segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mudaram o lugar do ponto


Na última sexta-feira, indo para casa, precisei tomar um ônibus aqui em Aracaju.  Depois de muita espera, alguns ônibus que passaram sem parar e de certa confusão descobrimos, eu e outros que também esperavam, descobrimos que o ponto onde o coletivo deveria parar já não era mais ali: haviam mudado o lugar do ponto e ninguém ali tinha sido avisado.
Não quero aqui discutir sobre o direito – e até dever – dos agentes públicos organizarem e normatizarem os espaços urbanos de modo a promover o bem comum e o melhor convívio possível em sociedade.  Esta discussão sócio-política, embora também seja do nosso interesse como cidadão desta terra, não será aqui o mote de minha reflexão.
Passei o fim-de-semana ocupado nas atividades eclesiásticas (e como isso me revigora a alma e o corpo!), mas sempre me veio à mente o episódio, e paralelo a ele o texto de Dt 19:14 – "não mudem os pontos antigos...".  Sim, eu sei também que o texto bíblico fala especificamente das divisas e fronteiras territoriais e da necessidade de respeitar as marcas e referências deixadas pelos antigos.
Tendo misturado todos este conceitos e ruminado neles, quase que de modo automático tais reflexões respingam na igreja e no conceito que tenho dela.  Embora o conteúdo central de nossa proclamação seja o evangelho – a boa novidade – mas nossa fé tem que estar alicerçada nos pontos e marcas deixadas pelos antigos.
Penso em duas ênfases bíblicas e elas se misturam: por um lado cremos que o Deus dos nossos pais é o mesmo que adoramos ainda hoje, por outro este Deus se fez história ao se encarnar.  Da mesma forma minha fé, pregação, doutrina e práticas eclesiásticas devem ser reflexo deste Deus que é imutável – pois se revelou desde o tempo dos nossos pais – e histórico – pois entra na nossa história e a atualiza.
Sei que há muitos que em nome da novidade mudaram o lugar do ponto, abandonaram as referências antigas e não mais consideram a rica herança que temos no depositário cristão.  Mas em nome do que creio ser uma fé cristã e biblicamente embasada rejeito-os a todos e declaro reafirmando minha submissão ao Deus dos meus antepassados, mas que se fez história (e continua fazendo na vida igreja): Meu cristianismo não nasceu nesta geração!

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