quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O AUTOR E CONSUMADOR


Nesta época de fim-de-ano geralmente a tomamos como tempo de reflexão, quando avaliamos o que fizemos e projetamos o que devemos corrigir para alcançarmos nossos objetivos e metas.  Nesta última reflexão do ano quero fazer um pouco isto também e com certeza vou me incluir entre aqueles que precisam fazer tal análise.  É como se dissesse: eu prego em primeiro lugar para eu mesmo ouvir.
O texto que tomo como base está em Hb 12:1-3 que tem como seu ponto central a declaração de Jesus como o autor e consumador da nossa fé.
Mas antes de buscar ler e compreender o texto e a expressão com a qual Hb apresenta Jesus, deixe-me fazer um destaque importante do contexto da declaração.  No verso 1º nós lemos que estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas.  Isto é verdade!  Basta olhar para o que Deus fez em Sol Nascente neste ano.  Realmente há entre nós muitas testemunhas do que o Senhor é capaz e de quanto Ele nos ama.  Tenho louvado bastante a Deus por esta Igreja.
Por outro lado, o texto também nos diz que apesar das bênçãos, há ainda o pecado que envolve.  Ou seja, mesmo diante de tudo o que Deus já fez, ainda estamos sujeitos ao pecado, à falha e ao deslize.  Infelizmente é verdade que nosso adversário continua tentando nos derrubar.  Assim continuo fazendo minha a exclamação e prece de Paulo em Rm 7:22-25.
É neste contexto que volto a considerar a sentença do texto e ela ganha contornos e força peculiar.  Nossos olhos têm que estar fitos em Jesus, e em mais ninguém ou em nada.  Embora as testemunhas sejam importantes para nosso crescimento e fortalecimento mútuo – e agradeço a Deus por elas.  Embora também o pecado e o diabo venham a turvar nosso caminho – e suplico pela clemência divina.  Contudo somente Jesus deve ser o modelo e alvo de minha jornada cristã.
O autor bíblico fala de Jesus como aquele que é o autor da minha fé.  Ele é que faz nascer e acontecer a fé e a firmeza em minha alma.  Só posso crer em Deus e confessá-lo porque Jesus, através do Espírito, plantaram-na dentro de meu ser.  Também é Ele que é o alvo do que eu creio: o consumador.  Só a Cristo devo voltar-me como objeto de minha fé, culto e adoração, porque dele e para ele são todas as coisas (veja Rm 11:36).
Neste fim-de-ano, que seja Cristo Jesus, e não as pessoas e circunstâncias que dominem nossa vida e nossa fé.  Para glória maior dele.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O NASCIMENTO DE CRISTO




Entender o significado do nascimento de Jesus faz toda diferença para comemorar o Natal.  Não entrando em considerações sobre a real data do acontecimento, se em dezembro, fevereiro ou abril como alguns acreditam, o que realmente importa é que a vinda de Cristo ao mundo impactou tão profundamente que a história foi dividida em antes e depois da sua passagem aqui.  O que me faz pensar que esse é o verdadeiro motivo da sua vinda.  Impactar e mudar a história de nossas vidas.
Temos com certeza, que contar como era antes e depois de Cristo.  Ou seja, é impossível o nascimento de Cristo em nós não trazer impacto e transformação.  Natal para nós que somos nova criatura não é árvore na sala, enfeites ou presentes.  Natal é mudança de vida.  É, através da nossa fé, mostrar que o mundo tem esperança sim, por que Deus o amou tanto que ofereceu seu filho para que vidas desfrutassem da liberdade em meio à prisão, da cura em meio à dor, da alegria em meio à tristeza.  Só com o nascimento de Cristo "no coração" é possível desfrutar desse Natal que conhecemos e pregamos tão bem.
Afinal, Ele nos ungiu para "levar as boas notícias aos pobres, cuidar dos que estão com o coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos cegos" (Is 61:1).
Essa sim deve ser a celebração do Natal da igreja de Cristo.  Histórias sendo modificadas no "antes e depois" por causa do nascimento de Cristo nos corações.
O nascimento de Cristo MUDA A HISTÓRIA.
Elda Linhares Lima Nogueira

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

COMO A NEVE


Eu, como bom nordestino que sou, nunca vi a neve e só a conheço por fotos ou imagens, mas tenho que confessar – sem empolgação é claro – que nesta época de Natal o tema seja recorrente em muitas decorações, discursos e ambientes – certamente reflexos das festividades do Hemisfério Norte onde o frio impera nesta época do ano.
Agora, o que vem a minha mente quando o tema é neve são os textos de Is 1:18 e Sl 51:7 – ambos maravilhosos!  Continuo sem conhecê-la, porém vejo o quanto tais textos me falam ao coração.  Na profecia de Isaías, depois de advertir a nação rebelde, o Senhor promete que embora seus pecados sejam vermelhos, eles se tornarão como a neve.  É a promessa divina.  É o salmista Davi, por sua vez, que me mostra de maneira bem prática como isso se dá.  Vejamos:
O motivo que leva Davi a escrever o Salmo é o pecado cometido por ele e denunciado por Natã, o profeta.  Adultério e assassinato pesavam sobre sua alma e isso a sujava e a deixava encardida como a escarlate – cor do sangue derramado.  O que fazer então?  O que fazer diante do pecado cometido e da culpa sentida?  No Salmo, Davi reconhece, confessa e suplica.
Sei que sou pecador – diz o rei no Sl 51:5.  É preciso reconhecer que o pecado é inerente à vida humana  e ninguém está livre desta mácula (lembro que Paulo também falou sobre isso em Rm 3:23).
Mas o problema não está neste pecado primordial herdado.  Davi sabe que o pecado é pessoal e assim deve ser encarado: contra ti, só contra ti, pequei (é o verso do Sl 51:4).  É esta consciência de que meu pecado antes de tudo ofende a Deus que deixa a minha alma pesada e apodrecida.
Tudo começa a mudar quando há uma verdadeira confissão perante o Senhor.  Vejo o mesmo Davi reconhecer que enquanto o pecado não é confessado a mão do Senhor pesa sobre a nossa vida e o corpo definha (leio isso no Sl 32:3-4).  É bom também acrescentar que quem confessa seu pecado alcançará sempre a misericórdia (como dito em Pv 28:13).
Sentindo a alma manchada e amargurada e tendo confessado o pecado que o perseguia (dito no Sl 51:3), Davi então suplica pela graça divina.  Só Deus pode levar a alma e livrar da culpa (veja os versos do Sl 51:7 e 14).  Mas também só Deus pode criar um espírito novo e devolver a alegria da salvação (veja os versos do Sl 51:10 e 12).  E é isto que está contido na oração do salmista.
Somente quem já experimentou a alma lavada e testemunhou o que é ter o pecado sujo como o sangue transformado em limpo como a neve pode glorificar ao Senhor com a certeza de que o que agrada a Deus é um espírito e um coração quebrantado e contrito (Davi disse no Sl 51:17).  Por isso, ao sentir-se livre da imundície do pecado ele agora poderia voltar a oferecer um culto digno ao Senhor.
Hoje quando falo na neve, quero trazer a minha lembrança – e celebrar com isso – a realidade de que também já tive os meus pecados, que enlameavam minha alma, lavados pelo sangue do Cordeiro tornando-me como a neve e, com certeza, estarei incluído entre os bem-aventurados que tomarão da árvore da vida no grande Dia do Senhor (sei disso através de Ap 22:14).  Glória a Cristo por isso!
(A foto lá em cima eu achei na internet por que não tinha nenhuma pessoal que mostrasse uma cena com neve)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Os Fantasmas da Alma


