sexta-feira, 29 de maio de 2009

PARA FAZER MISSÕES


Sabemos que toda a igreja tem um chamado missionário. Esta é a convicção que nos faz ser o que somos. Nós nos reunimos a nos identificamos a partir daquilo que temos para fazer: adorar ao Rei e anunciá-lo a todo o mundo.
Temos falado com frequência sobre a prática da adoração (todo domingo em nossa EBD inclusive); mas hoje queria refletir um pouco sobre o que é preciso fazer para cumprir a segunda parte de nossa identidade eclesiástica, ou seja, o que é preciso para fazer missões. Vamos ao texto bíblico e vejamos três indicações.
Tudo deve começar com o olhar. É preciso levantar os olhos e ver que os campos estão no ponto de serem colhidos (esta é a ilustração que Jesus usa em Jo 4:35). O envolvimento da igreja com o trabalho missionário inicia quando ela consegue enxergar o mundo à sua volta e se percebe tocada por uma paixão missionária. O mundo clama por transformação – e nós temos a resposta que é Jesus – então é preciso que o percebamos e deixemos ser tocados pela necessidade evangelística; tanto dos que estão ao nosso redor, quanto dos que estão em outras terras.
Tendo percebido o mundo carente do evangelho é preciso então ouvir a voz do Senhor que nos chama e desafia a irmos anunciar a sua Palavra (no caso de Felipe um anjo lhe falou claramente para ir a busca do etíope em At 8:26). Deus tem falado e chamado a sua igreja para cumprir a sua missão. Não podemos tapar nossos ouvidos espirituais à vocação divina que está sobre nós e nos desafia.
E finalmente, é imperativo que se atenda o desafio de ir anunciar o Reino de Deus (o exemplo dos setenta comissionados por Jesus em Lc 10:1 deve ser modelo para nós). Se a necessidade do mundo perdido nos toca e ouvimos com clareza o chamado cristão para a missão então a atitude a se tomar é se comprometer com a obra missionária atendendo o desafio de ir aonde estão os perdidos para lhes anunciar as grandezas do amor de Deus e as boas novas de redenção.
Para fazer missões é preciso ter os olhos abertos para o mundo, os ouvidos atentos para a voz de Deus e também é indispensável que haja obediência em atender o seu desafio. Que o Senhor nos faça assim.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um camaleão na Sala de Oração




Toda semana, no domingo antes do culto das 18 h há um grupo que fielmente se reúne para orar por nossa igreja – este é um segredo do sucesso de nosso trabalho!
No domingo passado ao chegarem lá, encontraram um enorme camaleão devidamente postado onde os crentes deveriam se reunir. Isso me trouxe naturalmente algumas reflexões que passo a compartilhar com vocês.
Antes de prosseguir deixe-me dizer três coisas:
1. Apesar de sermos uma igreja ambientada num espaço urbano, não é raro bichos dos mais diversos frequentarem nosso espaço. Desde os mais comuns como cachorros, gatos e ratos, até alguns inusitados como morcegos, corujas, gaviões entre outros. Eles são criaturas do Senhor e bem vindos a sua casa.
2. Ninguém aqui é especialista em fauna, daí que se o bicho do caso não for realmente um camaleão, pouco importa, o que vale é a reflexão.
3. A foto lá em cima foi tirada por meu filho André no seu celular, logo eu, como pai, perdoo a falta de qualidade técnica.
Mas vamos a reflexão:
O bicho na sala de oração foi retirado com cuidado e colocado numa árvore que sombreia nosso terreno, mas ficaram alguns crentes para orar – como sempre fazem – e eu então ponderei: que lição eu aprendo disto?
Um crente camaleão na sala de oração de uma igreja pode ser um péssimo sinal, algo como alguém dissimulado, um lobo disfarçado de ovelha (para citar a ilustração de Jesus em Jo 10).
Sabemos que o camaleão é um bicho notório pela sua capacidade de se camuflar, mudar a tonalidade da pele para enganar seus inimigos e predadores e assim não ser apanhado.
Sei que em Mt 13 Jesus já nos advertia sobre a presença inevitável do joio no meio do trigo, mas realmente quando um camaleão se disfarça de crente e se mistura na sala de oração, ele pode passar despercebido por aqueles que estão com ele orando, mas não passará impune pelo crivo do Senhor (veja que no final Cristo em pessoa haverá de separar o trigo do joio).
De verdade não é possível evitar a presença de camaleões no meio da sala de oração de nossas igrejas, mas precisamos cada um de nós trabalhar e vivermos nosso compromisso cristão para que não sejamos apenas um disfarce – ou simulação – de cristão no meio da sala de oração.
Que Deus assim nos faça.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XIII


