segunda-feira, 31 de agosto de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XXVII


Já temos aprendido que nos princípios do Sermão do Monte estão colocados os resumos de tudo aquilo que o Mestre pretendia estabelecer aos seus discípulos. E no verso de Mt 7:12 é dito explicitamente que Jesus estabelece o padrão para o relacionamento entre seus seguidores: ... pois esta é a Lei e os Profetas. Efetivamente, então, qual é o resumo do que foi dito na Lei e nos profetas?
O resumo é simples: a lei da reciprocidade. O seguidor de Jesus deve estabelecer como padrão de seus comportamentos e relacionamentos com outros fieis e com a sociedade em geral aquele tipo de atitude que gostaria de ver sendo dispensada a si mesmo. Ou seja, como eu quero ser tratado, eu devo tratar os outros. Jesus parece dizer que não há necessidade de maiores – ou mais detalhadas – regras de comportamento: se me dou valor e almejo por ser bem tratado, em todas as minhas atitudes para com os outros, esta disposição deve ser a norma.
Importante também é destacar que o Mestre aponta como responsabilidade de iniciativa o seu discípulo. Antes mesmo de saber como vão se comportar os que comigo convivem, ou que atitude tomarão ao meu respeito, é preciso assumir a iniciativa de buscar o bem que almejo ver no próximo. A vida cristã tem que ser uma vida de iniciativa e ação, e não apenas uma existência de respostas e reações.
Discípulos radicais do Mestre Jesus Cristo: o Senhor resumiu tudo o que foi dito aos antigos sobre a convivência humana como uma Lei de Reciprocidade – e isto me é imposto como condição do discipulado. Independentemente de como sou tratado, é preciso viver a iniciativa de buscar o bem que almejo na vida do próximo. Que eu viva neste padrão para a glória do Mestre.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

LUZ NAS TREVAS


O Sl 112:4 é o verso que temos tomado como lema para nossa Igreja. Não somente por que faz alusão ao nome que adotamos do conjunto onde Deus nos colocou mas principalmente por apontar para nossa missão, como parte que somos da igreja-corpo espiritual e eterno de Cristo que é fazer a luz de Deus nascer na história de todos e de cada ser humano. Neste dia em que celebramos mais um ano da abertura do trabalho no Conjunto Sol Nascente aqui em Aracaju queremos trazer à reflexão então o tema.
Na história da Filosofia, a luz está associada à aquisição do conhecimento, e isto em vários matizes. Para nós, contudo, este conceito é pobre para dizer o que o Salmo expressa. Em poucas palavras:

Trevas são ignorância – Luz é sabedoria
Trevas são ódio – Luz é amor
Trevas são desilusão – Luz é esperança
Trevas são tristeza – Luz é alegria
Trevas são solidão – Luz é companhia
Trevas são morte – Luz é vida eterna
Trevas são perdição – Luz é salvação

Considerando o texto bíblico – que em última análise é o que realmente nos toca – vamos refletir.
Em primeiro lugar não há concordância entre luz e trevas – Paulo diz isso aos Coríntios (2Co 6:14). No mundo natural há muita área de intercessão entre trevas e luz; nem tudo é branco no preto, há muito cinza; há o ocaso e o nascente onde os dois mundos se tocam. No mundo espiritual Jesus declara esta impossibilidade (veja o que Ele mesmo diz em Mt 12:30).
Um outro ponto importante é que não há como das trevas brotarem espontaneamente a luz. A luz não nasce das trevas por esforço próprio. Um não gera o outro nem no mundo natural nem no espiritual. Isso nos levar a compreender que nenhum trabalho ou crença puramente humana fará a luz divina nascer em nós.
Quanto a isso é bom lembrar da parábola que Jesus contou a cerca de um homem que tendo trabalhado, juntou uma grande fortuna e achou que estava com a vida ganha – só se esqueceu que o tesouro deste mundo não tem valor para salvar a alma (leia toda a história Lc 12:16-21).
Assim chegamos ao ponto principal. Mais que adquirir conhecimento ou conquistar tesouros, para que a verdadeira luz de Deus nasça em mulheres e homens é preciso entregar a vida a Jesus e estabelecer com ele um relacionamento real e pessoal (veja 1Jo 1:6-7).
Para entender melhor esta última afirmação deixe-me trazer textos: a Bíblia afirma que Jesus é a verdadeira luz de Deus que haveria de vir ao mundo (profetizado em Is 9:2 e cumprido em Mt 4:16 e o próprio Jesus se reconhece assim em Jo 8:12) e somente aceitando o seu convite para um relacionamento pessoal é que nas trevas da vida humana efetivamente nascerá a luz divina: Venham a mim (como é acalentador Mt 11:28-29).
Que esta luz nasça em cada um de nós.
(Na foto lá em cima, a placa que anuncia a presença de nossa Igreja no terreno que o Senhor Deus nos deu)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Nosso Aniversário


