quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A PEDRA NO MEIO DO CAMINHO

O texto de 1Sm 7:12 narra que o profeta Samuel, tendo subjugado os filisteus em Mispá, ergueu uma pedra de testemunho e a chamou de Ebenézer, dizendo: "Até aqui o Senhor nos ajudou".  Aquele era um momento singular na vida pessoal e no transcorrer da história nacional de Israel. O sacerdote Eli já havia morrido; a Arca da Aliança que fôra tomada, com o líder Samuel à frente, retornara ao seu lugar; e a vitória contra seus inimigos fechava um ciclo.  Logo depois Israel pediria um rei e a história prosseguiria.
Mas o que me interessa hoje é a pedra.  Ela é um marco.  Foi colocada ali com um propósito.  E hoje, onde estão e quais são as nossas pedras?  E mais: o que a pedra de Ebenézer tem a me ensinar sobre a atitude de Samuel?  Creio que posso buscar respostas em dois planos: no horizontal e no vertical.
Olhando Ebenézer pela linha do horizonte, num plano bem humano, aquela pedra deveria representar para os filhos de Israel um importante monumento histórico.  Com ela Samuel estava ensinando a sempre manter a vista também no passado, ou seja, a ler a história, pois ela é importante.
Nos relatos bíblicos muitas vezes os herois da fé assim fizeram (o próprio texto de Hb 11 é um excelente resenha histórica que trata de tais herois).  Poderia citar Josué sua na despedida (Js 23), ou o profeta Ezequiel ao lembrar os pecados nacionais (Ez 20).  No NT o bom exemplo vem de Estêvão em sua defesa (At 7) que a partir da narração da história de Israel, fez a aplicação devida.
Neste mesmo plano, a pedra é ainda o registro do testemunho daquilo que o Senhor fez, para que tais intervenções sejam anunciadas às próximas gerações.  Um monumento estrategicamente colocado é um recurso válido de divulgação de uma mensagem.
Depois de repetir as Leis ditadas pelo Senhor, Moisés no Deuteronômio enfatizou para que além do coração, aquelas palavras deveriam estar amarradas fisicamente nos braços e na testa e fixadas nos batentes e portais de cada casa (Dt 6:8-9).  O testemunho de Deus precisa ser visivelmente divulgado, ocupar espaços e ser constantemente lembrado (acrescente aqui a ordem do registro em Ap 21:5).
Olhando Ebenézer num ângulo em que ela aponta para o alto, verticalmente: aquela pedra era o reconhecimento de que tudo o que aconteceu a Israel era por ação do Senhor.  Todas as vitórias e conquistas, a terra em paz e a ordem estabelecida eram dádivas divinas.
Anos depois, Davi soube bem cantar esta certeza de fé quando declarou que se não tivesse sido o Senhor intervindo em sua história, há muito já teria sido engolido pelos seus inimigos (leia o Sl 124).
Deste ponto de vista, ainda resta algo que a presença da pedra naquele lugar trazia para o povo e que também deve trazer para nós.  Ela esteve não somente no meio da história e do caminho onde Israel tinha que passar, ela também apontava para cima.  Olhá-la seria como ser chamado a encarar o Senhor e os compromissos com Ele (penso que Am 4:12 vai neste sentido). 
Ebenézer para mim hoje é a pedra no meio do caminho que me desafia ter e manter um tempo reservado exclusivamente para a aliança e a busca sincera pelo Senhor.  Não há como evitá-la.  Entre lutas a serem travadas e vitórias a serem conquistadas; entre idas e vindas de cada história pessoal e familiar; por entre o caminhar da igreja e da sociedade será sempre preciso reservar um tempo e um lugar para o Senhor.
Que o Senhor me faça colocar uma pedra assim no meio do meu caminho.  Para a glória dele.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O ESPÍRITO SANTO NA ADORAÇÃO

Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
(João 4:24)
Temos trabalhado nestas últimas semanas com as personagens que estão presentes e atuantes na celebração do Culto Cristão.  Hoje vamos concluir esta etapa observando a presença e atuação do Espírito Santo na vida e adoração da Igreja. 
Logo após a ressurreição, estavam os discípulos reunidos quando Jesus apareceu no meio deles e assoprou sobre eles e disse-lhes: “Recebam o Espírito Santo” (João 20:22).  Com este gesto simbólico, o Jesus ressuscitado outorgou aos seus discípulos o Espírito e transformou para sempre a reunião dos seus seguidores.
A reunião dos discípulos era saudosa, o Mestre já havia partido, um sentimento de frustração e solidão dominava o ambiente – o Espírito soprado na reunião era a garantia da companhia solidária do divino no meio dos seus: Ele é o outro Consolador (João 14:16).  O encontro dos discípulos era sombrio e silencioso, a dor da saudade ocultava-lhe o cântico – o Espírito soprado entre eles deveria encher-lhe de palavras de salmos, hinos e cânticos espirituais (Efésios 5:18-19).
Culto cristão sem a presença do sopro do Espírito é pasmaceira triste e sem sentido.  Não há vida nem sentido em reunião de discípulos de Cristo sem que já se tenha recebido este sopro, que é vento e alma da Igreja. 
Vivamos e cultuemos nesta experiência espiritual.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

