terça-feira, 30 de novembro de 2010

UM POVO QUE VEM PARA ADORAR

Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.  Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus; não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.
(1º Pedro 2:9-10)
O Deus Santo e Todo Poderoso, amoroso e compassivo é o Deus que é reverenciado na adoração cristã.  Ele criou os céus e se encarnou em Jesus Cristo.  Assim, por estes atributos não é adorado por qualquer ser humano.  Logo, podemos questionar: Quem são as mulheres e homens que comparecem diante de Deus para o adorar?  Como identificar o povo que em verdade presta culto ao Senhor?
O Salmo 24 nos dá a primeira indicação.  Depois de levantar o mesmo questionamento que fizemos acima, o salmista responde: “Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, que não se volta para a mentira nem jura falsamente” (Salmo 24:4).  O povo que comparece no lugar santo para cultuar a Deus é aquele que já foi limpo pelo próprio Senhor e traz na alma o espírito de humildade perante a face sagrada do Rei a quem louva.  Para cultuar a Deus, cada um no meio do povo precisa ter a sua vida lavada pelo sangue do Cordeiro.
Outra indicação nos vem das palavras de Jesus que nos diz que no meio de dois ou três que se reunam em nome dele, ali ele se faria presente (Mateus 18:20).  A gente que se reúne e faz desta reunião um verdadeiro culto ao Senhor, é aquela que o faz no nome de Jesus.  Toda reunião só será culto e adoração – mesmo de crentes! – se esta for feita em nome de Cristo Jesus.  Se assim não for, será apenas um punhado de pessoas: qualquer coisa, menos culto e louvor a Jesus.
Que Deus nos conceda estar limpos e humildes na presença de Jesus e em nome dele reunidos a cada semana para podermos verdadeiramente cultuar e adorar ao nosso Deus.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ONDE ESTÁ JESUS?

Jesus Cristo está presente em vários e diferentes momentos e lugares de nossa cultura.  Nestas terras, pelo menos um pouco todos conhecem de quem foi Jesus e do que Ele fez.  Com mais ou menos propriedade e acertos sempre ouço o nome de Jesus; sempre se pode ver em edificações de igrejas a exposições de crucifixos.  Mas questionaríamos: onde estaria o Verdadeiro Jesus Cristo na vida dos brasileiros?  Com base nos relatos bíblicos, deixe-me apresentar três possíveis respostas.
Ap 3:32 cita a igreja de Laodicéia como sendo uma igreja cristã, mas na qual Jesus estava do lado de fora querendo entrar.  A primeira resposta que encontro é que em muitas situações, Jesus está fora; é um estranho; não tem participação na vida dos brasileiros.  Podem até usar o título de cristãos; mas na realidade o próprio Cristo não compartilha com eles da ceia!
Da história dos discípulos que saíam de Jerusalém na tarde da ressurreição (Lc 24:13-35) encontro uma segunda resposta.  Eles caminharam por alguns quilômetros conversando com o Mestre mas não o reconheceram.  Assim é com alguns.  Jesus está bem do lado; eles até algumas vezes sentem o coração queimando pela proximidade, contudo não são capazes de reconhecê-lo e com isso desfrutar toda bênção e glória da companhia divina.  Cristo permanece na periferia da vida!
Mas o lugar onde Jesus quer estar em nossas vidas é bem dentro do nosso coração.  Quando ressuscitou, Jesus se aproximou dos discípulos e soprou neles o Espírito (Jo 20:21) simbolizando que dali em diante Jesus estaria sempre dentro daqueles que o seguissem – lembra-se da promessa na ascensão: estarei convosco (Mt 28:20).  O próprio Jesus foi bem enfático quando afirmou que o lugar de se encontrar o seu Reino seria dentro de cada seguidor (Lc 17:21).  O único lugar onde realmente faz toda diferença é dentro do nosso coração e de nossa vida – bem no centro!
Querido, se Jesus está em outro lugar qualquer que não seja o seu coração, convide-o a entrar ainda hoje.  E tenha certeza que se cumprirá a sua palavra: Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão (Jo 10:28).