Esta semana estaremos comemorando mais um ano da abertura do nosso trabalho aqui no Sol Nascente. Sempre é motivo de festa e celebração. Vamos festejar juntos!
Desta vez não faremos uma grande celebração, no sentido trazer gente de fora para pregar ou cantar, nem montaremos palco como fizemos em anos passados. Vamos, sim, fazer uma grande celebração de adoração a Deus e anúncio da palavra do evangelho contando com o que temos de melhor em nossa própria casa. Sei que Deus ficará satisfeito!
No próximo fim de semana - Sábado (dia 29/08) e Domingo (dia 30/08) - estaremos todos nós aqui em nosso templo agradecendo a Deus pelo que Ele tem feito entre nós. Venha, traga pessoas para ouvir da Palavra de Deus as duas noites e vamos declarar ao Senhor o quanto somos gratos pela sua obra e o quanto o louvamos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XXVI


Continuando nosso aprendizado do Discipulado Radical proposto por Jesus, chegamos a uma das mais alentadoras promessas feitas pelo Mestre: Peçam ... busquem ... batam (Mt 7:7-12) – para que lhes sejas dado; encontrem e as portas se lhes abram. Com estas palavras, o Senhor outorga aos seus discípulos uma disponibilidade incalculável de poder e virtude na sua caminhada radical.
Ao servo de Cristo é dada a liberdade de chegar ao trono de Deus e pedir, buscar e bater. Como filho, me é dado a prerrogativa de colocar ao Pai aquilo que desejo e espero. Na oração do fiel está uma chave poderosíssima mas que deve ser usada com responsabilidade. Vejamos duas implicações:
Segundo Jo 14:14 o próprio Mestre diz: o que vocês pedirem em meu nome, eu farei. Posso realmente pedir o que está em meu coração ao Senhor, mas o segredo do sucesso da oração passa primeiro no reconhecimento que somente pelo nome poderoso de Jesus é que posso ter ousadia de dirigir minha petição ao Pai.
Lá em 1Jo 5:14 encontro o segundo segredo para o sucesso de minhas súplicas: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá. Quando o meu pedido está em sintonia com a vontade do Pai Celeste, é promessa garantida que serei atendido.
Aos discípulos de Jesus está posta a promessa de que se pedirem, em oração, o próprio Deus – que é um Pai melhor que qualquer um aqui nesta vida – vai atender com o que tem de melhor. Cheguemos a Ele como filhos amados.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ANDA NA MINHA PRESENÇA