MENSAGEM DE NATAL - 2010

É chegada a estação da alegria! Valorize a oportunidade que você tem de ouvir uma bela música. Compartilhe o calor rico da família e da amizade. Ofereça presentes aos amigos, entes queridos, e às pessoas necessitadas. Faça eco ao dizer: “É o momento mais maravilhoso do ano!”
 Por outro lado, volte-se por um momento ao brilho e encanto tão evidente em alguns lugares nestes dias, e olhe atentamente e de perto a imagem da criança na manjedoura. Não nos serve de um estímulo poderoso para considerar novamente a natureza da fraqueza? 
Esta criança está envolvida com as vestes do mistério. Este bebê é Deus feito carne aos nossos próprios olhos. É a onipotência envolta em panos, deitado na manjedoura está a onipresença, a onisciência confinada a uma cama de palha. 
Este menino faz causa comum com aqueles que não têm onde repousar a cabeça cansada. Ao nascer, símbolos da nobreza não são vistos em nenhum lugar, e os sinais de privilégio vão se desaparecendo até o esquecimento total.
A criança na manjedoura é uma lição sobre o mistério da impotência!
Chegaria o tempo em que esta criança indefesa de Belém seria reconhecida como o Salvador do mundo. Tanto quando ele se deitou em uma manjedoura como quando estava pendurado em uma cruz, ele apareceu como uma vítima de suas circunstâncias, uma pessoa digna de pena, e um modelo de desamparo.
No entanto, o verdadeiro poder não está presente, a menos que se irradie através da aparência de impotência.  O verdadeiro despojar-se como a verdadeira abnegação só é possível para aqueles que realmente conhecem o poder de Deus. Uma vida de serviço sacrificial entregue com alegria é a única opção para quem vem conhecer a impotência do Menino Jesus.
Esta falta de poder não deve ser confundida com a impotência própria da miséria e do desespero. Pelo contrário, a submissão se manifesta na entrada do voluntário para a comunidade dos sem-teto pobres, para transformá-lo em um viveiro rico de possibilidades. Este é o desamparo que conhece as trincheiras, que se senta confortavelmente entre os despossuídos, e desfruta da companhia dos que foram marginalizados na periferia da sociedade.
O que vemos na manjedoura é o que nós celebramos no Natal, é o formidável poder de impotência! Quando experimentamos essa incapacidade, o Espírito Santo nos capacita para realmente chegar a ser servo de todos. Então, através do serviço que prestamos, podemos transformar o mundo. O pequeno bebê na manjedoura é um sinal poderoso de Deus, manifestando o amor divino que abre o caminho para a vida para todos. Ele se fez pobre por nós, com a sua pobreza pode nos fazer rico (2Co 8:9).
 Neville Callam
Secretário-Geral da BWA

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

OS MÚSICOS ADORAM AO SENHOR

Aclamem o Senhor todos os habitantes da terra!
Louvem-no com cânticos de alegria e ao som da música!
(Salmo 98:4)
Continuando nosso estudo sobre os participantes da adoração ao Senhor no culto, devemos observar aqui o grupo que se ocupa da condução do louvor através da música durante as celebrações.  É sabido de todos que os cultos evangélicos são sempre ricos em música e louvor.  E isto é bíblico: “Aclamem a Deus, povos da terra!  Cantem louvores ao seu glorioso nome; louvem-no gloriosamente!” (Salmo 66:1-2).
E mais uma vez é Deus quem escolhe os que irão conduzir o povo nesta empreitada de adoração.  No tempo antigo Deus escolheu alguns para estarem à frente do povo na adoração – os sacerdotes e levitas.  Hoje também Deus tem escolhido alguns para levarem o seu povo através da música na celebração ao Senhor.  Conduzir o povo em adoração é função escolhida pelo próprio Deus.  É escolha de Deus o estabelecimento daqueles que haverão de comparecer diante dele levando o povo de Deus em adoração.  Ou seja, ninguém escolhe de per si ser o músico que conduzirá a celebração – Deus assim o faz.
Então vejamos: este grupo está, em sua função, diante de Deus e diante do povo.  Está diante de Deus porque a adoração faz com que estejamos na presença sagrada, escolhidos por Deus, ministrando diante dele.  Mas também diante do povo, pois a escolha de Deus é que este grupo seja seu instrumento para fazer o povo louvar.  O Senhor da adoração tem atribuído a função de condutores ao grupo que ministra diante do altar – mais que se apresentar, é preciso levar o povo a adorar.
Louvemos a Deus porque Ele elegeu alguns para nos conduzir em adoração para estarmos diante dele.  Oremos por estes.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A GRANDE CELEBRAÇÃO

Gosto muito de celebrar a Ceia do Senhor com a minha igreja.  Ela é um momento singular na vida, na comunhão, na adoração e nas celebrações da igreja de Cristo.  O coração se enche de solene alegria e nunca faltam motivos para celebrar.
Como elemento memorial, a Ceia atualiza, para a vida dos santos, a certeza de que o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele (leia em Is 53:5).  Juntamente a isto, a Ceia ainda é para os redimidos a certeza de que celebramos a expectativa da vinda do que é perfeito (confira 1Co 13:10).
Nas páginas bíblicas, certamente, é que encontro a descrição da grande celebração que antecipo agora na comunhão dos santos.  Veja como é magnífico Ap 19 onde é narrada a concretização do que já celebramos na Ceia do Senhor – aqui está a força espiritual deste ato.  Venha comigo ao texto:
& Ap 19:6 – Aleluia! Pois reina o Senhor.  A Ceia do Senhor é momento de celebração porque festeja a antecipação da vitória definitiva de Cristo (lembre do brado na cruz citado em Jo 19:30).  É profecia e fato consumado que o Senhor Todo-Poderoso irá reinar para sempre e na Comunhão da igreja hoje já festejo este reino eterno.
& Ap 19:7 – Chegou a hora do casamento do Cordeiro.  A igreja é a noiva do Cordeiro e está prometida em casamento com o Filho do Rei dos reis.  Assim celebramos juntos desde agora a alegria de podermos desposar a Cristo, o nosso amado (este momento triunfal está narrado logo depois em Ap 21:2).  Por mais que possa parecer demorar, mas a hora vai chegar – e isto é certo!
& Ap 19:9 – Felizes os convidados para o banquete.  Na sua visão, João ouviu o anjo declarar que são bem-aventurados todos os que são convidados para participarem das bodas eternas.  Hoje eu celebro na Ceia do Senhor a certeza inabalável do convite amoroso de Cristo para entrar no seu gozo perene (confio nas palavras de Mt 25:34).
Neste tempo presente, celebro junto com a igreja a Ceia do Senhor, a comunhão com os santos, a antecipação da glória.  Ali como e bebo a antecipação do Reino, do casamento e do convite eterno de amor de Cristo.  É um momento de festa e comemoração e de deixar o coração ser reverentemente tocado.  É ocasião ímpar da adoração da igreja.
Celebremos assim o estabelecimento do Reino de Deus; a chegada do momento final de vitória; e a alegria de estarmos participando Ceia.  Para a glória do Cordeiro e daquele que está assentado sobre o trono.  Aleluia!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