Enquanto eu calei o meu pecado, envelheceram os meus ossos...O meu humor se tornou em sequidão de estio...Confessei-te o meu pecado, a minha maldade não encobri, e tu perdoaste a maldade do meu pecado. (Salmo 32:1-3)


            
    No capítulo seis do evangelho de Marcos encontramos o rei Herodes mentalmente assombrado pelo fantasma de João Batista, a quem covardemente  mandara matar. No momento em que diziam nas ruas que Jesus seria uma reaparição de Elias, Herodes afirmava que o velho “John”  ressuscitara dos mortos. Em outras palavras, o rei pensava que o decapitado pregador havia  voltado do mundo dos mortos para atormentá-lo. 
     Na verdade, é isso que ocorre quando a mente está encharcada de culpa: no momento em que  alguém deve uma conta à sua própria consciência, qualquer movimento fora do absolutamente corriqueiro, por mais discreto que seja, parece trombetear uma  denúncia, um arrastar de correntes pelos corredores da masmorra interior.
      Assim como Herodes,  nós, também, temos os nossos fantasmas. Somos, em certo sentido, castelos malassombrados, por onde transitam, na escuridão do insconsciente os  “ghosts” que nem sempre aparecem aos olhos do público. Eles permanecem no porão, no calabouço da alma, vivos e ativos, provocando insônia, depressão, melancolia, culpa e, em alguns casos, vontade de não continuar vivendo.
      Muitos  dos fantasmas que atormentam os humanos tem cheiro de sexo. É a assombração daquele marido, ou esposa, que não conseguiu manter a fidelidade conjugal; daquele moço, muito crente, que está envolvido numa relação pré-marital com a namorada, e ninguém sabe; uma jovem senhora que praticou um  aborto e não consegue se livrar do choro do bebê que escuta vindo do cemitério da mente onde o sepultou.
     Outros fantasmas tem cara de dinheiro. É a assombração-capetina daquele homem que sempre se gabou de ser honesto, mas caiu nas garras da sonegação,  propina, suborno ou apropriação pela força ou engodo. De fato, o dinheiro tem uma força xamãnica de atração; uma numinosidade quase religiosa, capaz de arrastar para o abismo e de envenenar a alma até à morte. O dinheiro fascina, entorpece e, por fim, pode gerar um tormento infernal.
      Outros fantasmas gostam mais de família e vivem encostados nas paredes da vida parental. Eles assobram pais abusivos que não conseguem traduzir, em atitudes de amor, o amor que sentem, ou dizem sentir, pelo filhos.  Ouço, com freqüência, filhos que, mesmo depois de adultos, ainda escutam a voz fantasmagórica da mãe ecoando a partir do labirinto da alma. São meninos e meninas quarentões que não conseguiram crescer emocionalmente na mesma proporção do corpo.
     E, assim, os fantasmas vão se reproduzindo no interior trevoso dos humanos, principalmente, daqueles que vivem sob a  bandeira da religião.  É que esse tipo de fantasma tem uma atração especial por “santinhos.”
     Enfim, são muitos, e de muitas faces, os nossos fantasmas. Como exorcisá-los? Integrando-os: se forem escutados, olhados com compaixão e, assim, trazidos à consciência com serenidade e coragem, eles podem até se transformar em anjos. Sim! A melhor maneira de vencer o medo do “buuuuuuu” que fazem é olhar nos olhos deles, vê-los de perto; reconhecer que eles são nossos  fantasmas e não fantasmas dos outros. Em vez de tratá-los como inimigos, devemos abordá-los como aliados em potencial, que podem nos ajudar no caminho do crescimento integral.
     Assim, a culpa pode gerar compaixão, a raiva pode produzir compreensão, a tristeza pode se transformar em esperança e, a fraqueza, se vestir de força.
     Os fantasmas perdem seu poder de destruição quando descobertos e integrados pela confissão psicoterapêtica, interrelacional, bíblica ou mesmo  intrapessoal: a luz os transforma. 
     Pense nisso!
     Em Cristo - que desceu ao mundo dos mortos para livrar os vivos de seus fantasmas


     Josias Bezerra DaSilva

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A OFERTA DA VIÚVA - Conclusão


