sexta-feira, 28 de maio de 2010

EU TE VI



No princípio do ministério terreno de Jesus, ele saiu pela Galileia a chamar pessoas para serem seus discípulos.  Encontrando Filipe em Betsaida, Jesus o chamou e este logo repassou o convite a Natanael.  Depois de uma hesitação inicial e tendo sido confrontado com o próprio Mestre, Natanael decidiu por segui-lo (leia a narração em Jo 1:43-51).
O que me chama a atenção nesta passagem é que Jesus foi categórico: Eu o vi debaixo da figueira (citação do verso 48).  A partir desta afirmação de Jesus, vou me permitir hoje, nesta palavra pastoral, uma certa liberdade para extrapolar o contexto da frase.   Desta forma, posso compreender que assim como Natanael, Jesus me alcança com a sua visão, seja qual for a minha posição.
Jesus viu Natanael debaixo da figueira.  Mesmo sem detalhes no texto, é fácil compreender que a sombra daquela árvore seria um lugar acolhedor para um descanso.  Da mesma forma, Jesus hoje me percebe em meu lugar de conforto e comodidade.  Quando estou relaxado e recostado em minha sombra (física ou existencial) Jesus me confronta com o desafio.
Na Bíblia sempre foi assim: Abraão deveria deixar a casa do Pai (em Gn 12:1); Ezequiel o aconchego da esposa (em Ez 24:15-18) e Pedro a estabilidade financeira das redes de pesca (em Mt 4:18-20).
Também Jesus diz que viu Natanael antes de Filipe lhe falar.  Jesus já havia percebido aquele homem parado ali.  Talvez eu possa entender que Filipe o encontrou sem muita perspectiva do que fazer.  Assim posso afirmar que Jesus me vê quando a preguiça, a inércia e o desânimo dominam minha vida e percebe que é preciso tomar atitude.
Voltando a Bíblia, da mesma forma: Moisés precisava deixar da casa do sogro (em Êx 3:16); Elias a segurança da caverna (em 1Rs 19:9); e Jonas o porão do navio (em Jn 1:5).
Indo além, Jesus viu o questionamento de Natanael sobre Nazaré.  Aquele homem foi extremamente preconceituoso e a Jesus esta atitude não passou despercebida.  Natanael era sincero, mas precisava mudar.  Hoje sou confrontado com minhas ideias pequenas e incrédulas que não conseguem aceitar a manifestação de Deus onde ela aconteça.
Outros exemplos bíblicos são: Saul diante do oferecimento de Davi para enfrentar Golias (em 1Sm 17:33); o sacerdote Amazias contra o profeta Amós (em Am 7:12-13); e Pedro mesmo diante da visão (em At 10:13-15).
Onde estou, sou visto por Jesus, e é exatamente a partir deste lugar que ele me chama e me convoca para fazer parte do seu grupo seleto – para o discipulado.  E eu, quando aceito o chamado e o desafio da missão então tenho meus olhos também abertos para ver a grande realização da glória e da manifestação divina (veja o que Jesus prometeu a Natanael em Jo 1:50-51).
Hoje Jesus está me vendo e me chamando. Que resposta vou dar a ele?

(lá em cima, na foto, não é a figueira onde Jesus viu Natanael em baixo, mas é a mangueira que temos no terreno que o Senhor nos tem dado)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

2º Ano das Mulheres: Vasos de Bênçãos

Neste último sábado festejamos o segundo aniversário do grupo de mulheres de nossa Igreja.  Foi uma festa bonita e abençoada.
Há dois anos, semanalmente as mulheres da IB Sol Nascente vêm se reunindo toda semana para juntas orarem, estudarem a Palavra de Deus e se fortalecerem mutuamente.  O encontro de toda terça-feira à noite realmente tem sido um ponto forte no trabalho aqui em nossa Igreja.  Sem dúvida, Deus tem abençoado a nossa Congregação também por causa destas mulheres que estão demonstrando ser verdadeiramente vasos de bênçãos nas mãos do Senhor.
Aqui vão mais algumas fotos da festa do sábado:
Oramos para que o Senhor continue abençoando este trabalho.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