REFLETINDO NA PALAVRA DE DEUS

Prega a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda paciência e doutrina.
(2º Timóteo 4:2)
Durante toda história da Celebração Cristã, os cânticos e demais movimentos litúrgicos sempre foi acompanhado da reflexão e estudo bíblico.  Ou seja, paralelamente às celebrações do culto cristão sempre se deu ênfase à leitura da Palavra de Deus e ao estudo dela como componente fundamental dos momentos de culto cristão.
Acompanhando este movimento, Deus sempre levantou seus servos e servas para estudarem a sua Palavra, compreenderem as suas verdades e captarem as suas lições podendo aplicá-las às vidas dos cristãos que em cada momento buscam a presença de Deus no culto para experimentar da sua companhia e receber do seu alimento.
Hoje também Deus tem levantado homens e mulheres para que possam trazer a Palavra de Deus àqueles que o buscam.  Já desde os tempos antigos Deus tem afirmado que “não faz coisa alguma sem revelar o seu plano aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7).   Assim é que Deus tem falado aos seus servos para que estes, por sua vez, falem ao povo e assim seja manifesta a vontade do Senhor no meio da igreja.
No culto cristão, hoje, os pastores exercem a função profética: são levantados por Deus, que os comissiona para serem os porta-vozes de suas intenções.  Então compreendemos que o pastor diante de sua congregação é responsável perante Deus por aquilo que diz ao povo – Deus fala por sua boca.  E compreendemos também que ao povo cabe tanto interceder para que a voz de Deus seja ouvida e claramente compreendida, como ter humildade para se submeter a esta vontade expressa.
Que Deus nos faça ouvir a sua voz através dos seus servos.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

HÁ UMA IGREJA EM SUA CASA?

As saudações epistolares no NT em geral se referem às igrejas que se reuniam nas casas dos cristãos.  Esta era uma prática comum.  Sem templos próprios construídos, as comunidades de fé se encontravam nas casas dos crentes e lá prestavam seu culto, se alimentavam espiritualmente com a Palavra de Deus e desenvolviam a comunhão.
Aproveitando a ideia das igrejas nas casas e entendendo a importância desta atitude para uma vivência saudável dentro do Reino de Deus, mas olhando pelo prisma da casa, pergunto: há uma igreja em sua casa?
Para ajudar a responder, deixe-me apresentar algumas casas bíblicas e as características que fizeram delas um lugar apropriado à existência de uma igreja.
A primeira casa vem da parábola que conhecemos como do "Filho Pródigo" (confira a narração toda em Lc 15:11-31).  Aquele era realmente um lugar acolhedor, tanto para o filho mais novo ao voltar para casa, quanto para o mais velho que não quis participar da festa.
Uma casa que abriga uma igreja é sempre um lugar agradável, onde é bom e gostoso estar ali, onde a família tem prazer em estar (penso que para uma casa assim até posso extrapolar e citar o Sl 122:1).
Outra casa a ser mencionada é a de Timóteo (veja a referência em 2Tm 1:5).  Sua avó e sua mãe lhe deram uma base sólida e uma educação religiosa adequada a ponto de, já adulto, ele ainda poder usar como referência.
A igreja que está na casa é aquela que sabe fomentar valores cristãos nas gerações que estão chegando tanto pelo exemplo como pelo ensino propriamente dito; é onde a Palavra de Deus não é apenas uma teoria distante, mas está incorporada em todas as atitudes do cotidiano (considere o conselho dado pelo sábio em Pv 22:6).
Olhando o AT vejo a casa de Manoá – o pai de Sansão – também como um bom exemplo do que seria uma casa onde há ambiente adequado para uma igreja (leia a história em Jz 13).  Naquela casa, a prática da oração era costumeira e é isso que fez toda a diferença (em especial os versos 8-9).
Como na casa de Manoá, onde a vida se faz forjada pela prática constante da oração ali é o lugar onde há uma igreja e onde as bênçãos também são uma realidade (atente 2Cr 7:14).
Voltando ao NT, a última casa que quero citar é a das irmãs Marta e Maria (em especial no texto de Lc 10:38-42).  Naquela casa o próprio Jesus acostumou-se a ficar hospedado.  Ali se mostrou um lugar para receber o Senhor.
Esta é a marca principal da casa onde há uma igreja: a presença de Jesus é real e constante.  É exatamente a presença divina no interior da casa que faz daquele lugar algo diferenciado.  Somente quando o Todo-Poderoso com seu poder e glória baixa para habitar naquela casa é que ela será miraculosamente transformada em uma igreja de verdade (aproprie-se da promessa de Mt 18:20).
Volto a perguntar: há uma igreja em sua casa?  E oro para que cada uma destas características possa ser encontrada lá na sua casa e você possa sempre se referir ao seu endereço de moradia como o lugar onde a igreja de Cristo pode ser encontrada.  Para a glória dele.
(Na foto lá em cima, minha sogra e meu sogro na direção de um culto em sua casa)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

PREPARANDO PARA A ADORAÇÃO

Prepare-se para encontrar-se com o seu Deus, ó Israel.
(Amós 4:12)
Mexendo no baú da Adoração, seria bom hoje retirar um pouco a poeira daqueles que contribuem para que a igreja cultue ao Senhor de maneira efetiva e relevante.  Já aprendemos que o povo de Deus se reúne para cultuar tendo uma vida lavada por Cristo e que por isso o Deus santo pode ser exaltado e contemplado no meio dessa gente.
Deus é cultuado pelo seu povo, mas há uma parte desse povo que faz do seu trabalho uma preparação para que todos tenham a oportunidade de adorar melhor.  E aqui queria começar pensando especificamente de fora para dentro – começando a olhar para aqueles cujo trabalho nem sempre aparece.  Deus tem sido louvado no trabalho de irmãos e irmãs que fazem o melhor de si para que tudo esteja no lugar e funcionando durante a execução do Culto Público: são aqueles que cuidam de áreas como limpeza, som e iluminação do local de culto; recepção e acolhimento dos que chegam para adorar; atenção para as crianças durante o momento do culto; etc.  Todos estes cultuam a Deus com as suas atividades específicas.
No texto de Efésios 4 nós lemos que o Espírito de Deus capacitou alguns no meio de povo para exercer atividades específicas tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos.  Assim nós aprendemos que todos os que servem na igreja preparando ou durante o culto em primeiro lugar foram capacitados por Deus, logo a Ele prestarão contas das suas obras.  Em segundo lugar foram colocados nas suas respectivas funções para contribuir para que a igreja se aperfeiçoe em sua adoração, logo a prioridade deve ser sempre o grupo cristão e não a individualidade.
Estes são os que Deus tem usado na preparação do culto, que estejam submissos à sua vontade e disponíveis para servir ao Corpo de Cristo.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ENQUANTO VOU À CASA DO SENHOR