Não costumo pautar o que trago à reflexão pastoral no púlpito de nossa igreja pelo que leio nos blogs ou pela última “bomba” da mídia, acontece que o tema da ética está tão misturado com a vivência cristã e com o que Deus espera de cada um de nós que resolvi trazer, à luz da Bíblia, algo sobre o assunto.
Sabemos que o termo ética não está nas páginas sagradas, embora o conceito esteja! E será a partir de uma instrução divina ao patriarca Abraão que pautaremos nossa reflexão.
O texto diz que o Senhor apareceu novamente a Abraão quando ele tinha 99 anos, refez as promessas e a aliança, mudou-lhe o nome e estabeleceu critérios: “Ande comigo e seja correto” (tradução livre a partir de Gn 17:1). Observo logo que esta ordem está em perfeita conformidade com a instrução paulina que diz: “vede diligentemente como andai” (Ef 5:15 na versão mais tradicional).
É claro que andar em ambos os textos tem a ver não com a sequência de troca de passos ao caminhar e nem responde ao cumprimento corriqueiro de como tenho andado. Ele responde ao modo de viver e a conduta exigida do cristão no seu dia a dia. E é esta resposta que vou buscar a partir das próprias indicações apostólicas, em três versos:
1. Ef 5:2 – vivam em amor. Tudo começa com o amor que é o vínculo da perfeição (ligo a Cl 3:14). A minha conduta cristã tem que ser pautada no amor pois se tenho tal padrão de comportamento estou me assemelhando ao próprio Deus.
2. Cl 4:5 – sejam sábios no procedimento. A sabedoria de Deus deve nortear meu modo de proceder, com inteligência, perspicácia e prudência. E se esta me faltar, devo buscá-la no próprio Deus (a indicação é de Tg 1:5).
3. Gl 5:16 – vivam pelo Espírito. A última indicação que citaremos é o coroamento do nosso modo de agir. A minha maneira de ser e de viver tem que ser exatamente moldada pela maneira de ser e viver do Espírito Santo de que habita em mim (ainda Paulo em 1Co 3:16).
Para finalizar quero lembrar Enoque. Não há muitos detalhes sobre sua vida, mas nada poderia ser acrescentado sobre o que é dito: “Enoque andou com Deus 300 anos ... e já não foi encontrado, pois Deus o havia arrebatado” (Gn 5:22-23). Que andemos assim.
(A foto lá em cima é de Rogério e sua família, queridos irmãos de nossa igreja andando aqui em Aracaju)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Globo X Record: um duelo sem mocinhos


A briga e troca de acusações recente entre as redes de televisão tem estado no centro de muitas conversas, além de ter provocado uma verdadeira enxurrada de posts em blogs dos mais diversos, principalmente por envolver o nome dos evangélicos.

Para não ser apenas mais um a dar opinião, mesmo por que a análise da questão envolve aspectos diversos, transcrevo aqui para discussão com o cuidado e as ressalvas que fizerem jus o artigo publicado pelo bispo anglicano Dom Robinson Cavalcanti.


Posicionamento Episcopal
A população brasileira tem assistido estarrecida ao duelo de acusações morais entre as redes de televisão Globo e Record. Ambas são concessionárias de serviço público, e, como tal, deveriam servir ao público e prestar contas ao Estado. É sabido o relacionamento da Rede Globo com a ditadura militar e as oligarquias regionais, o nebuloso acordo com o grupo norte-americano Time-Life, a manipulação das eleições presidenciais de 1989, a demonização do governador Leonel Brizola com os arrastões sincronizados, e, especialmente, a promoção de uma cultura de violência e amoralismo, que atenta contra a ética e a família, com o hedonismo e o homossexualismo. A Rede Record, embora tenha vínculos diretos ou indiretos com uma instituição religiosa, até hoje não tem convencido sobre a origem das suas finanças e em nada difere da sua concorrente quanto ao conteúdo da sua programação. Nessa luta por interesses comerciais, sai perdendo a população.
Os evangélicos não podem se envolver ao lado de nenhum dos seus contendores, mas cobrar de ambos.
Quanto à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), por sua venda de indulgências, superstições e sincretismos, distante da doutrina e da ética reformada, não pode ser considerada uma denominação evangélica, mas sim uma seita para-protestante. Apenas os desinformados, os ingênuos, os triunfalistas estatísticos e os sociólogos equivocados podem pensar ao contrário.
É lamentável que a imprensa nacional e internacional esteja nominando o titular da IURD como um “líder evangélico”, para demérito da imagem devida ao Povo de Deus.
Nos duelos ao pôr do sol no oeste norte-americano, no reducionismo de Hollywood, havia sempre um mocinho e um bandido. Ao que parece, nesse duelo televisivo, lamentavelmente, não há mocinho.
Que a Igreja assuma o seu papel de consciência moral da nação!
Olinda (PE), 15 de agosto de 2009.
+ Dom Robinson Cavalcanti, ose -
Bispo Diocesano