QUANDO SOPRA O VENTO

No segundo versículo da Bíblia é dito que o Espírito – como um vento – de Deus soprava sobre a terra ainda em formação.  Até então só havia silêncio e caos.  É aí que, de maneira poética, o texto diz que Deus com o seu vento pairava sobre o nada primordial.
Essa associação entre espírito e vento que transcorre o texto sagrado, além de linguística, me permite deixar voar minha mente e alma e ser envolvido pela beleza e fascínio deste sopro.   Com esta poesia, veja comigo o que acontece quando sopra o vento de Deus.
Em primeiro lugar, Deus fala.  Em Gênesis capítulo primeiro, o que domina a narração é: E disse Deus...  Quando sopra o vento do Senhor ouve-se a sua voz.
O Deus que com seu Espírito pairou no princípio é o Deus que fala com os seres humanos.  Como um vento que sopra e toca nossos ouvidos, o Senhor sempre fala de suas maravilhas a sua obra prima (uma boa referência é a conversa de Jesus com Nicodemos – veja Jo 3:8; mas também a indicação de Amós em Am 3:7). 
Ainda em Gênesis, do nada o universo é criado.  Não me interessa informações astronômicas ou documentação científica.  O sopro espiritual é poesia criativa e beleza que gera mundos.
Através da leitura bíblica sou levado a acompanhar o processo criativo do vento divino enquanto ele sopra.  Não havia material pré-existente – Deus não precisa disso, Ele faz do nada o tudo acontecer, traz a existência o que não existe (o texto aos Hebreus diz que aceitamos isso somente pela fé – Hb 11:3; leia ainda como é bela e forte a resposta do Senhor a Jó a partir do capítulo 38).
Quando sopra o vento do Espírito, o caos se transforma em jardim: o que era deserto e desordem, com o passar deste vento, é processado em um lugar acolhedor e belo.
O vento soprando é a garantia que tenho na existência de um projeto maior para a criação.  Deus não criou o mundo e o abandonou a própria sorte; Ele quer que eu viva num lugar aconchegante, por isso sopra sobre a desordem para que haja vida e bem neste lugar (a Isaías é dito bem claro – Is 45:18; e este sentido pode também ser lido na promessa de Rm 8:18-25).
O mesmo Espírito que soprou no princípio ainda assobia em meus ouvidos e me enche de vento sagrado pois foi soprado sobre os discípulos pelo próprio Jesus (confira em Jo 20:22).  É por isso que continuo crendo que nesta brisa divina ainda posso escutar a voz do Senhor, posso ver um mundo novo sendo criado e nele um jardim de delícias sendo plantado.
Que sejamos embalados neste vento que sopra sobre nós.
(Na foto lá em cima, a beleza da praia de Japaratinga - em Alagoas - um exemplo exuberante do que faz o Senhor quando sopra seu vento)

terça-feira, 18 de maio de 2010

VASOS DE BÊNÇÃOS

Esta semana as mulheres de nossa Igreja comemoram mais um ano de seu trabalho organizado.  Mais um ano de bênçãos e vitórias.  
Este tem sido um grupo muito valoroso em nossa comunidade e festejar o seu aniversário é motivo de muita alegria para toda a Igreja Batista Sol Nascente.
Neste próximo sábado teremos um culto especial quando celebraremos o segundo aniversário das MULHERES: VASOS DE BÊNÇÃO.
Neste ensejo, trago aqui uma reflexão sobre o tema apresentada pela Profª Yclea Cervino, que além de minha tia - o que me dá orgulho santo - é uma líder do trabalho feminino batista no Brasil (na foto, a ocasião em que ela falou para nossas mulheres).



