segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Ordem e a Autonomia da Igreja Local


Em decisão recente, o Conselho da Convenção Batista Brasileira ordenou que a OPBB – a Ordem dos Pastores Batista do Brasil – órgão vinculado a nossa Convenção, deveria rever seus procedimentos em relação à convocação de concílios para exame e ordenação ao ministério pastoral.
Concordo com o posicionamento do Conselho expresso pelo presidente no texto publicado em O Jornal Batista em 27/09/2009, até por que em reuniões de pastores aqui em Aracaju já havia expressado posicionamento simular.  Mas o que me traz a esta reflexão é o tema de nossos princípios batistas: aquilo que expressamos como nosso padrão de fé e que historicamente, nestes 400 anos, nos trazem identidade.
A crença na regeneração exclusiva pela graça.  A certeza de que cada crente em Cristo é um sacerdote individual e por isso tem acesso livre a Deus.  A independência e separação entre as instituições da Igreja e do Estado.  A adoção da Bíblia como Palavra de Deus e regra única estabelecida para fé e prática.  Todos são princípios basilares.  Nesta ralação deve entrar também a afirmação da completa autonomia da igreja local.  Embora convivamos em associações e convenções as quais são não só úteis, mas extremamente importantes ao proporcionarem a união, coesão e soma de esforços na concretização de esforços mútuos para as igrejas e seus membros; é na igreja local que a fé, a vida cristã devocional, o crescimento e discipulado e comunhão dos santos acontecem – e isto é que é igreja em sua essência.
Exemplos no NT temos vários.  Só para citar um que serve bem de exemplo: o Concilio de Jerusalém (a narrativa do evento e seus desdobramentos está em At 15).  Mesmo tendo sido convocados líderes de lugares diversos, o texto afirma que coube a igreja local a decisão final.
Penso que além da base bíblica (pode ler Mt 18:15-19; 1Co 12:27; At 13:1; além do capítulo 15 já citado), um lógico encadeamento de doutrinas nos levam a tal compreensão.  O Espírito divino foi derramado individualmente em cada homem e mulher e estes são congregados pelo mesmo Espírito em uma comunidade local para junto repartirem a sua fé no intuito de crescerem na graça e no conhecimento de Cristo Jesus.  Ora se é no meio da reunião local de santos congregados que o Espírito se manifesta – daí não haver classe sacerdotal diferenciada na igreja já que sobre todos é dado um mesmo Espírito – então é também nesta comunidade local que a igreja se faz acontecer.
A igreja local está nos planos de Deus e qualquer movimento que venha de maneira exterior interferir em sua autonomia como reunião de santos que tendo sido revestidos do sacerdócio universal como crentes e por isso aptos para interpretarem fielmente a vontade divina nos questões locais e preparem-se a si mesmo para contribuir para o engrandecimento do Reino de Deus em nossa terra; qualquer interferência tem que ser realmente extirpada de nosso meio.
Termino afirmando que continuamos batistas por convicção e ainda que continuamos filiados a CBB e sua representante no Estado de Sergipe, a CBS, e que esta postura só nos deu maior convicção de nossa concordância administrativa e doutrinária.  Sei que nossa Convenção também tem seus deslizes – e precisamos sempre corrigi-los – mas no geral creio que Deus tem nos conduzido no caminho certo.

2 comentários:

  1. Infelizmente muitos que se dizem batistas tem renuciado a alguns de nossos princípios.
    Estou postando este comentário para somar-me ao seu manifesto em defesa dos princípios batistas, que cremos e reafirmamos que são bíblicos e basilares da sã doutrina.
    Parabéns, ótimo artigo.

    Jader C. Nogueira

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  2. Oi Jader,

    É bom ter você nesta frente. Continuaremos juntos meu irmão.

    Um abraço

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