Das profundezas clamo a ti, Senhor; ouve, Senhor, a minha voz!” 
(Sl 130:1).
Na parte final do Livro dos Salmos, há quinze salmos que são conhecidos como Cânticos de Degraus ou de Romagem.  Eles eram entoados enquanto o povo se dirigia para o santuário e expressam tanto o sentimento como a preparação espiritual dos fieis que estão indo adorar a Deus.  Um deles – o Salmo 130 – retrata com simples profundidade o anseio que o crente tem pelo encontro com o Senhor.
O Salmo parte das profundezas [da alma] de onde vem o clamor pelo Senhor: Escuta, Senhor...  É como se o salmista quisesse dizer que no fundo do seu ser o que realmente importa é estabelecer um contato com Deus.  Enquanto me dirijo à adoração, é preciso manter aberto o canal com o Mestre: ou seja, deixando as superficialidades da vida e buscando ao Senhor com a mais sincera de minhas intimidades.  Lá onde só Deus me conhece é que quero ser visto e ouvido pelo meu amado Senhor.
Mas este contato íntimo com Deus me põe a desnudo.  Diante disto o salmista questiona: Quem escaparia? (Sl 130:3).  É diante de Deus que eu me vejo quem realmente sou, e assim que constato que sou um pecador e que – embora necessite e deseje a companhia divina – não posso sobreviver na sua presença.  Contudo, ainda assim o salmista sabe somente em Deus está o perdão para os que o temem, por isso insiste em por a sua esperança no Senhor (Sl 130:7). 
Desta forma, cantando este salmo de apenas oito versos, estou afirmando que mais que qualquer coisa nesta vida o que mais quero é a estar na presença sagrada.  Mais que qualquer segurança; melhor que qualquer esperança; mais que qualquer satisfação; o que eu realmente desejo é estar com o Senhor.
Que este seja o meu canto enquanto me dirijo à Casa do Senhor para o adorar – reflexo de toda a minha vida.  Aleluia!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

UM POVO QUE VEM PARA ADORAR

Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.  Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus; não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.
(1º Pedro 2:9-10)
O Deus Santo e Todo Poderoso, amoroso e compassivo é o Deus que é reverenciado na adoração cristã.  Ele criou os céus e se encarnou em Jesus Cristo.  Assim, por estes atributos não é adorado por qualquer ser humano.  Logo, podemos questionar: Quem são as mulheres e homens que comparecem diante de Deus para o adorar?  Como identificar o povo que em verdade presta culto ao Senhor?
O Salmo 24 nos dá a primeira indicação.  Depois de levantar o mesmo questionamento que fizemos acima, o salmista responde: “Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, que não se volta para a mentira nem jura falsamente” (Salmo 24:4).  O povo que comparece no lugar santo para cultuar a Deus é aquele que já foi limpo pelo próprio Senhor e traz na alma o espírito de humildade perante a face sagrada do Rei a quem louva.  Para cultuar a Deus, cada um no meio do povo precisa ter a sua vida lavada pelo sangue do Cordeiro.
Outra indicação nos vem das palavras de Jesus que nos diz que no meio de dois ou três que se reunam em nome dele, ali ele se faria presente (Mateus 18:20).  A gente que se reúne e faz desta reunião um verdadeiro culto ao Senhor, é aquela que o faz no nome de Jesus.  Toda reunião só será culto e adoração – mesmo de crentes! – se esta for feita em nome de Cristo Jesus.  Se assim não for, será apenas um punhado de pessoas: qualquer coisa, menos culto e louvor a Jesus.
Que Deus nos conceda estar limpos e humildes na presença de Jesus e em nome dele reunidos a cada semana para podermos verdadeiramente cultuar e adorar ao nosso Deus.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ONDE ESTÁ JESUS?

Jesus Cristo está presente em vários e diferentes momentos e lugares de nossa cultura.  Nestas terras, pelo menos um pouco todos conhecem de quem foi Jesus e do que Ele fez.  Com mais ou menos propriedade e acertos sempre ouço o nome de Jesus; sempre se pode ver em edificações de igrejas a exposições de crucifixos.  Mas questionaríamos: onde estaria o Verdadeiro Jesus Cristo na vida dos brasileiros?  Com base nos relatos bíblicos, deixe-me apresentar três possíveis respostas.
Ap 3:32 cita a igreja de Laodicéia como sendo uma igreja cristã, mas na qual Jesus estava do lado de fora querendo entrar.  A primeira resposta que encontro é que em muitas situações, Jesus está fora; é um estranho; não tem participação na vida dos brasileiros.  Podem até usar o título de cristãos; mas na realidade o próprio Cristo não compartilha com eles da ceia!
Da história dos discípulos que saíam de Jerusalém na tarde da ressurreição (Lc 24:13-35) encontro uma segunda resposta.  Eles caminharam por alguns quilômetros conversando com o Mestre mas não o reconheceram.  Assim é com alguns.  Jesus está bem do lado; eles até algumas vezes sentem o coração queimando pela proximidade, contudo não são capazes de reconhecê-lo e com isso desfrutar toda bênção e glória da companhia divina.  Cristo permanece na periferia da vida!
Mas o lugar onde Jesus quer estar em nossas vidas é bem dentro do nosso coração.  Quando ressuscitou, Jesus se aproximou dos discípulos e soprou neles o Espírito (Jo 20:21) simbolizando que dali em diante Jesus estaria sempre dentro daqueles que o seguissem – lembra-se da promessa na ascensão: estarei convosco (Mt 28:20).  O próprio Jesus foi bem enfático quando afirmou que o lugar de se encontrar o seu Reino seria dentro de cada seguidor (Lc 17:21).  O único lugar onde realmente faz toda diferença é dentro do nosso coração e de nossa vida – bem no centro!
Querido, se Jesus está em outro lugar qualquer que não seja o seu coração, convide-o a entrar ainda hoje.  E tenha certeza que se cumprirá a sua palavra: Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão (Jo 10:28).