QUANDO TRAGO MINHA OFERTA
Nestes domingos compreendemos que Jesus observa individualmente cada fiel adorador que se achega com o coração contrito.  Aprendemos que na contabilidade de Deus o que realmente conta é a sua graça e não os nossos esforços pessoais – muito menos monetários.  E ainda tendo como pano de fundo a atitude da viúva vimos que a vontade de Deus é nossa santificação e adoração e então nossa oferta, nosso culto e nossa vida têm que ser baseados nestas premissas.
Agora na última reflexão desta pequena série sobre a também pequena narração da oferta da viúva pobre, deixe-me apresentar três conclusões livres que o estudo do episódio me traz. 
Em primeiro lugar, na percepção de Cristo, a diferença das ofertas não está no esforço que cada um emprega em trazê-las: não é o sacrifício pelo sacrifício!  É bom lembrar que em meio às reprimendas feitas ao Israel obstinado, Deus fala através do profeta que mais importante que o sacrifício e os atos de culto em si é a atitude de misericórdia e aproximação – conhecimento – a Deus (leia Os 6:6).
No contexto da oferta da viúva, a diferença foi que os ricos trouxeram o sobejo, a sobra, o que não mais lhes servia, e Deus não aceita nada menos que o melhor (lembre das prescrições das ofertas em Lv 1:10; 3:6; 4:3 e outros).  A viúva, por sua vez, trouxe não somente o melhor, mas a totalidade de sua vida e a colocou no altar do Senhor e ela, junto com sua oferta, foram aceitas por Deus.
Uma segunda conclusão que a narração da oferta da viúva me traz é que minha relação com Deus, mesmo no culto público, é individualizada.  Assim, nem a minha oferta e culto pessoal, nem a resposta de Deus em termos de aceitação e bênção podem ser medidas, avaliadas ou comparadas com mais ninguém (veja a advertência paulina em Rm 14:4).
É importante aqui também lembrar que na contabilidade de Deus, ele usa critérios próprios e diferenciados na sua relação com seus servos.  Ou seja, nem os ricos foram julgados pela viúva, nem o contrário, mas para Deus cada um foi visto a partir do seu próprio interior e de sua própria atitude (considero fundamentais as palavras proféticas em Ez 18).
E finalmente, já extrapolando a própria narração da história da oferta, quando o meu culto e minha oferta são aceitos sou também igualmente aceito pelo Senhor.  E isso sim faz toda a diferença!  Esta é a oração e o desejo do salmista: ser aceito por Deus e poder viver na sua casa (lá no Sl 27:4).
É, contudo, na parábola do fariseu e do publicano onde Jesus apresenta esta verdade mais claramente (leia toda a parábola em Lc 18:9-14).  Enquanto o primeiro apresentou uma oração liturgicamente correta mas vazia de santa intenção, o segundo na sua humildade apenas à distância batia no peito e sem os recursos da oratória clamava por misericórdia.  E Jesus conclui que este último voltou para casa recompensado.
Assim posso compreender também que a viúva voltou para casa com a alma recompensada por ter apresentado um culto agradável a Deus (penso que ela se enquadraria perfeitamente em Rm 12:1).  Que seja também assim a nossa oferta e o nosso culto para a maior glória de Deus.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mudaram o lugar do ponto


Na última sexta-feira, indo para casa, precisei tomar um ônibus aqui em Aracaju.  Depois de muita espera, alguns ônibus que passaram sem parar e de certa confusão descobrimos, eu e outros que também esperavam, descobrimos que o ponto onde o coletivo deveria parar já não era mais ali: haviam mudado o lugar do ponto e ninguém ali tinha sido avisado.
Não quero aqui discutir sobre o direito – e até dever – dos agentes públicos organizarem e normatizarem os espaços urbanos de modo a promover o bem comum e o melhor convívio possível em sociedade.  Esta discussão sócio-política, embora também seja do nosso interesse como cidadão desta terra, não será aqui o mote de minha reflexão.
Passei o fim-de-semana ocupado nas atividades eclesiásticas (e como isso me revigora a alma e o corpo!), mas sempre me veio à mente o episódio, e paralelo a ele o texto de Dt 19:14 – "não mudem os pontos antigos...".  Sim, eu sei também que o texto bíblico fala especificamente das divisas e fronteiras territoriais e da necessidade de respeitar as marcas e referências deixadas pelos antigos.
Tendo misturado todos este conceitos e ruminado neles, quase que de modo automático tais reflexões respingam na igreja e no conceito que tenho dela.  Embora o conteúdo central de nossa proclamação seja o evangelho – a boa novidade – mas nossa fé tem que estar alicerçada nos pontos e marcas deixadas pelos antigos.
Penso em duas ênfases bíblicas e elas se misturam: por um lado cremos que o Deus dos nossos pais é o mesmo que adoramos ainda hoje, por outro este Deus se fez história ao se encarnar.  Da mesma forma minha fé, pregação, doutrina e práticas eclesiásticas devem ser reflexo deste Deus que é imutável – pois se revelou desde o tempo dos nossos pais – e histórico – pois entra na nossa história e a atualiza.
Sei que há muitos que em nome da novidade mudaram o lugar do ponto, abandonaram as referências antigas e não mais consideram a rica herança que temos no depositário cristão.  Mas em nome do que creio ser uma fé cristã e biblicamente embasada rejeito-os a todos e declaro reafirmando minha submissão ao Deus dos meus antepassados, mas que se fez história (e continua fazendo na vida igreja): Meu cristianismo não nasceu nesta geração!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A OFERTA DA VIÚVA - Parte 3


A VONTADE DE DEUS
Antes de continuar a refletir a partir da oferta da viúva observada por Jesus, permita-me fazer uma pequena digressão e, sem a pretensão de esgotar o assunto, embasar mais a nossa reflexão examinando qual a vontade de Deus para cada um de nós.
Para isso gostaria de tomar como base a carta de Paulo aos cristãos de Tessalônica.  Nela encontramos claramente dois direcionamentos da vontade de Deus para a igreja.
1. "A vontade de Deus é que vocês sejam santificados" (1Ts 4:3).  Deus tem como objetivo para a vida de cada um dos seus servos uma existência de santificação; sem a qual ninguém o verá (confira em Hb 12:14).  Ou seja, ser exatamente como Ele é (em Levítico várias vezes e em 1Pe 1:16 explicitamente). 
Isso traz algumas implicações, a saber: primeiramente é preciso estabelecer prioridades: Jesus determinou em Mt 6:33 que o seu Reino e justiça ocupassem o primeiro lugar.  Mas também se faz necessário sair do aconchego e da zona de conforto para viver o evangelho em sua plenitude e até, se preciso, renegar pai e mãe, aos quais devemos honra (veja Lc 14:26).  Certamente não haverá santificação sem renúncia e disposição ao sacrifício voluntário.  Não posso me esquecer que Jesus colocou como condição ao discipulado a negação das demandas pessoais e o assumir da cruz (considere para sua vida Mt 16:24).
2. "Dêem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus" (1Ts 5:18).  A vontade de Deus é claramente que cada homem e mulher – suas obras primas – vivam e existam para o seu louvor e glória.  E isso é mais que apenas um convite (mesmo no Sl 95:1).
Veja como este aspecto da vontade de Deus para minha vida é expresso nos páginas bíblicas: o Livro dos Salmos apresenta em seu último verso uma ordem direta: tudo o que é vivo e respira deve louvar ao Senhor (é o Sl 150:6), e isso não é opção, é mandamento sagrado!  Além do mais, Paulo instruiu a igreja a manter como tema e conteúdo de toda fala, conversa e pensamento aquilo que sirva de louvor ao Senhor (leia com atenção Cl 3:36).
Porém sem dúvida a mais importante citação quando se trata da vontade de Deus sobre a vida de adoração e louvor é Is 43:7 – "... a quem criei para minha glória".  Fui criado para a exclusiva glória de Deus.  A vontade do Senhor para minha vida é ser um instrumento de seu louvor e glória, e diante desta prerrogativa todas as outras perdem valor e importância: a minha própria subsistência ou vontade tem que se submeter a vontade divina e servir a sua exaltação.
Hoje posso entender que a viúva pobre que Jesus observou entregando a sua oferta naquele dia tinha uma convicção muito clara da vontade de Deus em sua vida.  E antes de prosseguir no estudo do caso, que eu possa já hoje fazer refletir a vontade Deus sobressaindo sobre a minha, para a sua glória.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O OFERTA DA VIÚVA - Parte 2


