O encontro com Jesus sempre muda a história humana. Mesmo vivendo como e onde viviam, cada mulher que foi alcançada pelo Mestre pode experimentar uma novidade de vida – isto é que faz toda a diferença. Ainda hoje, quando se dá um encontro real e pessoal com Cristo, toda a estrutura de nossa vida é alterada, e para melhor.
Que em nossas histórias possamos aprender com as mulheres do passado, famosas no seu anonimato, que se encontraram com Jesus Cristo e vivenciaram um novo nascimento para a glória de Deus.

O Arcebispo e o Aborto

O caso da menina estuprada no Recife e que sofreu a necessidade do aborto sendo excomunga pelo Arcebispo de Olinda deixou a todos nós perplexos.
Um comentário pastoral para ser feito com seriedade precisaria levar em consideração toda a abrangência do evangelho de amor e perdão, acolhimento e reconstrução que Jesus nos trouxe.
Acabo de ler um artigo postado no blog do Edvar (colega-pastor muito querido meu) que analisou com bastante propriedade a questão - sugiro que dê uma passagem lá, o endereço é http://blogdoedvar.blogspot.com/2009/03/o-arcebispo-e-o-aborto.html
Lá coloquei um comentário pessoal que aqui reproduzo:

Querido Edvar,
Vejo que continua brilhante em sua visão da realidade. Continue assim, brilhante (esta palavra foi escolhida a dedo!).
Não há muito mais o que possa ser dito diante de um distanciamento tão profundo do evangelho em todos os aspectos deste caso.
Que o Senhor tenha misericórdia desta menina e que nos ensine a verdadeiramente evangelizar esta sociedade.

quinta-feira, 5 de março de 2009

O Voto e Bandana do Vereador


Numa sessão realizada ontem, a Câmara de Vereadores de Aracaju rejeitou o pedido do vereador Morito Matos de continuar usado uma bandana em sessões daquela casa.

Antes de mirar o caso com olhos pastorais, vamos entendê-lo um pouco: o vereador Matos foi eleito em 2008 e ao tomar posse alegou que deveria usar sempre uma bandana na cabeça para poder cumprir um voto religioso feito. Em vista disso, requereu a Mesa uma alteração do Regimento para que podesse comparecer ao plenário trajando a peça.

Não desejo entrar na polêmica - até porque na foto que foi para a urna eletrônica o então candidato aparece sem o tal adereço, e consta que é visto com frequência também sem ele no interior das igreja da cidade!

Quanto ao voto religioso em si - que é o que nos interessa - a Bíblia não obriga ninguém a fazê-lo, mas ao tomar a decisão, o fiel torna-se obrigado (leia Ec 5:5).

Três aspectos ainda precisam ser analisados. Primeiro que Deus não precisa de nosso voto, nem se sente obrigado ou constrangido por ele. A vontade soberana de Deus é inalterada e não será o nosso voto que vai fazê-lo mudar (observe Ml 3:6). O voto feito ao Senhor então muda a nós e nos condiciona a perceber com mais clareza a vontade de Deus e assim nos submeter a ela com gratidão e louvor.

Segundo, a Bíblia se refere a sacrifício de tolos (em Ec 5:1 no mesmo contexto da citação sobre o voto). Nem tudo o que dizemos ao Senhor é prova de consagração e sabedoria espiritual; pode ser precipitação e insensatez. Aqui entra a graça divina em perdoar nossos pecados (votos tolos!) e nos liberar de compromissos sem sentido.

E em terceiro lugar, Deus não precisa de nossas ofertas ou do pagamento de nossos votos (lembre que em Sl 24:1 lemos que do Senhor é a terra e que o profeta fala que Ele quer misericórdia e não sacrifício - Os 6:6). O voto deve ser pago não porque Deus precisa daquilo que lhe oferecemos em juramento mas por que pagá-lo para nós é uma demonstração voluntária do nosso louvor e gratidão pelo que ele faz gratuitamente (leia Sl 56:12).

Quanto ao voto do vereador, se ele vai cumprir, ou com vai fazê-lo diante na negação de seus pares, devemos ainda aguardar. Mas que nossa fé seja demonstrada nas ações de gratidão santa e misericórida fiel que oferecemos a Deus e não com compromissos tolos.

terça-feira, 3 de março de 2009

DISCIPULADO RADICAL - I


Pela graça de Deus, estou iniciando hoje uma série de reflexões. Já tratamos no tema em nossa Igreja e pretendo toda semana trazer para este espaço algumas reflexões feitas em comunidade. Tomando como tema: Discipulado Radical, estaremos estudando as lições apresentadas por Jesus no Sermão da Montanha, tentando observar com cuidado pastoral, porém sem descuidar da profundidade, aquilo que Ele deixou como instrução à sua igreja. O texto já deve ser bastante conhecido: está nos capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus.
Mas, por que este tema? Vamos por partes. Inicialmente – já a partir de Mt 4:18 – Mateus conta que Jesus convidou alguns homens para serem seus seguidores: os discípulos. Assim, discipulado é a atividade ou prática daqueles que seguem e se espelham em um mestre. Como somos os herdeiros desta vocação, então o chamado ao discipulado cabe a nós também. Sendo então necessário que aprendamos a seguir o Mestre Jesus em tudo o que Ele ensinou. O que faremos aqui é tentar ouvir as suas palavras e aplicá-las em nossa vida diária de discípulos.
Há ainda o qualificativo radical. João Batista anunciou a chegada e o ministério de Jesus com as palavras: “já está
posto o machado à raiz das árvores” (Mt 3:10). Da mesma maneira que João encarou a Jesus como um chamado à raiz – daí a palavra radical – da nossa existência, nós buscaremos nos aprofundar até a raiz das questões abordadas pelo Mestre e suas implicações em nossa vida.
Como colocamos acima, temos aqui apenas a introdução e o chamado para esta série de reflexões que esperamos possa nos ocupar pelos próximos meses e que possa nos trazer para o centro da vontade do Mestre nos fazendo verdadeiramente discípulos radicais. Com certeza nosso Senhor Jesus Cristo haverá de nos guiar e nos abençoar nesta empreitada, para sua glória.