sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O OFERTA DA VIÚVA - Parte 2


A CONTABILIDADE DE DEUS
Na semana passada comecei a refletir sobre a história da oferta da viúva observada por Jesus e descrita de forma sucinta pelos evangelistas.  A ênfase da reflexão recaiu sobre aquilo que Jesus viu enquanto notava as ofertas sendo entregues no santuário.  Hoje quero continuar refletindo com base na mesma narração procurando compreender como se mostra a contabilidade de Deus em correlação à contabilidade humana.
Estou bem consciente que minha especialidade não é na área de Ciências Contábeis – sei que entre nós há alguns irmãos bem mais habilitados.  Porém mesmo nesta olhada leiga de temas contábeis mas buscando aprofundamento nas verdades bíblicas posso destacar duas diferenças fundamentais.  Convido-os a analisar comigo para depois também concluir.
Em primeiro lugar a contabilidade de Deus não é baseada na aritmética nem é estruturada a partir da arte de composição numérica.  Ao chamar a atenção de seus discípulos para a atitude daquela mulher, Jesus estava mostrando que o mais importante não era a quantidade – o valor da moeda – da oferta.  Deus não soma e subtrai números procurando fechar empiricamente seu balancete, mas considera e ama aquele que com simplicidade dá com alegria (veja 2Co 9:7).
Em segundo lugar, Deus não baseia sua contabilidade numa relação causal, ou seja, não está subordinado às leis de causa e consequência.  Esta lei natural foi dada a mulheres e homens (tanto em 2Co 9:6 quanto Gl 6:7).  Deus, por sua vez, age e contabiliza baseado em seu poder e seu amor e não está submetido a lei alguma (compare Is 43:13 com 1Co 3:7).
Estas duas constatações – e não são as únicas possíveis – devem me levar a pelo três conclusões; e elas deverão me servir de base na hora trazer minha oferta ao Senhor tanto de modo regular quanto agora enquanto trabalhamos em nossa Campanha para Aquisição de Nosso Patrimônio.
Dízimo e oferta não é pagamento de dívida ou quitação monetária.  É retribuição de amor e gratidão pela graça favorecida (veja o que se propõe o salmista no Sl 116:12-19).
Concluo também que minha oferta não deve estar vinculada ao registro de fatos passados – materiais ou espirituais – numa relação de ativos e passivos contábeis.  É uma antecipação graciosa do futuro que está por vir (gosto em especial do que Paulo disse Fl 2:13).
Também importantíssima é a conclusão que chego de que oferta não é nem investimento nem poupança nesta vida ou na vindoura.  Primariamente é uma observância a uma ordem direta: é um ato de fé e obediência (no AT lemos Ml 3:10 e no NT Jesus fala em observar a benevolência sem omitir os ditames da lei em Mt 23:23).
Hoje devemos refletir sobre a contabilidade de Deus e trazer nossas ofertas e dízimos baseados naquilo que ele mesmo fez e faz por nós para sua glória
Na próxima semana pretendemos continuar refletindo ainda com base neste episódio.

2 comentários:

  1. Em Atos dos apóstolos cap.15, resumiu-se o que o povo gentio alcançado deveria seguir da Lei de Moisés. O dízimo da antiga dispensação era uma forma de imposto social com função social, haja vista ser a estrutura administrativa a teocracia divina. Deus determinou a existência de mantimentos em seu templo para servir aos que dele necessitassem. No NT não vemos a determinação dessa contribuição pelos apóstolos, mesmo porque não havia onde recolher e como administrar tais ofertas. Havia o pedido de recolhimento de ofertas para os necessitados da Judéia, o sustento dos missionários e atendimento aos demais necessitados. Ao trazer esta determinação como aplicar os mesmos princípios veterotestamentários no atual contexto, se nem os apóstolos à época o fizeram? Quais as igrejas que aplicam os recursos dos "dízimos" conforme disposto por Deus na antiga dispensação? Como entregar a Deus o dízimo se há quem dele se locuplete ou aplique em outros fins? Não seria melhor ensinar aos membros da igreja a necessidade do sustento através de contribuições voluntárias, tendo por base as cartas paulinas? Evandro Luiz - IB Memorial de Volta Redonda

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  2. Querido irmão,

    Obrigado pela postagem e pelo comentário. Com certeza vão enriquecer a nossa igreja.

    A citação do capítulo 15 do livro dos Atos do Apóstolo é emblemática: é ali em que há - na prática - a separação entre judaismo e cristianismo. A partir daquele momento realmente o governo temporal teocrático não faz mais sentido (Jesus disse que o reino não é deste mundo - Jo 18:36) mas sim a soberania e instauração de um reino eterno, começando pela igreja e se estendendo a toda a terra (o apóstolo Pedro em sua 1ª carta trata inclusive disto).

    Esta transposição teológica, fundamental na gênese da igreja, fez com que toda a lei ritual com seus detalhes litúrgicos, levítico-sacerdotais e administrativos do AT fosse superada e dessem lugar à lei do amor e voluntariedade (Paulo fala que a graça superou a lei em Rm e em Gl).

    Quanto trago o tema do dinheiro (dízimos e ofertas) para a reflexão bíblica em nossa igreja o que pretendo fazer é de um lado superar o crescente judaismo que tem chegado às nossas comunidades de fé por um lado e por outro o que chamo de leilão de ofertas em templos (principalmente pós-pentecostais).

    Procurei deixar claro em minhas conclusões que todo o dinheiro trazido para a igreja não deve ser para "comprar" Deus ou os seus favores nem fazer um investimento ou poupança mas responder com alegria e voluntariedade à graça que já nos foi dada, independente do que eu faças, e também me envolver e me conceder o privilégio de participar da obra, sustentando e me responsabilizando tanto em seus aspecto tanto missionário quanto social e litúrgico.

    Realmente não sou obrigado a trazer o dízimo ou ofertas, como não sou obrigado a vir ao templo orar ou sequer procurar ao Senhor no quarto fechado (sou livre com diz Jesus em Jo 8:36). Não o faço por obrigação da lei, mas não quero que nada me impeça de participar desta bênção (gosto da argumentação de Paulo em Rm 6 sobre isso!)

    Espero poder continuar contando com seus comentários e contribuições, assim como o farei para que possamos crescer juntos na graça.

    Um abraço.

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