A CONTABILIDADE DE DEUS
Na semana passada comecei a refletir sobre a história da oferta da viúva observada por Jesus e descrita de forma sucinta pelos evangelistas.  A ênfase da reflexão recaiu sobre aquilo que Jesus viu enquanto notava as ofertas sendo entregues no santuário.  Hoje quero continuar refletindo com base na mesma narração procurando compreender como se mostra a contabilidade de Deus em correlação à contabilidade humana.
Estou bem consciente que minha especialidade não é na área de Ciências Contábeis – sei que entre nós há alguns irmãos bem mais habilitados.  Porém mesmo nesta olhada leiga de temas contábeis mas buscando aprofundamento nas verdades bíblicas posso destacar duas diferenças fundamentais.  Convido-os a analisar comigo para depois também concluir.
Em primeiro lugar a contabilidade de Deus não é baseada na aritmética nem é estruturada a partir da arte de composição numérica.  Ao chamar a atenção de seus discípulos para a atitude daquela mulher, Jesus estava mostrando que o mais importante não era a quantidade – o valor da moeda – da oferta.  Deus não soma e subtrai números procurando fechar empiricamente seu balancete, mas considera e ama aquele que com simplicidade dá com alegria (veja 2Co 9:7).
Em segundo lugar, Deus não baseia sua contabilidade numa relação causal, ou seja, não está subordinado às leis de causa e consequência.  Esta lei natural foi dada a mulheres e homens (tanto em 2Co 9:6 quanto Gl 6:7).  Deus, por sua vez, age e contabiliza baseado em seu poder e seu amor e não está submetido a lei alguma (compare Is 43:13 com 1Co 3:7).
Estas duas constatações – e não são as únicas possíveis – devem me levar a pelo três conclusões; e elas deverão me servir de base na hora trazer minha oferta ao Senhor tanto de modo regular quanto agora enquanto trabalhamos em nossa Campanha para Aquisição de Nosso Patrimônio.
Dízimo e oferta não é pagamento de dívida ou quitação monetária.  É retribuição de amor e gratidão pela graça favorecida (veja o que se propõe o salmista no Sl 116:12-19).
Concluo também que minha oferta não deve estar vinculada ao registro de fatos passados – materiais ou espirituais – numa relação de ativos e passivos contábeis.  É uma antecipação graciosa do futuro que está por vir (gosto em especial do que Paulo disse Fl 2:13).
Também importantíssima é a conclusão que chego de que oferta não é nem investimento nem poupança nesta vida ou na vindoura.  Primariamente é uma observância a uma ordem direta: é um ato de fé e obediência (no AT lemos Ml 3:10 e no NT Jesus fala em observar a benevolência sem omitir os ditames da lei em Mt 23:23).
Hoje devemos refletir sobre a contabilidade de Deus e trazer nossas ofertas e dízimos baseados naquilo que ele mesmo fez e faz por nós para sua glória
Na próxima semana pretendemos continuar refletindo ainda com base neste episódio.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

MISSÕES ESTADUAIS - Ultrapassamos nosso alvo


Nos meses de setembro e outubro estivemos empenhados em nossa Campanha de Missões Estaduais 2009.  E como bem aponta nosso alvo: Deus faz prodígios no meio da igreja.
Como toda campanha missionária deve ser, nosso foco voltou-se para três ênfases: orar, ir e sustentar.
Durante todos os Domingos, colocamos nossos joelhos no chão e intercedemos pelo Estado de Sergipe, clamando a Deus que desperte sua igreja para a obra missionária, abra portas para pregação do Evangelho salvando nosso povo e animando e confortando aqueles que já estão nos campos.
Também consideramos um alvo alcançado o maior interesse demonstrado em nos envolvermos com a obra missionária, vejo como pastor que já se fala com mais disposição em ir levar as sementes do Evangelho aqui em nossa terra, entre nossa vizinhança e nos lugares de Sergipe que mais precisam ser alcançados.  Mas nesta área ainda precisamos avançar muito mais.  Quanto a isto espero inclusive que nossas lições na EBD ajudem deste despertamento evangelístico no Sol Nascente.
E, para a glória de Deus, nossa oferta foi ultrapassada em quase 50 % do valor estabelecido.  Este dinheiro chegará aos campos missionários onde o Senhor já está fazendo os seus prodígios.
Que o Senhor continue operando na vida e no esforço missionário da Igreja Batista Sol Nascente.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A OFERTA DA VIÚVA - Parte 1