terça-feira, 23 de novembro de 2010

DEUS DESCE PARA ESTAR COM O POVO

Disse Deus:
 “De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, tenho escutado o seu clamor.  Por isso desci para livrá-los...”.
(Êxodo 3:7-8)
Na semana passada nós tivemos a oportunidade de refletir um pouco sobre o encontro do Senhor com Moisés no Monte de Deus (Êxodo 3); mas paramos no verso 6 quando Moisés esconde o seu rosto por temer olhar para o Senhor.  Realmente a certeza da presença sagrada de Deus deve nos conduzir a um sentimento de temor e reverência.  Agora, então, vamos continuar aprendendo do diálogo entre Deus e Moisés.
A partir do verso 7 é o Deus Santo e Todo Poderoso quem toma a iniciativa de falar.  E neste falar está a ação e reação do próprio Deus diante das circunstâncias humana.  Três verbos nos chamam a atenção: ver / ouvir (v. 7); descer (v. 8) e livrar (v. 8). O Deus que exige correção em sua presença é o Deus que se deixa tocar pelas circunstâncias humanas.
O Senhor disse a Moisés que o clamor dos filhos de Israel chegou até Ele e por isso agora estava descendo para estar no meu do povo: a dor do seu povo é o seu sofrimento; o choro do seu povo são as suas lágrimas, mas o sonho do seu povo é a sua obra.  Ele diz que irá fazê-lo subir para uma nova terra.  O Deus a quem celebramos e adoramos é santo e tremendo, mas não é um Deus distante e alheio – é um Deus presente, compassivo e misericordioso.  É isto que celebramos em Cristo Jesus: Deus na sua justiça exigia a morte dos pecadores, mas em Cristo esta justiça foi satisfeita; e agora com Ele podemos ter comunhão pois é o próprio Deus quem se compadece do pecador e por ele dá a vida.
O Deus a quem adoramos é um Deus santo e justo – deve ser temido – mas também está no meio do seu povo – deve ser amado.  Celebremo-lo assim!
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

AS MARCAS DE JESUS

A partir de relatos e tradições medievais, alguns homens e mulheres dizem receber em seus próprios corpos marcas genuínas das chagas em Cristo.  Estes por sua vida de devoção e religiosidade são escolhidos por Deus para trazerem os "estigmas" da cruz – ou no latim: stigmata.
Porém quando vou à Bíblia procurando nela sobre o tema, o que encontro é Paulo escrevendo aos cristãos da Galácia, já no final da epístola, quando ele diz: trago em meu corpo as marcas de Jesus (em Gl 6:17). Na leitura da carta sagrada me parece que o apóstolo está falando de outra coisa ou que, pelo menos, aponta outro sentido e direção completamente diferente da tradição.
Paulo fala das cicatrizes no corpo – e na alma – que ele acumulou ao longo de sua vida e ministério apostólico.  Assim sendo, tais marcas não são motivo de vaidade ou arrogância; também não se mostram como peso ou motivo de lamento e nostalgia frustrante.  As marcas de Jesus são sim a evidência concreta e objetiva da alegria na humilde submissão à vontade de Deus.  Desta forma, desdobrando a compreensão das cicatrizes cristãs alegadas aos gálatas, devo entender que:
a. As marcas de Jesus são registro e testemunho da história pessoal do apóstolo.  Ao longo de sua vida e caminhada como missionário desbravador cristão, Paulo foi submetido a diversas situações dolorosas e adversas.  Tudo isso deixou profundos traços no seu próprio corpo (leia o que diz em 2Co 11:23-28).  Olhar para as marcas de Jesus em seu corpo era se lembrar de toda a trajetória por onde teve de passar, o que lhe conferia respaldo para desafiar a igreja a uma vida com Cristo (leia Tt 2:12).
b. Aquelas marcas ainda salientavam os compromissos e prioridades assumidas durante a jornada.  A vida cristã não é simplesmente fácil; exige comprometimento e que se estabeleça hierarquias de valor (note o que ele disse aos líderes de Éfeso em At 20:24). Cada nuance e cada dobra de cicatriz no corpo gritava por si só sobre o que motivava essencialmente Paulo.  À vista delas o apóstolo tinha autoridade para conclamar a encarnar o desafio cristão (Paulo levou a sério Mt 16:24).
c. E ainda as marcas que Paulo trazia eram a salvaguarda das esperanças que o mantiveram firme – e isso está na base de toda a sua teologia e doutrina (em diversos textos como Rm 8:18; Gl 2:20; Cl 2:20; 1Co 15:14; 1Co 1:22-23; Rm 5:2).  Cada marca trazida era uma garantia que lhe foi gerada de que em Cristo, e somente nele, há verdadeira esperança (compare ainda 1Co 15:58 com Fl 1:6).  Assim, o apóstolo podia com propriedade arregimentar, conclamar e enfileirar cristãos imbuídos de compromisso e viva esperança (a expressão é de 1Pe 1:3, mas está em acordo com Paulo aqui).
Estas são as marcas apostólicas de Jesus que Paulo trazia em seu corpo.  Agora devo com sinceridade me questionar: e eu e você, que marcas trazemos em nossos corpos que testemunham nossa história com Cristo?  Nosso compromisso primário?  Nossa maior esperança?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