terça-feira, 23 de novembro de 2010

DEUS DESCE PARA ESTAR COM O POVO

Disse Deus:
 “De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, tenho escutado o seu clamor.  Por isso desci para livrá-los...”.
(Êxodo 3:7-8)
Na semana passada nós tivemos a oportunidade de refletir um pouco sobre o encontro do Senhor com Moisés no Monte de Deus (Êxodo 3); mas paramos no verso 6 quando Moisés esconde o seu rosto por temer olhar para o Senhor.  Realmente a certeza da presença sagrada de Deus deve nos conduzir a um sentimento de temor e reverência.  Agora, então, vamos continuar aprendendo do diálogo entre Deus e Moisés.
A partir do verso 7 é o Deus Santo e Todo Poderoso quem toma a iniciativa de falar.  E neste falar está a ação e reação do próprio Deus diante das circunstâncias humana.  Três verbos nos chamam a atenção: ver / ouvir (v. 7); descer (v. 8) e livrar (v. 8). O Deus que exige correção em sua presença é o Deus que se deixa tocar pelas circunstâncias humanas.
O Senhor disse a Moisés que o clamor dos filhos de Israel chegou até Ele e por isso agora estava descendo para estar no meu do povo: a dor do seu povo é o seu sofrimento; o choro do seu povo são as suas lágrimas, mas o sonho do seu povo é a sua obra.  Ele diz que irá fazê-lo subir para uma nova terra.  O Deus a quem celebramos e adoramos é santo e tremendo, mas não é um Deus distante e alheio – é um Deus presente, compassivo e misericordioso.  É isto que celebramos em Cristo Jesus: Deus na sua justiça exigia a morte dos pecadores, mas em Cristo esta justiça foi satisfeita; e agora com Ele podemos ter comunhão pois é o próprio Deus quem se compadece do pecador e por ele dá a vida.
O Deus a quem adoramos é um Deus santo e justo – deve ser temido – mas também está no meio do seu povo – deve ser amado.  Celebremo-lo assim!
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

AS MARCAS DE JESUS

A partir de relatos e tradições medievais, alguns homens e mulheres dizem receber em seus próprios corpos marcas genuínas das chagas em Cristo.  Estes por sua vida de devoção e religiosidade são escolhidos por Deus para trazerem os "estigmas" da cruz – ou no latim: stigmata.
Porém quando vou à Bíblia procurando nela sobre o tema, o que encontro é Paulo escrevendo aos cristãos da Galácia, já no final da epístola, quando ele diz: trago em meu corpo as marcas de Jesus (em Gl 6:17). Na leitura da carta sagrada me parece que o apóstolo está falando de outra coisa ou que, pelo menos, aponta outro sentido e direção completamente diferente da tradição.
Paulo fala das cicatrizes no corpo – e na alma – que ele acumulou ao longo de sua vida e ministério apostólico.  Assim sendo, tais marcas não são motivo de vaidade ou arrogância; também não se mostram como peso ou motivo de lamento e nostalgia frustrante.  As marcas de Jesus são sim a evidência concreta e objetiva da alegria na humilde submissão à vontade de Deus.  Desta forma, desdobrando a compreensão das cicatrizes cristãs alegadas aos gálatas, devo entender que:
a. As marcas de Jesus são registro e testemunho da história pessoal do apóstolo.  Ao longo de sua vida e caminhada como missionário desbravador cristão, Paulo foi submetido a diversas situações dolorosas e adversas.  Tudo isso deixou profundos traços no seu próprio corpo (leia o que diz em 2Co 11:23-28).  Olhar para as marcas de Jesus em seu corpo era se lembrar de toda a trajetória por onde teve de passar, o que lhe conferia respaldo para desafiar a igreja a uma vida com Cristo (leia Tt 2:12).
b. Aquelas marcas ainda salientavam os compromissos e prioridades assumidas durante a jornada.  A vida cristã não é simplesmente fácil; exige comprometimento e que se estabeleça hierarquias de valor (note o que ele disse aos líderes de Éfeso em At 20:24). Cada nuance e cada dobra de cicatriz no corpo gritava por si só sobre o que motivava essencialmente Paulo.  À vista delas o apóstolo tinha autoridade para conclamar a encarnar o desafio cristão (Paulo levou a sério Mt 16:24).
c. E ainda as marcas que Paulo trazia eram a salvaguarda das esperanças que o mantiveram firme – e isso está na base de toda a sua teologia e doutrina (em diversos textos como Rm 8:18; Gl 2:20; Cl 2:20; 1Co 15:14; 1Co 1:22-23; Rm 5:2).  Cada marca trazida era uma garantia que lhe foi gerada de que em Cristo, e somente nele, há verdadeira esperança (compare ainda 1Co 15:58 com Fl 1:6).  Assim, o apóstolo podia com propriedade arregimentar, conclamar e enfileirar cristãos imbuídos de compromisso e viva esperança (a expressão é de 1Pe 1:3, mas está em acordo com Paulo aqui).
Estas são as marcas apostólicas de Jesus que Paulo trazia em seu corpo.  Agora devo com sinceridade me questionar: e eu e você, que marcas trazemos em nossos corpos que testemunham nossa história com Cristo?  Nosso compromisso primário?  Nossa maior esperança?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