Além das grandes narrações bíblicas – histórias épicas e eventos de fé que mudaram a história e são lembrados como referência ainda hoje – há pequenos relatos narrados no texto sagrado, como que apenas flash de situações que foram preservadas pelos escritores.  Um destes é narrado por Marcos (apenas quatro versos – Mc 12:41-44) e que ficou conhecido como a oferta da viúva.
Sem entrar nos detalhes – até porque no Evangelho eles são poucos – queremos começar uma pequena série de estudos hoje sobre este episódio.  Com certeza ele vai também nos chamar a atenção, como chamou a dos evangelistas e nos fazer refletir neste momento em que estamos nos empenhando na Campanha de nosso terreno.
Tudo começa com a observação de Jesus.  Marcos diz que com simplicidade Jesus sentou-se em frente ao lugar onde eram colocadas as contribuições, e observava a multidão colocando o dinheiro no gazofilácio.  Em linhas gerais, o que Jesus observou e viu naquele dia é o que queremos refletir.
Em primeiro lugar Jesus percebe quando vamos adorar no santuário.  Quando aquela viúva chegou para adorar, o Senhor a notou em sua atitude de culto.  Pois é isso mesmo que acontece quando o povo de Deus vem a sua casa para buscá-lo em adoração.
É certo que Deus nos ouve em qualquer lugar, mas se lembrarmos da resposta que o Senhor deu a Salomão no dia da dedicação veremos que há uma predileção do Senhor pelo lugar do culto: escolhi este lugar para mim, como templo (2Cr 7:12).
Por que é verdade que o Senhor percebe seus filhos reunidos em adoração, e se agrada disso, então devemos fazer nossas as palavras do Sl 122:1.
Uma segunda verdade que extraímos na narração é que Jesus percebe atitudes individuais em meio ao agito da multidão.  A ação da viúva pode ser destacada e individualizada entre todos aqueles cultuantes.  Ou seja, embora nosso culto seja coletivo, Deus é capaz de ver e tratar a cada um particularmente.
Lembremos que na instrução paulina sobre a diversidade dos dons e a unidade que deve haver na igreja, ele diz que embora sejamos todos partes de um mesmo corpo – a igreja – e como tais uma multidão dos que crêem (a expressão está em At 4:32), a nossa participação no corpo de Cristo e nossa adoração é individualizada (veja 1Co 12:27).
A atitude do salmista Davi deve ser encontrada em cada um de nós ao se achegar ao templo para cultuar: buscar uma disposição de se prostrar pessoalmente para render graças ao nome do Senhor (é o Sl 138:2).
Uma terceira percepção da observação de Jesus é que ele busca a intenção do coração e não a encenação exterior.  Mais que simples demonstrações de atitude de culto, o que Jesus buscava, e encontrou naquela viúva foi um coração entregue completamente ao Senhor: ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver.
A apresentação das ofertas dos irmãos Caim e Abel são bons exemplos.  Enquanto o primeiro foi rejeitado por o pecado já estava a porta do coração enquanto que o segundo foi aceito de bom grado pelo Senhor (a narração está em Gn 4:1-7).
Mais uma vez é dos Salmos onde encontramos refletida esta verdade: veja o Sl 24:3-4 e o Sl 64:10.
Na próxima semana vamos continuar refletindo sobre esta pequena narração evangélica, mas por ora, procuremos de coração e pessoalmente buscar o Senhor no seu santo templo para adorá-lo, pois é certo que ele nos vê e ouve.
(Na imagem lá em cima, duas pequenas moedas antigas como as que devem ter sito depositadas pela viúva e observada por Jesus)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

104 ANOS - Hoje é aniversário de minha avó

Hoje a nossa família festeja o aniversário de minha avó Emília.  Ela está completando 104 anos de vida.  Para festejar esta data estou postando uma parte do um artigo escrito por minha tia Yclea e publicado no site http://www.maosdadas.net em 30 de junho último.
Na foto aí vemos a imagem dela tirada no ano passado.


Minha mãe, Emília Perruci Cervino. Gosta de ficar em sua cadeira de balanço. Traz os cabelos branquinhos, o corpo magro, a respiração cansada, tem certa deficiência visual e auditiva por causa dos muitos anos vividos. Sua mente, porém, está lúcida e ativa. Acorda pela manhã perguntando se é dia de ir à igreja. Canta hinos de louvor a Deus, recita versículos da Bíblia, aconselha os que se achegam a ela, e está sempre feliz. Quem a vê, tão frágil e dependente, não imagina a mulher forte e valorosa que tem sido, nem o quanto sofreu, lutou e venceu com humildade e mansidão.

Filha de imigrantes italianos, teve sua infância permeada pelo amor dos pais, pela pobreza e pelas perdas familiares. Órfã aos 13 anos, Emília conheceu o evangelho por meio de uma vizinha que a socorreu durante o luto. Batizou-se na Igreja Batista da Torre, em Recife, PE. Ela recorda com muita alegria a sua juventude, as festas sociais, os namoros, os programas onde recitava poesias e cantava.

Ela tinha o desejo de servir a Jesus, então a igreja apoiou seus estudos no Colégio Americano Batista e na Escola de Trabalhadoras Cristãs (hoje Seminário de Educação Cristã). Depois trabalhou em um hospital como auxiliar de enfermagem. Ali conheceu a dona de uma fábrica de biscoitos e massas, de quem se tornou grande amiga. Essa mulher sofrera um acidente e ao sair do hospital convidou Emília para trabalhar como sua enfermeira particular.

Casou-se em 1933 com um primo de São Paulo, também filho de imigrantes, chamado Rafael. Em um mês namoraram, noivaram, casaram e viajaram. A amiga rica deu todo o enxoval, inclusive vestido de noiva!

Algum tempo depois o casal voltou para Recife e novamente a amiga rica os ajudou conseguindo para Rafael um emprego na fábrica, onde ele trabalhou durante 35 anos, até a aposentadoria. Como representante passava dois anos em cada capital. Assim Emília criou seus filhos sem família por perto para ajudá-la. Perdeu dois recém-nascidos.

No início Rafael não era evangélico, mas, quando morreu, aos 95 anos, tornara-se um crente fiel. Emília fazia o culto doméstico diariamente, levava suas filhas à igreja, orava e evangelizava os vizinhos. Ensinava não só com palavras, mas com o exemplo diário e constante. Participava ativamente na sua igreja e denominação. Cooperou na organização da Casa da Amizade, do Lar Batista Elizabeth Mein e em muitas outras atividades. Ajudou a criar órfãos e tinha sua casa aberta para todos os que precisassem. A “Pensão da Dona Emília” (como apelidaram a sua casa), sempre tem visitantes, hóspedes e amigos para as refeições, para dormir ou morar com conforto e boa acolhida.