NA MONTANHA SAGRADA

Então disse Deus:
 “Não se aproxime.  Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa”.
(Êxodo 3:5)
Lemos no capítulo 3 do Livro de Êxodo que Moisés estava no Monte Sinai apascentando o rebanho de seu sogro quando viu uma “chama de fogo que saía do meio de uma sarça”.  Com curiosidade natural ele então se aproximou para ver melhor o que era aquilo.  Aquela visão e aproximação haveria de transformar por completo, não somente a sua vida, como também a história da relação de Deus com os seres humanos.
Do meio da sarça – na Montanha Sagrada – Deus falou: “Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa”.  Todo encontro com Deus é, por natureza, um encontro com o sagrado e o sobrenatural.  Para que Deus se revelasse a Moisés seria preciso que ele compreendesse e temesse a santidade do lugar e do ato que estava ali se desenrolando.
Com certeza, aquele Deus da sarça é o mesmo Deus com o qual temos nos encontrado semanalmente na sua igreja.  E para que este encontro seja verdadeiramente um momento de adoração e possamos celebrar o Deus revelado a nós é necessário que cada um tenha a consciência e o temor da santidade divina envolvida neste encontro.  Todo crente quando vem em busca do contato com Deus no culto precisa trazer a certeza de que vai estar diante daquele que é sobrenaturalmente santo e por isto exige temor e reverência diante de sua presença augusta.
Que o próprio Deus nos faça absorver estes valores de santidade divina para que possamos adorá-lo no seu lugar sagrado como lhe convém.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CAVANDO POÇOS

A água é um dos recursos mais preciosos na região que hoje chamamos Oriente Médio.  Na época dos patriarcas penso que mais ainda.  Quando Abraão, Isaque, Jacó e seus filhos andaram por aquelas terras, uma fonte confiável de água era certamente um bem inestimável e uma garantia de provisão, sobrevivência e prosperidade.
O livro de Gênesis nos conta que Abraão cavou poços, mas teve que disputá-los com Abimeleque, o rei dos filisteus (confira em Gn 21:22ss).  Anos mais tarde, seu filho Isaque se viu envolvido com a mesma questão da água e dos poços e os servos de Abimeleque.  Lendo o capítulo 26 de Gênesis o que mais me chama a atenção é que Isaque não somente reabriu as fontes que os filisteus tinham entulhado como repetidas vezes se mudou e cavou novos poços.
É desta atitude repetitiva e cansativa do patriarca diante das investidas dos seus adversários que quero tomar como modelo para minha vida quando também sou afrontado.
A primeira característica que transpareceu em Isaque neste episódio é que ele se mostrou um homem pacificador e humilde.  Mesmo sabendo que tinha sido seu pai que cavara os poços, ele não se constrangeu em mudar de lugar e cavar novamente.  São a homens com tais que Jesus os nomeou bem-aventurados por receberem a terra por herança e serem filhos de Deus (leia em Mt 5: 5 e 9).
Também Isaque se mostrou um homem de visão diferenciada.  Cavar um poço era atividade necessária, porém de risco.  Sem água só restaria a morte, mas nunca se tinha garantia de encontrá-la até se ter todo o trabalho de cavar e cavar.  Lá pelas tantas da história quando finalmente conseguiu um poço não disputado, o patriarca expressou sua capacidade de visão: agora o Senhor nos abriu espaço (em Gn 26:22).  Só quem enxerga a provisão de Deus pode se dá ao trabalho de cavar na certeza de que o Senhor vai abrir novos horizontes.
Uma terceira marca de Isaque era a determinação.  Nada o faria desistir de chegar a um veio seguro de água.  É importante também ressaltar que seu objetivo não estava em derrotar os filisteus, mas em conseguir água.  São os objetivos certos que tornam um servo de Cristo imbatível em suas conquistas.  Aqui devo apontar tanto a instrução aos Hebreus de ter sempre a Cristo como alvo (leia em Hb 12:2), quanto a advertência de que só estarão aptos para o Reino os que persistirem com determinação sem olhar para trás (vá a Lc 9:61).
É a um homem como este que o Senhor aparece e fala: não tema, porque estou com você; eu o abençoarei (em Gn 26:24).  E o texto prossegue com a atitude correta de Isaque.  Ao ver o resultado de seu trabalho (lembre de 1Co 15:58) e a promessa divina refeita, Isaque construiu um altar e invocou o nome do Senhor.  Tudo o que faço deve me conduzir à adoração (lembre também de Rm 11:36).
E o texto termina: ali armou acampamento, e seus servos cavaram outro poço (em Gn 26:25).