VASOS DE BÊNÇÃOS

Sabendo que o tema das senhoras é "vaso de bênçãos", resolvi fazer uma pesquisa na Bíblia sobre os vasos, achei muitos versos importantes que quero compartilhar. O primeiro é em Jeremias 18:1-6. Deus manda Jeremias ir à casa do oleiro e observar o seu trabalho tirando dele lições. Deus se apresenta como o oleiro e os homens barro em suas mãos. Ele é soberano e faz os jarros diferentes como Ele quer. Isaias 45:9 e 64:8, também, apresenta a mesma idéia, acrescentando: "ai daquele que contende com o oleiro". Ele, Deus, faz o que quer, como quer, na hora em que quer. Aprendemos que somos diferentes uns dos outros, externamente, um é gordo, outro magro; um é alto, outro baixo; um é preto, outro branco; internamente, temos diferentes temperamentos, diferentes disposições. Deus nos fez assim e nos usa mesmo com as diferenças. No mesmo capítulo de Isaias ele afirma o propósito de Deus para nós é: "anunciar às nações que só há um Salvador, um Deus justo e bom que nos ama" (Is 45:21-22). Somos vasos diferentes, mas lavados e justificados por Jesus para anunciar as Boas Novas.
O apóstolo Paulo falando a Timóteo (2Tm 2:20-21) diz que há vasos para honra e vasos para desonra; se nós ficamos puros e limpos nos tornaremos vasos para honra, mas se deixarmos o pecado entrar em nossa vida e manchar o vaso ele será usado para desonrar o nome de Deus. Precisamos nos purificar cada dia, e para isto devemos nos encher com o Espírito Santo. Paulo escrevendo aos Efésios recomenda: "enchei-vos do Espírito" (Ef 5:18b), quando o vaso está cheio não há lugar para mais nada. Assim, como vasos na mão do Oleiro precisamos nos encher com o Espírito e apresentar os frutos que estão descritos em Gálatas 5:19-25. Notemos a diferença entre as obras da carne e os frutos do Espírito, e meditemos em cada um. Quais os frutos produzidos em nossa vida. É fácil manifestar as obras da carne: "prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizados, contendas, ciúmes, iras, facções, dissensões, partidos, invejas, bebedices, orgias e coisas semelhantes". Porém, é difícil produzir os frutos do Espírito: "amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e temperança". Só mesmo sendo cheios, dominados, transbordando do Espírito Santo é que seremos capazes de possuí-los. Através dos frutos é que somos conhecidos como cristãos, e só com eles é que podemos desempenhar a nossa tarefa de ganhar pessoas para Cristo, de testemunhar do amor de Deus. Finalizando queremos fazer a mesma oração encontrada em Hebreus 13:21: "Que Deus nos aperfeiçoe cada dia", temos uma luta constante contra a carne para fazermos o que é agradável a Deus e mostrar os frutos o Espírito. Quando fazemos a vontade de Deus, vivemos em Espírito, compartilhamos a nossa fé com o mundo ao redor, dando assim, toda a honra e glória a Deus, através de Jesus Cristo. Amem!
Ycléa Cervino

sexta-feira, 14 de maio de 2010

ANTECIPAÇÃO



Volto hoje ao tema da Ceia do Senhor, assim deve ser, pois temos a instrução de mantê-la como memorial, logo sempre a trazendo na memória para nunca nos esquecermos daquilo que foi feito por nós.  Mas a Ceia é mais que isso: Paulo disse que a comeríamos enquanto Cristo não vem.  Ou seja, além de memorial, a Ceia também é uma antecipação festiva do que nos aguarda.
Neste sentido, a Ceia do Senhor é uma celebração antecipada do grande banquete que nos será servido no Dia do Senhor (lembro que Davi já pedia por isso no Sl 23:5).  É como se diante da Mesa do Senhor estivéssemos a ouvir: "enquanto não vem o prato principal, vão aproveitando aí as delícias da Ceia que lhes é servida por ora" (talvez eu até possa entender 1Co 13:9-10 neste sentido).
Acompanhe comigo um pouco do conteúdo desta antecipação celebrativa:
ü       Hoje cremos já somos perdoados; na Ceia celebramos a certeza de que o pecado não mais terá domínio sobre nós (leia 1Jo 2:12 e Rm 6:14).
ü       Apesar das circunstâncias, ainda não me falta o ânimo porque Cristo venceu o mundo; na Ceia antecipo a convicção que habitarei no lar onde habita a justiça (veja Jo 16:33 e 2Pe 3:13).
ü       Sou salvo desde já na esperança; porém na Ceia festejo a alegria de que tragada foi a morte na vitória (palavras de Rm 8:24 e 1Co 15:54).
ü       Já posso experimentar a cura, pois minhas dores foram levadas na cruz; através da Ceia descanso, pois Ele enxugará todas as lágrimas (compare Is 53:5 com Ap 7:17 e 21:4).
ü       Hoje vivo a presença do que está conosco; na Ceia celebro agora a chegada do grande dia que ouvirei: "vinde benditos do meu Pai" (devem ser lidos em paralelo Mt 28:20 e 25:34).
Sim, a Ceia é o provisório, mas antecipa o definitivo, e por isso desde já a sua celebração tem que ser motivo de muita alegria e regozijo por aqueles que mesmo vivendo apenas na lembrança da promessa, mas já podem se sentir à mesa com o Pai. 
Que estejamos assim hoje diante da Mesa do Senhor, como quem saboreia a antecipação do grande dia (ainda Mt 5:12 e Lc 6:23).
(Lá em cima, a foto da mesa onde celebramos a Ceia do Senhor todo mês aqui em Sol Nascente)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Jornada Teológica - SETEBASE