Ao acordar pela manhã ela me abraça e diz: “Minha filha, quanto eu te amo!”. Ou: “Por que só você cuida de mim?”. Eu sempre lhe explico que Deus me preservou solteira para me dar o grande privilégio de estar com ela agora. Esta é pessoa maravilhosa que eu admiro, e é admirada por muitos, amigos e irmãos na fé.


Ycléa Cervino, 70, trabalhou durante 50 anos na Casa da Amizade, no Seminário de Educação Cristã, em Recife, PE. Hoje está aposentada e reconhece como seu ministério cuidar da mãe.




segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Identidade Batista em tempos de mudança

Tendo em mente a celebração dos nossos 400 anos, transcrevo aqui um excelente texto escrito pelo Pr. Denton Lotz - então Secretário-Geral da ABM - e publicado da Revista da Aliança Batista Mundial.




IDENTIDADE BATISTA EM TEMPOS DE MUDANÇA



Há Igrejas Batistas na Rússia que são chamadas "Cristãos Evangélicos".  Na Alemanha são chamadas "Igreja do Evangelho Livre".  Algumas Igrejas Batistas na América do Norte são chamadas "Igrejas da Comunidade", e algumas na África são identificadas pelo nome da agência missionária que as deu origem.  Em tempos de mudança, quando procuramos entrar em contato com uma cultura secular alienada, obviamente um número de Batistas em todo mundo sente que o nome "Batista" não é necessariamente essencial para comunicar nosso alvo primário que é ganhar almas para Jesus Cristo como Senhor e Salvador!  No entanto, em todas as nossas missões e evangelismo nosso alvo não é fazer batistas, mas fazer cristãos!!
Mas, isto significa que não temos uma identidade ou distintivo batista?  Pelo contrário, é necessário lembrar que em nossos dias a herança e a tradição Batistas nos é importante e por isso precisamos entender para comunicar a fé que proclamamos em Cristo Jesus como nosso único Senhor e Salvador!
Certamente como todos os cristãos históricos e ortodoxos, confirmamos as doutrinas básicas da Trindade, da divindade de Cristo, seu nascimento virginal, sua crucificação e ressurreição, bem como sua segunda vinda!  Afirmamos com a Reforma Protestante a doutrina de "somente pela fé e pelas Escrituras, somente por Cristo e pela graça".
Então, em que os Batistas se distinguem e nos dá identidade, e que são marcadores importantes de nossa tradição em relação a outros cristãos?
1.        Batismo de Crentes versus aspersão de crianças – os Batistas crêem que uma pessoa quando chega à idade adulta deve fazer uma decisão pessoal de seguir a Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor.  Isto não pode ser feito em nosso lugar por um parente ou pela Igreja.
2.        Igreja livre versus religião estatal – os Batistas crêem que a religião não pode ser coagida ou forçada pelo Estado ou por qualquer autoridade religiosa.  Com certeza este conceito de liberdade religiosa e separação da Igreja do Estado é nossa maior contribuição à história religiosa da humanidade.
3.        Política congregacional versus autoritarismo episcopal – o princípio democrático de ser a congregação local a Igreja de Jesus Cristo em determinada área é um importante princípio eclesiológico dos Batistas.  Os Batistas sentem que o cargo de bispo no Novo Testamento é diferente do autoritarismo dos bispos de hoje.  Pela livre eleição de seus oficiais (pastores, bispos, diáconos, etc.), a Igreja local consegue sua liderança, e é crucial a participação dos leigos, homens e mulheres, na missão da Igreja.
4.        Associonalismo versus relacionamento – em relação ao conceito de democracia congregacional acima descrito, há no entanto um forte entendimento histórico de que a Igreja local não está sozinha mas está ligada com outras Igrejas locais da comunidade.  Mas, é na base do voluntariado, sem nenhuma autoridade de uma igreja sobre a outra.  Eis aí porque nossa união é na base do princípio do voluntariado.
5.        Liberdade de alma e lealdade à Bíblia versus coerção de credos e doutrinas – tendo visto a tragédia da inquisição, a queima de hereges e perseguição religiosa, os Batistas durante o período da reforma reconheceram que cada indivíduo deve fazer sua própria profissão de fé diante de Deus.  Portanto, os credos podem ajudar na explicação da fé, mas não podem ser o instrumento para exclusão do universo da igreja.  Em vez de credos, que são por natureza exclusivistas, os Batistas enfatizam a Bíblia, como a única autoridade em matéria de fé.  A liberdade da alma pela liderança do Espírito Santo, tem sido o princípio que guia a interpretação bíblica da vida e da vitalidade na congregação.  É por isto que os Batistas dizem que todos os Princípios de Fé não devem estar presos a credos, mas estes são apenas uma ajuda e devem sempre ser fiéis à Bíblia.
Outros historiadores e teólogos Batistas podem adicionar mais a nossa identidade Batista.  O que foi dito aqui é apenas uma ligeira visão para ajudar os Batistas em todo o mundo a considerar a importância de nossa Eclesiologia Batista nas muitas mudanças de paradigmas e de situações nas quais devemos ministrar e fazer missões para espalhar o Reino de Cristo em nossas Igrejas locais e no mundo!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