NA MONTANHA SAGRADA

Então disse Deus:
 “Não se aproxime.  Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa”.
(Êxodo 3:5)
Lemos no capítulo 3 do Livro de Êxodo que Moisés estava no Monte Sinai apascentando o rebanho de seu sogro quando viu uma “chama de fogo que saía do meio de uma sarça”.  Com curiosidade natural ele então se aproximou para ver melhor o que era aquilo.  Aquela visão e aproximação haveria de transformar por completo, não somente a sua vida, como também a história da relação de Deus com os seres humanos.
Do meio da sarça – na Montanha Sagrada – Deus falou: “Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa”.  Todo encontro com Deus é, por natureza, um encontro com o sagrado e o sobrenatural.  Para que Deus se revelasse a Moisés seria preciso que ele compreendesse e temesse a santidade do lugar e do ato que estava ali se desenrolando.
Com certeza, aquele Deus da sarça é o mesmo Deus com o qual temos nos encontrado semanalmente na sua igreja.  E para que este encontro seja verdadeiramente um momento de adoração e possamos celebrar o Deus revelado a nós é necessário que cada um tenha a consciência e o temor da santidade divina envolvida neste encontro.  Todo crente quando vem em busca do contato com Deus no culto precisa trazer a certeza de que vai estar diante daquele que é sobrenaturalmente santo e por isto exige temor e reverência diante de sua presença augusta.
Que o próprio Deus nos faça absorver estes valores de santidade divina para que possamos adorá-lo no seu lugar sagrado como lhe convém.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CAVANDO POÇOS

A água é um dos recursos mais preciosos na região que hoje chamamos Oriente Médio.  Na época dos patriarcas penso que mais ainda.  Quando Abraão, Isaque, Jacó e seus filhos andaram por aquelas terras, uma fonte confiável de água era certamente um bem inestimável e uma garantia de provisão, sobrevivência e prosperidade.
O livro de Gênesis nos conta que Abraão cavou poços, mas teve que disputá-los com Abimeleque, o rei dos filisteus (confira em Gn 21:22ss).  Anos mais tarde, seu filho Isaque se viu envolvido com a mesma questão da água e dos poços e os servos de Abimeleque.  Lendo o capítulo 26 de Gênesis o que mais me chama a atenção é que Isaque não somente reabriu as fontes que os filisteus tinham entulhado como repetidas vezes se mudou e cavou novos poços.
É desta atitude repetitiva e cansativa do patriarca diante das investidas dos seus adversários que quero tomar como modelo para minha vida quando também sou afrontado.
A primeira característica que transpareceu em Isaque neste episódio é que ele se mostrou um homem pacificador e humilde.  Mesmo sabendo que tinha sido seu pai que cavara os poços, ele não se constrangeu em mudar de lugar e cavar novamente.  São a homens com tais que Jesus os nomeou bem-aventurados por receberem a terra por herança e serem filhos de Deus (leia em Mt 5: 5 e 9).
Também Isaque se mostrou um homem de visão diferenciada.  Cavar um poço era atividade necessária, porém de risco.  Sem água só restaria a morte, mas nunca se tinha garantia de encontrá-la até se ter todo o trabalho de cavar e cavar.  Lá pelas tantas da história quando finalmente conseguiu um poço não disputado, o patriarca expressou sua capacidade de visão: agora o Senhor nos abriu espaço (em Gn 26:22).  Só quem enxerga a provisão de Deus pode se dá ao trabalho de cavar na certeza de que o Senhor vai abrir novos horizontes.
Uma terceira marca de Isaque era a determinação.  Nada o faria desistir de chegar a um veio seguro de água.  É importante também ressaltar que seu objetivo não estava em derrotar os filisteus, mas em conseguir água.  São os objetivos certos que tornam um servo de Cristo imbatível em suas conquistas.  Aqui devo apontar tanto a instrução aos Hebreus de ter sempre a Cristo como alvo (leia em Hb 12:2), quanto a advertência de que só estarão aptos para o Reino os que persistirem com determinação sem olhar para trás (vá a Lc 9:61).
É a um homem como este que o Senhor aparece e fala: não tema, porque estou com você; eu o abençoarei (em Gn 26:24).  E o texto prossegue com a atitude correta de Isaque.  Ao ver o resultado de seu trabalho (lembre de 1Co 15:58) e a promessa divina refeita, Isaque construiu um altar e invocou o nome do Senhor.  Tudo o que faço deve me conduzir à adoração (lembre também de Rm 11:36).
E o texto termina: ali armou acampamento, e seus servos cavaram outro poço (em Gn 26:25).

terça-feira, 9 de novembro de 2010

EU VI O SENHOR

... eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado,
 e a aba de sua veste enchia o templo.
(Isaías 6:1)
Estudar a Bíblia é sempre uma agradável tarefa.  E aprender das páginas sagradas quem é o Deus ao qual dirigimos a nossa adoração é uma tarefa muito mais gratificante.  Pois é isto mesmo: o Deus a quem nos dirigimos nas nossas celebrações hoje é o mesmo Deus que se revelou nos textos antigos – Hebreus 1 nos diz que Ele falou aos pais pelos profetas...
Um destes textos majestosos é a visão do profeta Isaías.  No capítulo 6 no seu livro de profecias, o profeta relata que viu o Senhor.  Ele estava no templo e esta visão mudou a sua vida.  A visão do Senhor sempre nos provoca mudanças!  É para isto que estamos vindo ao templo: para ver o Senhor.  Deus está em todo lugar; mais há uma presença dele que é especial, grandiosa, tremenda, majestosa!  No seu templo Ele se revela de maneira especial aos seus.
Isaías então observa a atitude de louvor e reconhecimento da santidade de Deus nas palavras dos querubins: Santo!  Santo!  Santo é o Senhor dos Exércitos!  A visão de Deus deve infundir em nós um reconhecimento de sua santidade e isto se desdobra no reconhecimento de nossa fraqueza e pecado: “Ai de mim!” – é a exclamação do profeta.  Eu vi Deus em sua santidade e por isto estou perecendo!  Mas Deus lhe faz tocar a brasa viva do altar e lhe purifica os pecados – só Deus para fazer isto!
Que possamos adorá-lo reconhecendo sua santidade e amor que nos toca, muda e tira o pecado.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ADORAMOS UM DEUS SANTO

Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos,
a terra inteira está cheia da sua glória.
(Isaías 6:3)
Na semana passada nós começamos a refletir sobre quem é Deus, quando demos ênfase na exclusividade que Ele exige na adoração.  Toda a Bíblia nos aponta para o fato de que Deus é único e assim precisa ser reverenciado na adoração dos santos.
Hoje gostaríamos de prosseguir refletindo sobre o Deus com o qual nos deparamos em nossa adoração.  A Bíblia relata vários encontros de Deus com o ser humano; em todos eles há sempre um caráter surpreendente neste contato.  Deus é o radicalmente outro e por isso sempre nos surpreende quando nos faz sentir a sua presença.
Desta admiração surpreendida que advém da presença de Deus, duas constatações são destacadas toda vez no texto Bíblico:  Deus é Santo em sua essência.  Isso significa que é único em seus atributos e completamente distinto do ser humano que o adora.  A presença de Deus na celebração do culto deve produzir em nós a certeza de que estamos contemplando o Senhor tremendo, augusto e inefável.  O Culto não pode ser um evento qualquer na vida do povo de Deus.  Tem que ser o momento sublime quando eu contemplo a face do sagrado e ele me toca.
Desta constatação da santidade de Deus expressa no culto, deve brotar um sentimento de temor e reconhecimento de nossas faltas e pecados.  Sendo Deus absolutamente santo e eu pecador, como posso estar na presença dele e não perecer ali mesmo?  O culto tem que ser um momento de contrição e confissão na busca do perdão e da nossa aceitação por parte de Deus.
Que tenhamos esta consciência sublime da santidade de Deus e o espírito de quebrantamento diante da nossa realidade. Cultuemos pois assim.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ATALAIA

O nome atalaia para nós sergipanos traz um significado todo próprio: é o principal termo que usamos em relação à praia e ao mar que temos em nossa capital, Aracaju.  Um é quase sinônimo do outro.  Mesmo com a expansão da cidade e a abertura de novos espaços com frente à imensidão do Oceano, a Atalaia guarda seu valor de referência entre nós.  E até acho que isso é bom!
Mas também como leitor da Palavra de Deus, atalaia me reporta ao chamado do profeta Ezequiel quando ele foi colocado como sentinela diante do povo de Israel que então penava do exílio babilônico (confira em Ez 3:17).
Unindo os dois conceitos, atalaia soa para mim agora como o meu desafio missionário diante da minha terra.  Parece bem claro que esta palavra é mim.  Esta é a minha tarefa como servo conclamado para a missão em terras sergipanas.
Posicionando-me como atalaia de Deus para Sergipe, posso listar pelo menos quatro atitudes que são indispensáveis e que determinarão o sucesso ou não da minha empreitada.
Um.  A atalaia é uma orla fantástica.  Como atalaia preciso me colocar também no lugar apropriado, está ali e ver (Jesus falou em olhar os campos prontos para a ceifa em Jo 4:35).
Dois. Por aquelas bandas há ainda hoje um farol significativo – e chamamos até o bairro de Farolândia.  Da mesma maneira é indispensável permanecer alerta e vigilante para que nada venha a me tomar de surpresa e estar a qualquer momento pronto para agir (atenção à advertência do apóstolo em 1Pe 5:8).
Três.  A praia é um dos principais cartões postais de nossa cidade.  Isso me diz que como atalaia devo sempre está disposto a anunciar a mensagem e o convite que o Senhor tem me dado por incumbência (imite a disposição de Pedro em João em At 4:20).
Quatro. Há neste lugar alguns cantos bem acolhedores.  Faz parte da tarefa da atalaia convocada pelo Senhor assumir a sua missão com responsabilidade, compaixão e envolvimento (este é o exemplo de Jesus deixado em Jo 13:1).
Deus tem interesse nesta terra, Ele a fez completamente rica em belezas e, sem dúvida, caprichou no mar por aqui.  Porém são as mulheres e homens deste rincão que mais estão no interesse divino.  Foi por isso que a igreja de Jesus Cristo foi posta neste lugar como verdadeira atalaia diante da geração que hoje vive em nosso Sergipe. 
Como Deus quer, assumamos estar no lugar certo; atentos; prontos para anunciar o evangelho e envolvidos com paixão missionária com o nosso povo.  Sejamos atalaias aqui.
 (Na imagem lá em cima, uma montagem com fotos antigas da Praia de Atalaia, encontrada no site da Prefeitura de Aracaju).

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O DEUS A QUEM ADORAMOS

De eternidade a eternidade tu és Deus.
(Salmo 90:2b)
Hoje gostaríamos de começar uma nova etapa em nossa reflexão, retirando coisas do baú da Adoração.  Agora convém refletir sobre personagens que compõem na celebração de adoração da Igreja.
A primeira personagem que deve ser referida é, com certeza, o Deus a quem toda adoração deve ser dirigida.  Logo no primeiro mandamento o Senhor requer para si a exclusividade da adoração do crente: “Não terás outros deuses” (Êxodo 20:3).  Deus exige exclusividade daquele que dele se aproxima.  Todo louvor e toda adoração devem ser dirigidos unicamente a Deus.
Mas, quem é este Deus a quem adoramos?  O Salmo 89:7 nos diz que: “na assembléia dos santos Deus é temível, mais do que todos os que o rodeiam”.  Deus é o santo de Israel – o altíssimo e por isso deve ser reverenciado e temido.
Por outro lado, este Deus excelso e tremendo diante do qual é exigido santidade e respeito também é o Deus que se volta para o seu povo.  O Salmo 138:6 reconhece: “embora esteja nas alturas, o Senhor olha para os humildes, e de longe reconhece os arrogantes.”  Deus é o nosso Pai que se compadece do seu povo e vem ao encontro daqueles que os buscam com sinceridade de coração.
Adoremos a este Deus supremo e compassivo.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