O Seminário Teológico Batista Sergipano - SETEBASE, aqui em Aracaju, estará promovendo uma Jornada Teológica na próxima semana trazendo como tema ESCATOLOGIA - A Doutrinas das Últimas Coisas.
Aí vai o cartaz e o convite a todos que quiserem participar.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

CINCO MÃES NA BÍBLIA

O segundo domingo de maio pauta sempre nossas reflexões: o dia das mães.  E é claro que não vou fugir do tema aqui.  Como ponto de partida quero citar as palavras de Salomão no Salmo: "os filhos são herança do Senhor" (Sl 127:3).  Por crer que estas palavras são absolutamente verdadeiras, então devo começar entendendo que a maternidade é uma bênção dos céus.  Todos os filhos pertencem a Deus, mas ele os deixa como parte de sua eterna riqueza para que a partir deles sejamos abençoados.
Pensando nisto, e no que fazer com esta bênção-herança que o Senhor concedeu, poderia perguntar: o que fazer com nossas crianças? (e para as mães os filhos são sempre crianças!).  Para responder a esta indagação, vou tomar cinco exemplos da Bíblia para que nos sirva de guia.
O primeiro exemplo é Joquebede – a mãe de Moisés.  O texto não apresenta muitos detalhes sobre ela, mas no início do livro do Êxodo ela aparece como uma mãe cuidadosa e ocupada em garantir o sustento e a proteção de seu pequeno filho.  A história é conhecida: ela prepara o cesto, coloca o menino nas águas e deixa a irmã de tocaia.  A atitude de Joquebede nos ensina que uma mãe no modelo bíblico sempre providencia o cuidado necessário para seus filhos.
Mas este é só o começo.  Um segundo exemplo é a mãe de Sansão.  A Bíblia não diz o seu nome mas a apresenta no capítulo 13 de Juízes como uma serva de Deus que foi visitada pelo anjo.  Ela recebeu instruções de como cuidar da criança que haveria de nascer, compartilhou a bênção e a instrução com Manoá, seu marido, e fez exatamente o que o Senhor esperava dela.  Uma mãe assim é aquela que sempre busca no Senhor a maneira correta de tratar as suas crianças.
Como terceiro exemplo, cito Ana – a mãe do grande Samuel.  Depois de orar e se quebrantar na presença do Senhor, Ana recebeu como resposta o nascimento do primeiro filho e o dedicou ao Senhor, como é dito nos primeiros capítulos de 1º Samuel.  A história de Ana já mereceria um estudo à parte, ela nos demonstra que a melhor atitude a se tomar em relação aos filhos que o Senhor nos dá é dedicá-los inteiramente ao Senhor.  E creio que este foi o segredo do sucesso de Samuel!
Mais um quarto exemplo bíblico de mãe é Loide – a mãe de Timóteo.  Numa citação rápida de 2º Timóteo, o nome desta serva de Cristo é apresentado como alguém que soube muito bem educar seu filho nos caminhos e na palavra de Deus.  Aqui está um modelo para uma mãe bem sucedida segundo os padrões bíblicos: incutir nele a semente do evangelho.
E finalmente, coroando esta lista materna da Bíblia, chego a Maria – a mãe de Jesus.  Além de agraciada com a maternidade miraculosa, Maria é o exemplo de mãe porque soube com sinceridade e santa humildade se colocar a disposição de Deus para que Este fizesse nela a sua vontade.  Não há atitude que melhor demonstre o modelo bíblico de mãe que uma serva de Deus que está disposta a fazer a vontade do Senhor em todas as suas ações e decisões.  Fazendo isso, todos os outros exemplos se completam.  Maria na sua dedicação se mostrou como a mulher e mãe cuja atitude deve ser copiada.
Neste dia das mães, que os exemplos bíblicos nos serviam como padrão e modelo.  E que o Senhor nos dê mães na estirpe de mulheres como aquelas, para a glória dele.

(na foto lá em cima, a irmã Maria José, tida e querida como uma mãe para todos nós aqui erm Sol Nascente)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Teologia das $emente$

Alguns propagadores da Teologia da Prosperidade têm afirmado: “Quem planta sementes de laranja, colherá muitas laranjas. Quem semeia dinheiro colherá muito dinheiro. E quem semeia muito dinheiro colherá muitíssimo dinheiro”. Os incautos que acreditam nisso aceitam cada novo desafio dos telepregadores das $emente$. E estes, por avareza (2 Pe 2.1-3; 1 Tm 6.10), percebendo que a estratégia está funcionando, pedem valores cada vez mais altos.