CONHECE-TE A TI MESMO


Ao abordar o tema da Ceia do Senhor, sua doutrina e prática, o apóstolo Paulo incluiu a seguinte instrução: examine-se cada um a si mesmo (a instrução completa está em 1Co 11:17-34 e especificamente o verso 28).
Ao trazer este tema para o contexto da celebração cristã, Paulo estava dizendo compreender que embora a Ceia seja um momento essencialmente gregário, daí ser comunhão e requerer comunidade, ela, como toda a celebração, adoração e culto público pressupõe que antes deve haver a experiência do quarto fechado (é como se dissesse que o convite do Sl 34:3 só acontecerá depois de cumprido Mt 6:6).  Assim, hoje, quando trago os elementos para a Mesa do Senhor na comunhão da igreja devo primeiramente já ter comungado como Pai que vê em secreto.  E o que isso quer me dizer?
Inicialmente que toda relação com Deus é individualizada em sua origem.  Embora o próprio Jesus tenha pregado às multidões e tenha reunido uma igreja, seu convite ao relacionamento é unitário (nos evangelhos sinóticos temos o desafio da cruz individual – Mt 16:24; Mc 8:34 e Lc 9:23).
Posso acrescentar a ilustração do novo nascimento dita a Nicodemos (em Jo 3:3) como algo extremamente individual; bem como a argumentação profética sobre a responsabilidade pessoal (em Ez 18).
Na Ceia do Senhor sou confrontado individualmente com o crucificado e meu relacionamento com Ele é profundamente avaliado.  Como Deus fez com Adão (lembre Gn 3:8-9); minha história, meus compromissos e prioridades, minha fé, tudo o que tenho e sou deve ser pesado diante da cruz para que então, e só então, eu possa comer dignamente da Ceia.
Mas é aqui que detecto o problema: assim como Paulo confessou aos Romanos, que embora conhecesse e desejasse fazer o bem, o mal insiste em me rodear (leia Rm 7:18-25).  Na Ceia reconheço-me miserável pecador e por isso mesmo suplicante e carente da graça que vem de Jesus que me livra do corpo sujeito à morte.
Assim, diante do que percebo após o auto-exame só me resta uma única alternativa: fazer minha a oração do salmista:
Sonda-me, ó Deus;
e conhece o meu coração;
prova-me, e conhece as minhas inquietações.
Vê se em minha conduta algo te ofende,
e dirige-me pelo caminho eterno.
(Sl 139:23-24)
Comamos e bebamos na Mesa do Senhor com esta oração no coração e uma canção nos lábios, para sua glória.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

AQUISIÇÃO DE NOSSO TERRENO



Nós, como Congregação Batista reunida no Conj. Sol Nascente em Aracaju estamos nos reunindo na casa da Rua Major João Teles, 80 há mais de dez anos.  Durante todos estes anos o Senhor nos confirmou – mais de uma vez e de maneira bem clara – que Ele mesmo nos concedeu este lugar para edificarmos um santuário para sua adoração.
Começamos orando e pedindo que o Senhor estivesse intervindo nas negociações: e Ele atendeu!
Em resumo a história é a seguinte:
Oramos pela vida do Senhor Eramar Beckman, o dono deste imóvel, e Deus nos levou até a casa dele lá em Minas Gerais para testemunharmos que aquele homem é um verdadeiro servo de Deus. 
Como filhos do mesmo Deus e na dependência do mesmo Espírito nos comprometemos e concluir a transação no imóvel.  Nas palavras do irmão Eramar: "a casa é da igreja".  Ao tempo que também nos empenharemos em abençoá-lo com o repasse do valor do bem – hoje avaliado em R$ 250.000,00.  Oramos junto lá em Minas e nos dispomos a seguir unicamente a orientação divina sobre como proceder daqui para frente.  O Senhor que nos trouxe até aqui nos conduzirá adiante.  Tomamos como promessa para nós as palavras de Paulo em Fl 1:6.
Hoje estamos em plena Campanha.  Pela fé sabemos que Deus acrescentará com a sua graça e misericórdia a nossa fidelidade.
Temos feito cantinas, almoços e outros pequenos esforços para angariar recursos – isso é bom, mas não o suficiente.  O que realmente traz resultados é o povo de Deus se empenhando e contribuindo – este é o modelo de Deus citado em 2Co 9:7.
Reafirmamos que em nossa Campanha para Aquisição do Terreno o mais importante é o envolvimento de cada crente e a oferta de fé e amor que trazemos ao altar de Deus.  E o Senhor confirmará aquilo que já nos deu.
Sei que Deus está tocando em seu coração para contribuir pessoalmente com nossa Campanha, procure hoje a tesouraria de nossa igreja ou deposite na CEF: 2185 013 66913-0.
ORE E CONTRIBUA. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A IMAGEM DE DEUS




No texto Sagrado nós lemos que Deus imprimiu no ser humano a sua imagem, isto quer dizer que em cada um de nós pode ser visto o reflexo daquilo que o próprio Deus é.  Mas isto dito assim talvez não signifique muito para as nossas vidas hoje!  Então vamos implicar um pouco esta afirmação para que possamos aprender o que ela significa para nós.
Em primeiro lugar a imagem de Deus é, em caráter geral compartilhado com todos os seres humanos, independente de sua raça, nacionalidade, sexo ou credo – sim credo!  Todo e qualquer ser humano traz a imagem de Deus.  Por mais que alguém seja miserável, corrupto e pecador, ele traz dentro de si um traço da essência da divindade.  Sendo assim, compreendemos que não há uma pessoa que seja totalmente corrompida pela desgraça do pecado ou completamente influenciada pelo maligno que não se possa reconhecer nela algo de bom a ser apreciado.
Ora, se todos somos igualmente a imagem de Deus, então o que fazemos pode e deve de alguma forma expressar um pouco desta imagem: isto quer dizer que toda produção humana é um pouco reflexo de uma ação divina; toda criação humana pode também ser boa, independente de ter sido feita dentro da minha igreja, por que mesmo os que estão fora dela também refletem a imagem de Deus.
Mas ainda há um outro ângulo a se analisar.  Se em seu caráter geral todo ser humano reflete a imagem de Deus, e isto o pecado não pode suprimir; em seu caráter específico, esta imagem de Deus sofreu distorções com a presença da queda na história humana.  Mesmo sabendo que tendo a imagem de Deus todo ser humano é igual, temos que observar que esta imagem foi maculada pelo pecado e agora já não mais reflete com fidelidade a expressão daquele que o criou – a imagem de Deus está turvada nos homens e mulheres quando se encontram em seus estados de pecado e rebeldia contra Deus.
É neste estado então que Cristo Jesus nos encontra e seu trabalho salvífico se configura exatamente em restaurar em nós a imagem de Deus.  Observe: a) Deus criou o ser humano e deu a ele a sua imagem; b) o ser humano deliberadamente distorceu a imagem que recebeu, embora que não a tenham apagado por completo; c) no plano divino, Cristo foi enviado e padeceu providenciando que a imagem fosse novamente fiel a Deus que a deu originalmente.  Na linguagem bíblica, o primeiro Adão pecou e Cristo, sendo o segundo Adão, restabeleceu aquilo que se tinha decaído.
Tendo observado estes pontos – que não são absolutamente os únicos a se abordar quando o tema é a imagem de Deus – lembremos de valorizar aquilo é bom no gênero humano pois de alguma forma reflete um pouco do que Deus deixou refletido neste, mas também lembremos que somente em Cristo é que somos verdadeiramente aquilo que Deus espera que sejamos: A IMAGEM DE DEUS.
(Na foto lá em cima, uma imagem de nossa crianças: um bom exemplo da imagem de Deus refletida)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

PORQUE AMO SERGIPE




Entre nós há muitos pernambucanos, alagoanos, baianos e outros tantos – são todos muito bem vindos e os queremos bem aqui; eles que me compreendam, mas eu amo Sergipe!  Eita terra boa!
Eu amo Sergipe não por ela ser a terra de homens como Tobias Barreto, Silvio Romero ou Inácio Barbosa, ou por ser o menor Estado do Brasil com pouco mais de 21 mil km² e sua capital Aracaju ter algo em torno de 500 mil pessoas morando (na foto lá em cima, Aracaju vista do satélite - fonte GoogleEarth).

