segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Identidade Batista em tempos de mudança

Tendo em mente a celebração dos nossos 400 anos, transcrevo aqui um excelente texto escrito pelo Pr. Denton Lotz - então Secretário-Geral da ABM - e publicado da Revista da Aliança Batista Mundial.




IDENTIDADE BATISTA EM TEMPOS DE MUDANÇA



Há Igrejas Batistas na Rússia que são chamadas "Cristãos Evangélicos".  Na Alemanha são chamadas "Igreja do Evangelho Livre".  Algumas Igrejas Batistas na América do Norte são chamadas "Igrejas da Comunidade", e algumas na África são identificadas pelo nome da agência missionária que as deu origem.  Em tempos de mudança, quando procuramos entrar em contato com uma cultura secular alienada, obviamente um número de Batistas em todo mundo sente que o nome "Batista" não é necessariamente essencial para comunicar nosso alvo primário que é ganhar almas para Jesus Cristo como Senhor e Salvador!  No entanto, em todas as nossas missões e evangelismo nosso alvo não é fazer batistas, mas fazer cristãos!!
Mas, isto significa que não temos uma identidade ou distintivo batista?  Pelo contrário, é necessário lembrar que em nossos dias a herança e a tradição Batistas nos é importante e por isso precisamos entender para comunicar a fé que proclamamos em Cristo Jesus como nosso único Senhor e Salvador!
Certamente como todos os cristãos históricos e ortodoxos, confirmamos as doutrinas básicas da Trindade, da divindade de Cristo, seu nascimento virginal, sua crucificação e ressurreição, bem como sua segunda vinda!  Afirmamos com a Reforma Protestante a doutrina de "somente pela fé e pelas Escrituras, somente por Cristo e pela graça".
Então, em que os Batistas se distinguem e nos dá identidade, e que são marcadores importantes de nossa tradição em relação a outros cristãos?
1.        Batismo de Crentes versus aspersão de crianças – os Batistas crêem que uma pessoa quando chega à idade adulta deve fazer uma decisão pessoal de seguir a Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor.  Isto não pode ser feito em nosso lugar por um parente ou pela Igreja.
2.        Igreja livre versus religião estatal – os Batistas crêem que a religião não pode ser coagida ou forçada pelo Estado ou por qualquer autoridade religiosa.  Com certeza este conceito de liberdade religiosa e separação da Igreja do Estado é nossa maior contribuição à história religiosa da humanidade.
3.        Política congregacional versus autoritarismo episcopal – o princípio democrático de ser a congregação local a Igreja de Jesus Cristo em determinada área é um importante princípio eclesiológico dos Batistas.  Os Batistas sentem que o cargo de bispo no Novo Testamento é diferente do autoritarismo dos bispos de hoje.  Pela livre eleição de seus oficiais (pastores, bispos, diáconos, etc.), a Igreja local consegue sua liderança, e é crucial a participação dos leigos, homens e mulheres, na missão da Igreja.
4.        Associonalismo versus relacionamento – em relação ao conceito de democracia congregacional acima descrito, há no entanto um forte entendimento histórico de que a Igreja local não está sozinha mas está ligada com outras Igrejas locais da comunidade.  Mas, é na base do voluntariado, sem nenhuma autoridade de uma igreja sobre a outra.  Eis aí porque nossa união é na base do princípio do voluntariado.
5.        Liberdade de alma e lealdade à Bíblia versus coerção de credos e doutrinas – tendo visto a tragédia da inquisição, a queima de hereges e perseguição religiosa, os Batistas durante o período da reforma reconheceram que cada indivíduo deve fazer sua própria profissão de fé diante de Deus.  Portanto, os credos podem ajudar na explicação da fé, mas não podem ser o instrumento para exclusão do universo da igreja.  Em vez de credos, que são por natureza exclusivistas, os Batistas enfatizam a Bíblia, como a única autoridade em matéria de fé.  A liberdade da alma pela liderança do Espírito Santo, tem sido o princípio que guia a interpretação bíblica da vida e da vitalidade na congregação.  É por isto que os Batistas dizem que todos os Princípios de Fé não devem estar presos a credos, mas estes são apenas uma ajuda e devem sempre ser fiéis à Bíblia.
Outros historiadores e teólogos Batistas podem adicionar mais a nossa identidade Batista.  O que foi dito aqui é apenas uma ligeira visão para ajudar os Batistas em todo o mundo a considerar a importância de nossa Eclesiologia Batista nas muitas mudanças de paradigmas e de situações nas quais devemos ministrar e fazer missões para espalhar o Reino de Cristo em nossas Igrejas locais e no mundo!

2 comentários:

  1. O que significa fazer cristâos nesta organização, quando líderes da mesma, inclusive brasileiros, se envolveram e ainda estão envolvidos em reuniões ecumências com a ICAR? Não cito nomes, mas cada qual pode fazer a sua pesquisa e tirar suas conclusões.

    Sds,

    VB

    ResponderExcluir
  2. Querido irmão,

    Obrigado pelo comentário. O fato de viver e trabalhar aqui em Aracaju acrescenta a nossa fé alguns características bem peculiares, entre outras o de experimentarmos um cristianismo de periferia, longe dos grandes centros eclesiásticos e teológicos. Mas isso não faz nossa crença maior ou menor que as demais!

    O irmão cita reuniões entre nossos líderes e católicos. Como tais contatos não acontecem por aqui e também não somos chamados a nível nacional - ou o que seja - não tenho muito que comentar.

    Quanto a nossa firmeza doutrinária. Sou batista por convicção e por princípio, embora saiba que a vivência por vezes embasse a fé. Nosso modelo de igreja e nosso conjunto de doutrinas expostos em nossas confissões (não credo ou catecismos) são uma boa interpretação das Esrituras e daquilo que o Senhor Jesus idealizou ao fundar a igreja.

    Quanto à convivências com nossos vizinhos católicos ou nossos irmãos de outras tonalidade denominacionais, penso que nunca devo abrir mãos dos princípios e alicerces da minha fé - são eles que me identificam histórica e religiosamente - mas posso estabelecer um diálogo saudável e produtivo com estes outros e ainda oferecer e receber contribuição ao crescimento comum.

    É claro que nosso objetivo maior é agregar pessoas ao Reino de Deus - para isso fomos escolhidos e nomeados - e minha igreja cumprirá seu papel só quando for de verdade uma agência deste Reino em minha terra.

    Em Cristo espero que juntos possamos atrair mais pessoas para o louvor da glória de Deus.

    Um abraço.

    ResponderExcluir