Se a Teologia das $emente$ é mesmo uma lei, ela deve funcionar para todos, em qualquer lugar do planeta. E, se isso acontecesse, a miséria do mundo diminuiria drasticamente. Imagine um pobre haitiano, que tenha apenas um dólar no bolso. Digamos que ele, ao ser evangelizado, resolva semear a sua única nota e — miraculosamente — receba cem dólares. Ele, então, semeia dez dólares e, para a sua surpresa, ganha mais mil! Em pouco tempo, apesar de toda a miséria à sua volta, ele enriquecerá. Que testemunho! Tudo começou com uma única semente... Mas, e aqueles miseráveis (como o que aparece ao centro, na imagem acima) que não têm sequer um dólar para semear?

O texto de 2 Coríntios 9 tem sofrido na mão de alguns eisegetas — e não exegetas — da Teologia da Prosperidade. Segundo eles, essa passagem assevera, prioritariamente, que devemos semear dinheiro para colhermos mais dinheiro. É claro que Deus abençoa aqueles que contribuem para a sua obra. Mas o contexto imediato da aludida passagem mostra que Paulo ensinou os coríntios a contribuírem, antes de tudo, movidos por generosidade, e não por necessidade, como que desejando colher mais do que foi semeado.

Ao fazermos uma exegese da aludida passagem neotestamentária, descobrimos que a lei do “semear e colher” foi apresentada pelo apóstolo Paulo dentro de um contexto de auxílio generoso aos pobres. Nada tem que ver com desafios egoísticos para obter prosperidade, riquezas ou para comprar aeronaves, casas, carros, etc. O texto de 2 Coríntios 8.1-6 mostra que os macedônios, conquanto pobres, ofertaram do pouco que tinham para socorrer os irmãos de Jerusalém.

Quando Paulo estimulou os coríntios a serem generosos a favor dos santos de Jerusalém, era notório que eles passavam por sérias dificuldades (2 Co 9.1-5). Os apóstolos haviam solicitado a Paulo e a Barnabé que se lembrassem dos pobres (Gl 2.9,10), e eles trouxeram uma contribuição de Antioquia a Jerusalém (Rm 15.25-32). E foi nesse contexto que o tal apóstolo disse aos crentes de Corinto: 
“Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará” (2 Co 9.6). Ele desejava que os coríntios contribuíssem com espontaneidade e alegria, e não por causa do que receberiam em troca.

Se o que nos estimula a contribuir para a obra do Senhor é prioritariamente a generosidade, não precisamos de pressão psicológica. Entretanto, foi isso que fez, recentemente, um teólogo das $emente$ convidado para pedir uma semeadura de R$ 1.000,00, em certo programa de TV. Esse famoso “doutor” norte-americano ordenou, como se tivesse a certeza de que os telespectadores estavam hipnotizados: 
“Eu quero que você vá ao telefone, saia da sua cadeira, saia do seu sofá. A obediência retardada se torna uma rebelião”.

O tal “doutor”, considerado “o homem mais sábio do mundo”, mostrando o quanto está distante da sabedoria do Alto, também afirmou: 
“Quando você quiser algo que nunca teve, você deve fazer algo que nunca fez”. Imagine o que acontecerá se algum incauto resolver aplicar esse infeliz bordão como um princípio geral para a sua vida! Mas a Palavra do Senhor é clara quanto à primacial motivação do cristão, ao contribuir:“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2 Co 9.7).

No entanto, de modo irresponsável e deselegante, certo telepregador assembleiano (assembleiano?), em uma de suas falações, chamou de “trouxa” os irmãos que contribuem para a obra de Deus movidos prioritariamente pela generosidade, e não pelo desejo de obterem uma colheita financeira abundante. Ele, com isso, ignorou ou desprezou o ensinamento central de 2 Coríntios 9, de que a nossa contribuição para a obra do Senhor deve ser generosa, e não interesseira: 
“aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para alimento, também suprirá e aumentará a vossa sementeira, e multiplicará os frutos da vossa justiça; enriquecendo-vos em tudo para toda a generosidade...” (vv.10,11).

Portanto, a Teologia das $emente$ é uma grande falácia, posto que se opõe ao princípio da generosidade. Ela estimula o crente a contribuir por causa de sua necessidade, egoisticamente, e não por generosidade altruísta. Ademais, tem sido empregada para o enriquecimento ilícito de telenganadores, os quais, usando “palavras fingidas” (2 Pe 2.3), produzem cristãos materialistas, que buscam os seus próprios interesses e ignoram as “coisas lá do alto” (Cl 3.1).
Ciro Sanches Zibordi



(Fonte: http://cirozibordi.blogspot.com)