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XXV


No versículo 7:6 Jesus profere uma frase que a princípio até pode parecer enigmática ou estranha: não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem pérolas aos porcos. E observando o contexto logo anterior provavelmente soe mais estranho ainda: Quem são os cães e os porcos? Se não posso julgar, como saber a quem se refere esta passagem?
Porém quero desafiá-los a olhar o texto a partir de outro ângulo: o importante não é quem são os cães ou os porcos, e sim o que não posso lhes entregar. Jesus está apontando aqui para o verdadeiro valor daquilo que Ele mesmo me entregou. O Discipulado que o Mestre propõe é santo e vale mais que qualquer pérola: isto é o que importa, então eu devo me questionar seriamente sobre qual o valor que tenho dado à vida cristã em minha existência: seguir a Cristo é ir a busca de algo de muito valor e por isto não pode ser desperdiçado com quem não sabe honrá-lo e valorizá-lo adequadamente.
E ainda entrelaçando no contexto anterior, o texto diz que não é da minha alçada julgar ninguém e que primeiro preciso me avaliar para saber quem eu sou e o que tenho feito. Assim é que Jesus, de maneira muito contundente, me faz refletir sobre o tema: Será que tenho sido cão ou porco estando diante de tão grande bênção? Tenho dado o valor devido àquilo que o Senhor tem me posto a fazer?
Antes de pensar em porcos ou nos cães, é preciso louvar a Deus por tão abençoada oportunidade que Ele me tem concedido: possuir coisas santas que valem mais que pérolas. É preciso também aprender a me comportar de maneira digna neste discipulado para que não venha a despedaçar todo o que o Mestre tem me outorgado, e assim viver o discipulado para a Glória do Senhor.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

DA PÁSCOA DOS FILHOS DE ISRAEL


A celebração da Festa da Páscoa entre os filhos de Israel é o ponto alto de seu calendário litúrgico e também o mais significativo evento de demonstração da fé nacional e pessoal. É uma cerimônia familiar revestida de uma mistura de lembranças, esperanças, celebração, nostalgias, sensações, ditos, profecias, liturgias sagradas e simbolismos ocultos e revelados. É normalmente celebrada entre canções, orações, comida, poesia, companhia, fraternidade, aconchego, leituras e recitações de textos e frases sagradas.
Alguns elementos contidos na Páscoa dos filhos de Israel não foram introduzidos nas celebrações cristãs, mas mesmo assim podem trazer lições que fortalecem nossa fé, culto e esperança ainda hoje.
O texto de Ex 12 que narra como o próprio Senhor instituiu a Páscoa naquele momento de saída – passagem – do Egito nos apresenta pelo menos dois destes elementos: quanto ao conteúdo e quanto à forma.
Quanto ao conteúdo: a festa deveria ser comida acompanhada de ervas amargas (Ex 12:8). Em meio à comida e bebida – símbolos de alegria – as ervas ali presente deveriam manter viva a lembrança dos anos amargos vividos no Egito e que se findaram no êxodo.
Hoje, como um fel em nossa boca, devemos ainda lembrar o tempo em que fomos escravos pelo pecado e como isso nos foi amargo para que a alegria da libertação oferecida por Cristo Jesus possa sempre ser evidenciada em nossas celebrações e para que nunca mais sequer uma nuvem de saudade pese sobre nossa nova vida cristã.
Já quanto à forma da celebração, a instrução era para que comesse prontos para sair (Ex 12:11): o cajado na mão, o cinto no lombo e comendo com pressa. Esta forma de comer deveria sempre lembrar aos filhos de Israel que já havia chegado o momento de Deus interferir e agir na história deles e que o povo deveria está preparado para ir com o Senhor para a terra prometida.
O sentido de pressa também tem que estar presente no modo de viver e celebrar nossa vida e fé. Agora é o tempo de Deus intervir e agir em nossa história e devemos estar em prontidão e em condição de participar desta ação miraculosa do Senhor. Ele tem demonstrado que está intervindo em favor do seu povo e devemos celebrá-lo prontos para a jornada.
Que o Senhor nos faça celebrar como os antigos filhos de Israel.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Dúvidas Bíblicas


