sexta-feira, 26 de março de 2010

EU VOS BATIZO EM ÁGUA

Na semana passada, usei este espaço para refletir sobre a Ceia do Senhor e como ela deve me trazer à lembrança o Pão Vivo que é Jesus.  Hoje aproveito para trazer uma reflexão sobre a outra ordenança de Cristo: o Batismo que deve ser ministrado aos que creem (confira em Mt 28:19-20).
Assim como a Ceia do Senhor, além de ser o cumprimento da instrução cristã, a cerimônia de Batismo é repleta de simbolismos e significados (e eu até creio que é por isso mesmo que elas são tão belas e importantes!).  No Batismo, da forma em que o celebramos, há todo o ritual de mergulho e saída da água que nos aponta para a morte e a ressurreição que, pela fé, já aconteceram em Cristo Jesus (bem explanado por Paulo em Cl 2:12) – além de ser um testemunho e proclamação da mesma fé.
Mas a água, instrumento ou veículo pelo qual o batismo acontece, pode ainda nos fornecer outras referências que enriquecem ainda mais o ato.
Água sempre nos lembra limpeza.  Ao oficiar o Batismo como um banho ritual posso também está demonstrando que minha vida já foi lavada e purificada.  Sei que é o sangue de Cristo quem faz isso acontecer (veja tanto 1Jo 1:7 quanto a descrição da multidão em Ap 7:14), mas com certeza na água do batismo estou exteriormente demonstrando de forma simbólica aquilo que Jesus já fez no meu interior.
Com certeza devo também me lembrar que água é sinal de refrigério, alívio – principalmente tendo em mente o sol do sertão nordestino.  Estando dentro da água ao celebrar o Batismo sou levado a bendizer o Senhor porque assim como no calor o corpo exterior se sente revigorado pela água, o meu homem interior se refaz com ânimo pelo bálsamo que Cristo traz.  E nenhum texto diz isso de maneira mais poética que o Salmo do pastor: o Senhor, que é meu pastor, me conduz a águas tranquilas e me restaura o vigor (sei que todos conhecem o Sl 23, aqui citados os versos 1 a 3).
E ainda a água é indispensável como provisão.  Sem água o corpo humano definha e morre.  No Batismo em água sou confrontado com a Água Viva que dessedenta toda a sede espiritual.  No cerimonial cristão tenho apenas o símbolo, mas ele poderá me reavivar na memória a alegria de já ter bebido da água que mata a sede eterna de minha alma (veja como Jesus usa esta figura com a mulher samaritana em Jo 4:13-14).
Em Mt 3:11 João, o batista anunciou o seu batismo em água como um sinal de arrependimento.  Hoje deve a igreja seguir seu modelo na certeza de que os símbolos da celebração testemunharão a minha fé já com a alma lavada, refrigerada e saciada.  E assim cumpriremos a ordem deixada por Cristo para a glória dele.
(Lá em cima: achei esta foto antiga do meu pai ministrando Batismos no batistério antigo da 1ª Igreja - PIBA, se eu não estiver enganado é lá pelos idos de 1970.  Foi neste lugar sagrado que eu desci às águas para ser batizado em fevereiro de 1977)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Lavando os carros para Missões 2010

Este final de semana os adolescentes de nossa igreja se juntaram para lavar carros e assim arrecadarem oferta para a Campanha de Missões Mundiais / 2010.  É claro que tudo para eles é festa, mas como é bom vê-los envolvidos e trabalhando em prol do Reino de Deus!
Veja mais fotos:

Também no mesmo dia, enquanto os adolescentes trabalhavam...


E tudo foi feito para a glória de Deus.