INCREMENTAI VOSSA VIDA

Tendo apre-sentado a Cristo Jesus como o modelo de vida, o apóstolo Paulo escrevendo aos cristãos filipenses instruiu a por em ação a salvação (leia Fl 2:12). 
Para começo de conversa é preciso deixar claro que hoje cremos como Paulo: o que chamamos de salvação é um conjunto de dupla característica; cada uma com o seu valor e seu fundamento.  Por um lado a salvação tem um aspecto espiritual, sobrenatural, eterno e miraculoso – este é resultado da ação graciosa e poderosa de Cristo por nós.  Por outro, há o aspecto humano, comportamental e histórico – aqui é quando me atenho em cumprir meu papel e tem a ver com minhas decisões e atitudes do dia-a-dia.
Voltemos ao texto apostólico pois creio que foi sobre este segundo aspecto que Paulo falou.  Numa tradução bem livre do texto posso ler: façam valer a pena a vida cristã que vocês levam, ou de outra forma, incrementem a qualidade da vida cristã de vocês.  E nos versos logo adiante da leitura bíblica vejo como isso é possível.
No verso 14 ele diz: façam tudo sem queixas.  A vida cristã é vivida com qualidade e exuberância quando é encarada sem murmuração, queixumes ou amarguras.  No mesmo sentido, porém em direção inversa, aos hebreus ainda é dito que qualquer raiz de amargura contamina a vida cristã e exclui o salvo da graça de Deus (confira Hb 12:15).
Ainda aos filipenses no verso 15 é requerido que haja diferenciação do mundo.  A boa existência cristã só se dá quando a luz que há no crente se faz bem destacada em oposição à vida corrompida e depravada conforme os valores mundanos.  O mesmo Paulo falou aos romanos sobre não se amoldar aos critérios do mundo que os cerca (veja Rm 12:2).
E no verso 16 está escrito: retendo firmemente a palavra da vida.  A melhor forma de incrementar a vida cristã é absorvendo a palavra divina como fundamento de toda e qualquer atitude que eu venha a tomar.  Sobre isso devo lembrar do conselho dado a Josué ainda no começo do seu ministério para reter as palavras da Lei (em Js 1:7-8).
Como bom cristão que aspiro ser, devo me esforçar por incrementar, qualificar e desenvolver a salvação que já recebi pela graça sobrenatural de Cristo.  Que sejam estes os critérios de minha vida para a glória daquele que realiza em mim tanto o querer como o acontecer.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

ADORAÇÃO NO LIVRO DE APOCALIPSE

... os vinte e quatro anciãos se prostram diante daquele que está assentado no trono e adoram aquele que vive para todo sempre.
(Apocalipse 4:10)
Fechando o primeiro ciclo de reflexão sobre Adoração – a leitura do texto bíblico buscando indicações acerca do tema – gostaríamos de ler as expressões de adoração contidas no Livro de Apocalipse.
O Livro de Apocalipse narra a visão que João teve dos fatos que se desenrolaram para a vitória final de Cristo na História, e nesta visão o canto de júbilo dos redimidos merece destaque.  No texto sempre são os que estão nos céus ao lado do Cristo vitorioso que adoram.  São sempre os que temem, “tanto pequenos como grandes” (Apocalipse 19:5) que louvam a Deus.
Um segundo destaque é o reconhecimento de que todo louvor deve ser dedicado exclusivamente ao Cordeiro.  Somente no capítulo 5 por quatro vezes é dito que Ele é digno.  Reconhecer a Cristo como merecedor exclusivo de nossas palavras de adoração faz parte da essência do louvor no Livro de Apocalipse.  Neste livro, adorar é em verdade atestar a Cristo como merecedor de dignidade.
Se o Livro de Apocalipse é a antecipação da realidade da Igreja em seu destino final, vamos desde já exercitar a nossa adoração e louvor como salvos e reconhecedores da pessoa de Cristo Jesus e sua obra. 
Faça-nos Deus assim!
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

OLHEM O CAJUEIRO

O cajueiro que temos em nosso terreno está todo florido!  Está lindo de ver!  Tudo leva a crer que este ano teremos uma boa colheita de cajus e que o Senhor nos brindará com muitos frutos para desfrutarmos de suas bênçãos nos deliciando com o próprio fruto, sucos, sorvetes, mousses, geléias, castanhas e mais o que a criatividade aprontar.  E pelo jeito vai dar para todos comerem e ainda vai sobrar – Deus sempre faz assim!
A visão do cajueiro me trouxe a pensar nas palavras de Jesus quando alertou para observar a figueira (penso que se fosse por aqui Ele tinha apontado o nosso cajueiro).  Citado pelos evangelhos sinóticos (Mt 24:32; Mc 13:28 e Lc 21:29), o Mestre instruiu a entender que como a árvore no seu tempo próprio, a nossa existência aqui também demonstra quando o tempo está para chegar.
É claro que não vou cair na esparrela de tentar marcar data para os acontecimentos vindouros, mas olhando o cajueiro preciso cuidar de ficar atento.  E isso implica em duas posturas iniciais: a) não estar ansioso pois é certo que minhas preocupações nem só não vão mudar em nada a realidade das coisas como por vezes até impedirão minha postura de fé (veja o que Paulo disse em Fl 4:6) e b) não permanecer relaxado, ocioso ou desligado já que tais atitudes me afastam dos compromissos e atitudes cristãs (ainda Paulo em 1Co 16:13).
Voltando ao pé de caju.  A verdade é que o cajueiro não traz ou provoca a chegada do verão, mas também é certa a verdade que ele se prepara para que quando chegar o momento certo possa apresentar o melhor dos seus frutos para quem dele cuidou.  Da mesma forma, eu não provoco com minhas atitudes nem a volta de Cristo nem qualquer outro acontecimento do porvir mas devo me preparar adequadamente para quando eles chegarem.  Como fazer isso?  O próprio texto evangélico nos aponta:
No verso de Lc 21:34 leio que não devo sobrecarregar meu coração com as coisas desta vida.  Se minha prioridade é o reino que está preparado desde a fundação do mundo (palavras de Mt 25:34), então é fundamental não me distrair com outras coisas (sobre isso confira Ef 5:11 e 2Tm 2:4).
Também no verso de Lc 21:35 sou instruído a manter uma disposição de vigilância e oração.  É isto que se espera de todo cristão verdadeiro que vive na dependência exclusiva de seu Senhor e sabe que não resta mais muito tempo (veja a parábola das virgens que segue em Mt 25), ou seja, o crente que espera é o crente que vigia e ora sempre (note a ordem direta em 1Ts 5:17).
O cajueiro está florido e ele está me dizendo que o tempo está próximo.  Que eu possa viver de maneira apropriada aguardando o grande dia do Senhor.

(Na foto lá em cima uma visão do cajueiro em nosso terreno)