Volto a comentar o blog do colega pastor Edvar, é sempre bom manter contato com servos de Deus desta estirpe.
Na sua página ele publicou a carta que deve ter sido enviada a uma comentarista bíblica que faz sucesso numa rádio dos Estados Unidos pelas suas posições radicais e literalistas em relação ao texto sagrado. Se você quiser ler o texto na íntegra vá ao blog do Edvar no endereço: http://blogdoedvar.blogspot.com/2009/08/duvida-biblica.html
Lá eu ofereci um comentário que transcrevo aqui.

Querido Edvar,

Também já conhecia este texto. Ele beira o ridículo, mas na verdade é a isso que se assemelha quem insiste em fazer uma leitura literal e fundamentalista da Bíblia.

Com base na própria leitura do texto bíblico (princípio hermenêutico fundamental!) não me parece muito sábio adotar a cultura antiga como critério de santidade e apropriação (leio em Ec 7:10). Também não me parece apropriado estabelecer a busca pela verdade etérea como objetivo da minha religiosidade (a impossibilidade de mudar a essência da cor dos cabelos citados por Jesus em Mt 5:36 me conduz a esta compreensão).

Tanto o pregador de Eclesiastes como o projeto de cristianismo - discipulado - apresentado por Jesus em Mateus nos falam de uma intencionalidade humano-divina que deve buscada tanto na religiosidade em geral como na leitura do nosso texto sagrado.

Lembro ainda que Paulo já nos alertava sobre o perigo do literalismo que mata, enquanto que o espiritual traz vida (em 2Co 3:6).

A Bíblia é extremamente rica em sua lições e contexto; é lógico que reduzi-la a apenas um - e antigo - é empobrecê-la e trai-la.

Meu querido, que o senhor continue fortalecendo neste ministério.

Um abraço

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XXIV


Chegamos ao capítulo 7 do Evangelho de Mateus – é a última etapa de nossa aprendizagem sobre o Discipulado Radical. Aqui o texto retoma o tema do relacionamento com o próximo – em especial com o meu irmão e companheiro de discipulado – abordando diretamente a questão do julgamento.
A instrução é direta: não julguem (Mt 7:1). E sobre isto é preciso compreender pelo menos duas verdades. Primeiro que não tenho o direito de emitir qualquer julgamento sobre meu próximo: isto é competência do Mestre (Lc 6:40) e somente Ele pode avaliar quem realmente sou e que valor tenho. Também é preciso ser dito que o servo é propriedade do Senhor e cabe a Ele fazer o que bem quiser (Rm 14:4).
Em segundo lugar, Jesus chama a atenção para a lei da reciprocidade: o que faço aos outros voltará a mim mesmo (Lc 6:31). Se trato os outros com amor e cuidado, assim serei tratado. Se sou áspero e duro, assim se portarão comigo. E Jesus vai mais além: Se reconheço que tenho defeitos sérios (uma trave nos olhos!) como posso querer avaliar os erros circunstanciais do meu próximo (apenas um argueiro!).
É esta atitude arrogante de julgar e avaliar o irmão, como se fosse da minha alçada poder fazer isto, que o Mestre chamou de hipocrisia – fingimento. Quem se arvora no direito de estabelecer quem é bom ou ruim, certo ou errado diante de Deus, acaba sempre se portando com um sepulcro caiado: belo e cheio de boas intenções por fora, mas morto por dentro (veja a exclamação de Jesus em Mt 23:27).
Que o Senhor me livre da atitude temerária de julgar meu irmão, transformando minhas palavras em bênçãos àqueles que me rodeiam para a glória de Deus.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

