segunda-feira, 8 de junho de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XV


Logo em continuidade à Oração do Pai-Nosso – e de certo modo abrindo um parêntesis – Jesus amplia a questão da reciprocidade do perdão: “... se perdoarem uns aos outros” (Mt 6:14-15). Em primeiro lugar é preciso reafirmar o que foi dito na última reflexão: Não é que o Mestre condiciona um ao outro: o perdão divino é gratuito.
E este é exatamente o ponto de partida para toda a reflexão sobre o perdão. Paulo diz que por merecimento deveria receber a morte mas, de graça, me foi dado o perdão (Rm 8:23). A essência da mensagem cristã é a graça imerecida que foi outorgada por Deus em Cristo Jesus. Isto traz duas implicações básicas: primeiro que não há nada que esteja fora do alcance da ação perdoadora de Cristo e segundo que não há como falar em retribuição ou pagamento de natureza alguma no perdão divino.
A aceitação – pela fé – deste perdão incondicional e não merecido nos apresenta o outro ponto da reflexão: Jesus disse para dar de graça o que de graça recebo (Mt 10:8). Esta é a reciprocidade que o texto fala. Há uma implicação necessária ao discipulado radical que é a extensão do perdão recebido. Não mereço ser perdoado, mas Cristo de graça apagou minha dívida diante de Deus. É baseado neste perdão – e como resposta de gratidão a ele – que devo oferecer também, de graça, o perdão ao meu irmão. Esta é a verdadeira reciprocidade do discípulo de Cristo.
Jesus diz que o Pai Celeste tem perdão para outorgar de graça, mas exige que eu, como retribuição, também de graça perdoe. Isto é discipulado, não opção! E só assim poderei desfrutar toda a extensão das bênçãos advindas do perdão do Mestre.

2 comentários:

  1. Eu aqui denovo, desenvolvendo o bom hábito desta leitura. Sobre o que o pastor escreveu, e trazendo para mim, é sempre bom ler, lembrar que devo ser tolerante com aqueles que eu julgo errarem contra mim. Não como um ato de altruísmo, necessariamente, mas porque eu preciso fazer assim, pois é importante para minha saúde espiritual. Hoje os meus desafetos são os maus motoristas e alguns dos meus chefes, eu acho (risos). Mas esta desafeição é pontual, é limitada ao evento provocado. Atualmente me vejo pouco complacente, justifico a minha agressividade a "uma questão de justiça". Na verdade eu acabo lembrando que o comportamento do cristão deve ser dócil quanto leio algo relacionado ao comportamento cristão, como a sua coluna, ou vou a igreja. Mas eu acho difícil identificar o limite entre ser agressivo, irar-se com algo errado, e a passividade, ou um comportamento dócil (isso foi um pensamento). Talvez a solução esteja na dose da agressividade. Mas o que isso tem a ver com o perdão? É que as vezes, perdoar pode ser interpretado como esquecer, e a justiça não esquece, busca reparação. O que eu desejo é ser cristão, representar o cristianismo na minha geração, mas combater o comportamento anti-ético, injusto, ser firme sem endurecer o coração. Isso tem mostrado ser um desafio. Abraço.

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  2. Querido Renato,
    É bom ter você de novo. Espero que continue mantendo o hábito da leitura saudável, vai ser sempre bom para sua vida espiritual. E daqui espero continuar contribuindo para suas leituras.
    Quanto a conduta cristã, e em especial o binômio ira-compaixão entendo que o objetivo final do discipulado é gerar cristão comprometidos com a compaixão divina. No caso da ira - que algumas vezes pode até ser justificável (veja o caso e os limites em Ef 4:26) - este dev ser mediada pelo senso de justiça porém que nunca vem a ofuscar o verdadeiro sentido do cristianismo: nos tornar iguais a Cristo (veja ainda em Ef 5:1).
    Um abraço.

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