Eu amo Sergipe não por suas praias (a bem verdade nem ando muito na Atalaia), suas flores e paisagens (e como tem lugar bonito aqui! - na foto ao lado a construção da ponte ligando Aracaju a Itaporanga).

Eu amo Sergipe também não pela minha história pessoal: nasci aqui há mais de quarenta anos, cresci e estudei, fui batizado nesta terra e Deus me encontrou fazendo-me vocacionado, aqui também me casei e me tornei pai.  Também não é porque apenas tenho trabalhado com a igreja aqui há mais de 15 anos (ao lado Aracaju em 1920).
Eu amo Sergipe apesar de problemas urbanos recentes e da violência que teima em chegar (lembro da infância em que não tinha nada disso!); apesar de nosso histórico complexo de isolamento e pequenez; apesar de nossa forte tradição religiosa que às vezes parece maior que a busca sincera pela verdade – o que mais parece acomodação – mas não é de todo o mal maior.
Eu amo Sergipe porque Deus tem me chamado para pastorear este povo – sim amo mais o povo que o chão! (ainda ouço como para mim as palavras de Jesus a Pedro em Jo 21:16-17). 

Eu amo Sergipe porque acredito que o Senhor vai fazer dessa nossa gente um povo todo seu – afinal sei que é verdade que posso todas as coisas naquele que me fortalece (como Paulo diz em Fl 4:13 - na foto uma visão do nosso povo lá no Sol Nascente celebrando). 

Eu amo Sergipe porque o Senhor tem me dado ainda sonhos sobre este lugar e posso confiar que a destra do Senhor fará proezas (é a promessa do cântico que está no Sl 118:15 - e este aí do lado sou eu lendo).
Eu amo Sergipe porque acredito que para tal tempo Deus me colocou aqui e que não haverei de ouvir as pedras clamando sobre o meu silêncio (vou assumir o conselho dado à rainha Ester em Et 4:14 e me cuidar da advertência de Jesus na entrada de Jerusalém em Lc 19:40).
Por isso eu amo Sergipe e por isso quero levá-lo a amar mais e mais o Senhor da glória.

(olhe o sol se pondo num parque aqui da cidade)



sexta-feira, 23 de outubro de 2009

NO DIA EM QUE O SOL PAROU


A história do dia em que o sol parou lá no Antigo Testamento está entre aquelas mais lembradas das narrativas bíblicas.  Mas para entender melhor o episódio deixe-me inicialmente colocá-la num contexto.  A conquista dos filhos de Israel da terra prometida no século XV a.C. aconteceu em meio a batalhas sangrentas.  Josué liderou o povo como um militar e sempre os animou a tomar a iniciativa e enfrentar seus inimigos dispostos à vitória.
O que ocorreu e foi narrado no capítulo 10 do livro de Josué não segue a mesma linha de acontecimentos: liderados por Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, uma coligação levantou-se e desafiou os gibeonitas.  Para defender seus aliados, Josué juntou seus melhores homens e partiu para a guerra.
Antes de chegar no inusitado da história – o evento do sol parado – já podemos aprender algo.
A primeira lição é de solidariedade.  Os reis se juntaram para atacar Gibeon.  E para defender seu aliado, Israel se lançou à batalha.  Tudo começa quando o povo de Deus é capaz de sentir a dor e o problema de irmão e se envolver procurando se somar na resolução dos mesmos.
Textos não faltam neste sentido: no AT o Sl 133 fala em vivermos em união e no NT Jesus declara que nossa identidade só aparecerá quando amarmos uns aos outros (está em Jo 13:35).  Tudo indica que Josué e seus homens realmente anteciparam a instrução paulina de compartilhar o choro e a alegria do outro (como é dito em Rm 12:15).
A segunda lição vem da atitude de Josué em reunir seus melhores homens (veja Js 10:7).  Para enfrentar as batalhas que sobrevêm contra nós – principalmente as batalhas espirituais – temos de colocar o que temos de melhor a disposição do nosso General.
Aqui lembro ainda das palavras de Jesus que fala em Mt 6:33 em dar o primeiro lugar ao Reino de Deus.  Também não posso me esquecer da advertência de Jeremias quanto ao fazer a obra de Senhor de modo negligente (leia em Jr 48:10).
É nesse momento que o surpreendente acontece.  Quando o povo de Deus se coloca com amor e disposição, o próprio Senhor faz aquilo que não nos é possível (lembre de Mt 19:26).  Duas expressões do verso 14 nos dão o tom da ação divina.
Em primeiro lugar é dito que o Senhor atendeu a um homem.  O que está claro aqui é que quando um servo fiel entra em oração, Deus atende.  Tiago ainda observa o mesmo sobre o profeta Elias que, mesmo sendo humano como nós, Deus o atendeu segurando a chuva.
A outra expressão é que o Senhor lutava por Israel.  O nosso Deus vai a nossa frente e luta por nós.  É o caso da confiança de Neemias ao incentivar o povo na reconstrução do muro (confira Ne 4:20).
É isso que acontece: Deus manipula as leis naturais para agir poderosamente em favor dos seus filhos quando estes se unem com dedicação, amor e zelo, e quando entram na batalha em oração e confiança (compare Gn 8:22 com Js 10:13 e veja do que Deus é capaz!).
Com ousadia, nos entreguemos à batalha espiritual, certos de que o Senhor vai fazer o sol parar até que nossos inimigos se ponham em fuga e a vitória esteja conquistada para o seu louvor.