terça-feira, 9 de novembro de 2010

EU VI O SENHOR

... eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado,
 e a aba de sua veste enchia o templo.
(Isaías 6:1)
Estudar a Bíblia é sempre uma agradável tarefa.  E aprender das páginas sagradas quem é o Deus ao qual dirigimos a nossa adoração é uma tarefa muito mais gratificante.  Pois é isto mesmo: o Deus a quem nos dirigimos nas nossas celebrações hoje é o mesmo Deus que se revelou nos textos antigos – Hebreus 1 nos diz que Ele falou aos pais pelos profetas...
Um destes textos majestosos é a visão do profeta Isaías.  No capítulo 6 no seu livro de profecias, o profeta relata que viu o Senhor.  Ele estava no templo e esta visão mudou a sua vida.  A visão do Senhor sempre nos provoca mudanças!  É para isto que estamos vindo ao templo: para ver o Senhor.  Deus está em todo lugar; mais há uma presença dele que é especial, grandiosa, tremenda, majestosa!  No seu templo Ele se revela de maneira especial aos seus.
Isaías então observa a atitude de louvor e reconhecimento da santidade de Deus nas palavras dos querubins: Santo!  Santo!  Santo é o Senhor dos Exércitos!  A visão de Deus deve infundir em nós um reconhecimento de sua santidade e isto se desdobra no reconhecimento de nossa fraqueza e pecado: “Ai de mim!” – é a exclamação do profeta.  Eu vi Deus em sua santidade e por isto estou perecendo!  Mas Deus lhe faz tocar a brasa viva do altar e lhe purifica os pecados – só Deus para fazer isto!
Que possamos adorá-lo reconhecendo sua santidade e amor que nos toca, muda e tira o pecado.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ADORAMOS UM DEUS SANTO

Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos,
a terra inteira está cheia da sua glória.
(Isaías 6:3)
Na semana passada nós começamos a refletir sobre quem é Deus, quando demos ênfase na exclusividade que Ele exige na adoração.  Toda a Bíblia nos aponta para o fato de que Deus é único e assim precisa ser reverenciado na adoração dos santos.
Hoje gostaríamos de prosseguir refletindo sobre o Deus com o qual nos deparamos em nossa adoração.  A Bíblia relata vários encontros de Deus com o ser humano; em todos eles há sempre um caráter surpreendente neste contato.  Deus é o radicalmente outro e por isso sempre nos surpreende quando nos faz sentir a sua presença.
Desta admiração surpreendida que advém da presença de Deus, duas constatações são destacadas toda vez no texto Bíblico:  Deus é Santo em sua essência.  Isso significa que é único em seus atributos e completamente distinto do ser humano que o adora.  A presença de Deus na celebração do culto deve produzir em nós a certeza de que estamos contemplando o Senhor tremendo, augusto e inefável.  O Culto não pode ser um evento qualquer na vida do povo de Deus.  Tem que ser o momento sublime quando eu contemplo a face do sagrado e ele me toca.
Desta constatação da santidade de Deus expressa no culto, deve brotar um sentimento de temor e reconhecimento de nossas faltas e pecados.  Sendo Deus absolutamente santo e eu pecador, como posso estar na presença dele e não perecer ali mesmo?  O culto tem que ser um momento de contrição e confissão na busca do perdão e da nossa aceitação por parte de Deus.
Que tenhamos esta consciência sublime da santidade de Deus e o espírito de quebrantamento diante da nossa realidade. Cultuemos pois assim.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)