ABA - PAI



“Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os adota como filhos por meio do qual clamamos: Aba, Pai.” (Rm 8:15)
Neste texto nós lemos que o Espírito nos tem adotado para que o possamos chamar de “Aba, Pai”. Este conceito paterno de Deus está presente praticamente em toda a Bíblia. Ter o Senhor como Pai é ter a garantia de uma relação íntima e pessoal com Ele. É João que nos garante: “... deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1:12).
Lucas nos narra que Jesus contou uma de suas histórias que ficou conhecida como a Parábola do “Filho Pródigo” (Lc 15:11-32); mas que na verdade deveria ser conhecida como a “Ilustração do Pai Supremo”, já que este é o tema central da narrativa. Neste Dia dos Pais gostaríamos de observar as atitudes do Pai tanto como exemplo para nós pais modernos como para glorificarmos a Deus pelo Pai que Ele é para nós.
A parábola se abre apresentando um Pai que respeita as decisões do seu filho (Lc 15:12). Isto demonstra o valor da liberdade consequente pelas escolhas que o Pai desenvolveu nos seus filhos. Do mesmo modo, Deus nos outorga um espírito livre e responsável por nossas decisões (Jo 8:36).
No cerne na história encontramos o amor do Pai. Não um amor qualquer, mas um amor que acolhe indistintamente todos seus filhos: o mais novo que voltou (Lc 15:20) e o mais velho que ficou (Lc 15:28). Assim Deus nos ama como somos e sempre está disposto a nos aceitar em seu aconchego paterno (Rm 2:11).
Finalizando, vemos a atitude do Pai demonstrando um cuidado que repara integralmente seus filhos (Lc 15:22-23). Do mesmo modo, Deus valoriza e reconstrói os seus amados independentemente da vida que eles tenham levado (Mt 11:28-30).
Diante disto, nossa expressão de gratidão e louvor a nosso Deus-Pai deve acompanhar as palavras de João quando diz: Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! (1Jo 3:1).

(Na foto lá em cima é o irmão Carlos - um dos líderes de nossa igreja - com seus pais)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XXIII


No texto de Mt 6:33 há uma palavra que vai merecer de nosso estudo de Discipulado Radical um destaque especial: Justiça. Jesus instrui a buscar seu Reino e também a sua justiça. Para compreender melhor as implicações da justiça divina em minha vida, quero me reportar a três exemplos bíblicos.
Moisés é o primeiro destes personagens. Observe que ainda jovem, ele buscou libertar seu povo, mas o tentou fazer com as próprias mãos – justiça própria (Ex 2:11-14) – este foi o princípio de seu fracasso. Já velho foi levado a reconhecer que foi por méritos divinos que a libertação foi alcançada (Dt 9:4-6).
Um outro é Jó: um personagem bíblico que é bem peculiar na história do AT. Embora tendo sido avaliado por Satanás sob a permissão divina (veja Jó 1:6-12) e depois de muita prova, logrado êxito; Jó se achou no direito de advogar sua própria justiça diante de Deus (Jó 27:6 – ainda precisava realmente ser provado!). Somente depois de questionado pelo próprio Deus (Jó 35:2) é que Jó abdicou de sua justiça própria em detrimento da divina (Jó 42:6).
No NT Jesus conta que um fariseu e um publicano foram ao templo para orar (Lc 18:9-14). O primeiro, cheio de justiça própria, voltou vazio. O segundo, humilde confiante na justiça divina, foi ouvido em suas preces.
O Mestre requer de cada um a busca da justiça divina, isto impõe abrir mão de minha própria justiça, de meus direitos e me submeter à vontade e justiça do Senhor reconhecendo que Justo é o Senhor, em todos os seus caminhos, benigno em todas as suas obras (Sl. 145:17).