quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O CULTO - UMA VISÃO INICIAL

O culto é uma prática comum ao ser humano. Em todas as épocas e em todos os lugares é universal o culto prestado por homens e mulheres aos seus deuses. Todas as culturas conheceram os seus cultos. Para nós, cristãos, a prática do culto é tão antiga quanto a revelação de Deus, que remonta ao contato no Paraíso primordial. No Éden Deus já falava com o homem e este já o cultuava. Durante o passar dos tempos a Revelação de Deus foi progredindo e culto foi se sofisticando. Da Revelação e do culto dos antigos devemos aprender pois algumas lições.
Em primeiro lugar o culto exigido por Deus é exclusivo. A ordem bíblica é direta: “porque não adorarás a nenhum outro deus; pois o Senhor, cujo nome é Zeloso, é Deus zeloso (Êx 34:14). A exclusividade de Deus é absoluta, Ele é zeloso. Deus não divide sua glória com ninguém. O culto a Deus não pode ser dividido com reverência a nenhuma outra entidade ou pessoa – por melhor que esta seja. Nem aqueles que são enviados pelos próprio Deus merecem o nosso culto. Servos são servos e Deus é Deus, logo: o culto só a Deus.
Este zelo de Deus também implica em que somente a sua vontade é o que importa. Se o culto está agradando a minha vontade, ou a vontade do pastor ou do diácono é secundário: o importante é se está no agrado de Deus, a quem exclusivamente o culto é prestado. Às vezes nos preocupamos em que o culto seja do agrado (ou conveniente) para que visitantes gostem dele, ou para que um grupo de líderes ou jovens se sintam bem no culto; quando a nossa preocupação primeira deveria ser se está agradando a Deus, se Deus está satisfeito com o nosso culto.
Um outro ponto a se considerar é que para o culto, o fiel não pode se achegar de qualquer jeito. Mais uma vez a instrução é bíblica: “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração; que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente” (Sl 24:3-4). Aquele que se dirige a Deus para cultuar deve manter uma atitude de pureza interior e exterior, isto agrada a Deus. Todo aquele que vem prestar um culto deve ter consciência de que precisa conservar um caráter digno da santidade de Deus – impureza, vaidade e engano não são aceitos na presença do Eterno, logo devem ser confessados e deixados para que o culto possa ser prestado.
Ainda nesta linha de raciocínio, convém lembrar que mais importante do que os instrumentos de culto que usamos são as mãos que se dispõem a cultuar. Um piano, ou um violão (bem como microfones ou quaisquer outros instrumentos técnicos), podem ser extremamente úteis num culto, mas não cultuam a Deus, pois somente homens e mulheres de mãos limpas e coração puro o podem fazer, daí que o uso ou não desde ou daquele instrumento não comprometem necessariamente um culto, mas sim quem – e como – presta o culto a Deus.
Convém lembrar que o culto é a expressão exterior daquilo que o fiel experimenta internamente. Jesus falando a mulher de Samaria lembrou-a que “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4:23). O verdadeiro culto acontece primeiro no interior do crente, para depois se externalizar na forma de hinos, orações ou qualquer outra forma que seja. Quando o culto exterior vem a acontecer é porque já deve ter acontecido verdadeiramente no interior.
Lembremos ainda as palavras de Paulo, que parecem ecoar junto com as do próprio Cristo, quando nos fala de um culto racional (leia em Rm 12:1), ou seja de um culto que resulte de um adorador consciente do que está fazendo e não como simples reflexo de sensações – ou ainda como resultado de comoções coletivas. O culto deve ser o reflexo de uma vida que sabe das responsabilidades e privilégios de se estar diante da presença augusta do divino e ainda assim decide buscá-la para adorar.
Importante ressaltar também que culto não é troca. Assim como no amor em que “nós amamos, porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4:19), não pode haver um espírito de troca naquele que cultua. Cultuamos porque isto agrada a Deus e a nós nos compete, e não para deste ato ganharmos qualquer crédito diante de Deus. O culto deve ser expontâneo e voluntário, e não um comércio com o sagrado!
É claro que não pretendíamos aqui esgotar o assunto, mas somente chamar a atenção para alguns – entre outros – pontos que julgamos importantes. Certamente ainda há muito a ser dito e voltaremos a eles oportunamente.
Para finalizar convém apenas lembrar que Deus habita no meio dos louvores, o que implica que através do culto nos introduzimos na habitação divina.

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