sexta-feira, 19 de março de 2010

EU SOU O PÃO

A Ceia do Senhor é um momento sublime na vida e na liturgia da igreja.  É quando trazemos à lembrança e fazemos aflorar tudo o que de mais significativo temos em nossa vivência e em nossa fé.  Em nossos cultos a Ceia é apresentada na Mesa do Senhor em dois elementos: o pão que simboliza o corpo de Cristo e o vinho que aponta ao sangue (veja explicado didaticamente em 1Co 11:23-26).  Assim quis o próprio Cristo.
Quando o Mestre fez associar na memória dos discípulos o pão com a sua própria carne e o vinho com seu sangue, mais que uma ligação aleatória ou simplesmente simbólica, Ele evocou lembranças profundas dos seus.  Sei que na Ceia deve haver pontos de reinterpetação dos elementos pascoais; porém com certeza o que Jesus trouxe à memória apostólica naquela celebração foi sua apresentação como o Pão enviado por Deus para saciar a fome humana (tenha em mente Jo 6:51).
Hoje, quando celebramos a Ceia do Senhor, Jesus continua se apresentando como o Pão Vivo que desceu do céu e nos alimenta, sacia, nos torna plenos e satisfeitos. 
Como pão, Ele nos alimenta com sua paz (marque Jo 14:27).  Num mundo onde a paz está na ordem do dia, mas que nunca a encontra por completo, Jesus nos inunda com a sua paz.  Quando comemos deste pão somos lembrados da verdadeira paz do Senhor que excede todo entendimento (Paulo usou esta expressão em Fl 4:7).
Comungando do pão na Ceia, também nos lembramos que fomos repletos do amor inigualável e consequente (é fundamental Jo 13:1).  É claro que não há amor como este e somos tomados por ele de maneira graciosa.  A memória que é evocada no comer do pão faz-nos repletos deste amor doado (ainda são de Jesus as palavras de Jo 15:13).
Duas outras lembranças devem ser destacadas enquanto se come do pão na mesa do Senhor – talvez elas sejam menos tangíveis e, assim por isso mesmo mais poéticas e belas.  O Pão de Deus nos sacia de vida (considere Jo 10:28).  Não é só vida eterna num sentido temporal – isto é muito pouco – somos saciados de vida plena, completa.  Quando comemos deste pão devemos nos lembrar que em Cristo nos tornamos cheios de vida (considere como promessa cumprida e celebrada no pão o que é dito em Jo 10:10).
O Pão Vivo que de maneira memorial comemos na Ceia também nos faz cheios, repletos, saciados da divindade (está claro o que é dito em Jo 12:45).  Toda alma humana precisa do inefável, do algo mais, para se saber realizada, satisfeita, plena: Jesus nos deu esta oportunidade ao apresentar o Pai e outorgar o Espírito (note Jo 14:9 e 20:22).  Comendo deste pão minha mente e alma têm que ser levadas a adorar àquele que se fez carne para que contemplássemos a glória divina (como é lindo Jo 1:14!).
Hoje, quando celebramos a Ceia do Senhor e trazemos à memória o Pão da Vida, principalmente tão próximo da celebração da Páscoa Cristã (maior evento de nosso calendário), devemos comê-lo como quem celebra a alma plena e saciada de paz, amor e vida; satisfeitos por estar na presença do Eterno.
Que comamos deste pão pascal louvando a Deus por ter nos dado tal privilégio.

sexta-feira, 12 de março de 2010

ATÉ OS CONFINS DA TERRA

Aqui em nossa Igreja temos nos colocado uma meta desafiadora: ganhar nosso bairro para Cristo e estabelecer o Reino de Deus entre nós, vencendo as forças do maligno que querem imperar por aqui.  Por compreender a importância e a necessidade de nosso desafio, então: por que se envolver e fazer missões mundiais neste contexto?  Se ainda nem alcançamos nossos vizinhos, por que nos preocupar com os haitianos, africanos e chilenos?
Para buscar uma resposta, quero partir da citação de Paulo que estava disposto a fazer tudo por causa do evangelho, para ser co-participante dele (1Co 9:23 que é o texto base da campanha missionária deste ano).  E indo um pouco além, deixe-me apresentar pelo menos três razões porque devo fazer missões mundiais e por Cristo ir até aos confins da Terra.
Em primeiro lugar por que Deus viu e amor o mundo e é preciso que da mesma forma minha igreja veja e ame o mundo (nenhum texto se compara a Jo 3:16).  Mesmo estando nos céus, Deus olhou com amor pelas almas perdidas de todo o mundo e tudo o que fez foi movido por esta compaixão (veja Rm 5:8).  É porque este amor me alcançou que devo buscar transmiti-lo na mesma dimensão a todo o mundo (ainda cito 1Jo 4:19).
Ainda convém enfatizar que a extensão da minha visão do Reino de Deus deve determinar o alcance da minha missão e do evangelho que estou a pregar.  Se creio que o Reino abrange todo o mundo, também minha missão deve alcançá-lo.
Em segundo lugar porque como Cristo foi enviado ao mundo, também a igreja está debaixo do mesmo compromisso (Jesus disse isso em Jo 20:21).  Jesus tinha uma missão a cumprir e nada o haveria de deter.  Neste senso de determinação e objetividade o próprio Mestre repassou sua missão de ganhar o mundo para o evangelho para seus seguidores (lembro de Jo 13:15).  É porque fui enviado que não posso me esquecer da missão ao mundo.
Observe que a minha consciência clara, específica e mundialmente abrangente da missão é que estabelecerá o meu comprometimento com ela.  Por ter tal consciência não posso descuidar antes de tê-la alcançado (veja ainda a instrução em 2Tm 4:5).
E em terceiro lugar porque o senso de urgência demonstrado por Cristo deve me influenciar de modo profundo (ainda Jesus em Jo 9:4).  A certeza de que o tempo estava para se cumprir em breve motivou Jesus a ir sempre além e deve também mover minha igreja a continuar até os confins da Terra (já é clássico Mc 16:15).  É porque sei que o tempo está próximo que não posso diminuir o alcance de minha missão.
Esta associação é fundamental: a convicção dos sinais dos tempos tem que me impulsionar a fazer missões no mundo.  Se estou vendo os sinais acontecendo, preciso cumprir logo a missão (veja a advertência em Lc 21:31).
Como disse lá em cima, temos um compromisso com a expansão do Reino e do Evangelho aqui em nossos conjuntos.  Mas sei que nossa missão é muito maior, por estar na dimensão do amor enviado e urgente de Deus por este mundo todo.  Que nada nos faça abandonar a missão e que possamos repetir com convicção: por Cristo vou até os confins da Terra.

sexta-feira, 5 de março de 2010

OS QUE ESPERAM NO SENHOR

O capítulo 40 de Isaías é uma profecia que procura dar conforto e consolo a Israel.  O povo que se encontrava exilado estava beirando a desilusão.  Eles foram os alvos primários da palavra.  Para eles, no final do texto, Isaías afirmou em sua poesia profética que o Senhor não se cansa (no verso 28), fortalece os cansados (no verso 29), mas por outro lado, que o vigor da idade não somente tem limites como também não é garantia de sucesso e realizações (no verso 30).
Parece que o profeta está falando para o tempo de hoje.  Para todo o lado que olho eu vejo uma geração cansada, estressada e impaciente.  É para gente assim que Isaías conclui sobre os que esperam no Senhor: eles são diferentes.  A esperança depositada em Deus nos faz viver sob novas perspectivas (veja o verso 31).
Os que esperam no Senhor são aqueles que experimentam o renovar de suas forças.  Para dizer isto, o profeta usa de três ilustrações.
Voam alto como águias.  A águia no seu voo é capaz de obter uma visão panorâmica do mundo, bem como focar com precisão sua presa e seu alvo.
Os que esperam no Senhor da mesma forma conseguem voar e ver acima das circunstâncias.  É uma visão diferenciada, privilegiada.  Não ter as limitações do mundo e da vida de tribulações nos torna aptos de enxergar o que ninguém ver: de caminhar em lugares altos (como diz Habacuque em Hc 3:19).  Esperando no Senhor eu posso focar meu olhar no poder de Cristo e não na dimensão dos meus problemas (tome como base as palavras de Jesus em Lc 18:27).
Correm e não ficam exaustos.  A fatiga física e mental é sempre um limitador daqueles que buscam um estilo de vida de alto desempenho.
Os que esperam no Senhor são capazes focar alvos maiores e a partir daí se mover em busca deles.  Eles se põem a correr em direção do que conseguem ver: se movem baseados na fé.  Na peleja da vida, a fé renova as forças (na sua pequena carta Judas afirma isto – verso 3).  Esperando no Senhor eu posso prosseguir sempre ultrapassando as barreiras.
Andam e não se cansam.  O desânimo muitas vezes rodeia quem tem metas a atingir.  Cansaço e frustração parecem companheiros de caminhada.
Os que esperam no Senhor, já por verem mais longe e se disporem à caminhada, encontram força na esperança e não desistem nunca.  Mesmo que a meta pareça distante haverá sempre uma disposição firme de continuar na jornada (é excepcional a convicção íntima de Paulo em Fl 3:13-14).  Esperando no Senhor eu posso permanecer disposto e inabalável em toda e qualquer situação.
As ilustrações apresentadas na poesia de Isaías são belas e ricas e devem nos inspirar a estabelecer nossa esperança no Senhor, pois somente ela poderá nos fazer ver, buscar e permanecer firme na jornada cristã.  Que assim nos faça o próprio Senhor.