Instruindo seus discípulos sobre as disciplinas da vida cristã, Jesus apresentou o tema da oração (Mt 6:5-8). Para o Mestre, muito mais que o cumprimento de rituais religiosos, públicos ou particulares, a oração é um diferencial indispensável para o discipulado. E Jesus começa retomando a mesma ênfase da ação cristã: não é para ser usada como vitrine da fé! O que se faz para ser visto pelos homens não é feito para agradar a Deus – logo realmente não o agradará.
Sigamos com duas instruções claras de Cristo: primeiro, a oração do discípulo é reflexo da intimidade filial com Deus: “vá para o seu quarto...” (Mt 6:6). É claro que Jesus não nega a realidade do culto e da oração comunitária, mas quer dar ênfase à oração particular, íntima, que deve ser a base da vida cristã. Quem quer se encontrar com Deus, deve deixar o mundo – nem que seja por alguns momentos – e buscar se derramar lá onde ninguém sabe que você o está buscando. Lá nesta intimidade do quarto fechado não há liturgias pré-fixadas ou tradições a serem observadas; é onde o vento do Espírito sopra como quer, sem impedimento algum, e a alma faminta é saciada com toda sorte de bênçãos espirituais.
Em segundo lugar Jesus recrimina a repetição vã das palavras de oração. Também aqui Ele não nega a insistência em suplicar diante de Deus, pelo contrário, Jesus sempre incentivou o clamor. O que o Mestre afirma é que a verdadeira oração do discípulo é espontânea e sincera.
Jesus ainda diz: seu pai o recompensará (é o final do mesmo verso 6:6). Esta é a promessa para o discípulo que desfruta da realidade da oração no quarto fechado. O Pai que vê em secreto atende, restaura a vida e cumpre todas as suas promessas. Vivamos uma vida de oração desta natureza, para a glória do Senhor.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

INDO PELO CAMINHO


A associação entre cristianismo e a figura do caminho é bem antiga. Podemos retomar ao dito de Jesus quando se apresentou como sendo o caminho em Jo 14:6. Podemos também nos lembrar que este foi um nome dado ao conjunto dos seguidores do Mestre no primeiro século (veja a citação em At 9:2 por exemplo). Ou ainda através de Pedro que nos fez lembrar que somos peregrinos nesta terra em 1Pe 1:1 e 2:11.
Aproveitando esta relação, gostaria de refletir um pouco hoje sobre o fato de vivermos no caminho e o que acontece com o cristão enquanto ele vai pelo caminho. Três histórias do NT nos dão alguma indicação.
Indo pelo caminho temos a companhia de Jesus. Foi o que aconteceu com dois dos discípulos em direção a Emaús no mesmo dia da ressurreição (o relato está em Lc 24:13-35). No caso específico eles nem perceberam a princípio que estavam em companhia tão sagrada. A verdade é que há uma promessa e uma garantia da presença real de Cristo e do seu Espírito no meio da igreja (a promessa de Cristo foi citada por Mt 28:19 e a garantia do Espírito é dita em Jo 15:26).
Indo pelo caminho experimentamos a cura que precisamos. Lucas nos conta que de longe Jesus ordenou que dez leprosos fossem se apresentar aos sacerdotes para atestar a cura e enquanto para lá se dirigiam perceberam que já estavam curados (confira a narração em Lc 17:11-19). Infelizmente apenas um – o samaritano – voltou para agradecer; mas a cura foi efetiva para todos! Enquanto caminhamos sob a ordem divina neste mundo (lembra que Jesus confirmou que seria assim em Jo 17:15?), Ele mesmo vai reconstruindo nossa história e curando as feridas do corpo e da alma que a vida nos infligiu (Is 53:5 é a profecia confirmada no NT em 1Pe 2:24).
O que as duas histórias anteriores têm em comum é que no caminho se deu a manifestação espiritual porém nem todos os homens envolvidos poderam usufruir completamente dela. Mas o nosso Deus nunca desiste! É aqui que a terceira história nos ajuda na compreensão. Quando com sinceridade e diligência permanecemos indo pelo caminho, Deus nos encontra – e ainda que seja preciso nos derrubar – e muda a nossa história (relembre Paulo no caminho de Damasco em At 9:1-18).
O Senhor sabe o que vai em nosso coração e os motivos que nos levam a por os pés no caminho (como é belo todo o Sl 139!). Alie a isto a verdade que Ele nos ama profundamente (destaque Jo 15:13). Então haveremos de constatar que indo pelo caminho o Senhor sempre demonstra interesse em nós; trata-nos com firmeza, mas também com carinho e marca a nossa trajetória. E quando reconhecemos que Ele é o Senhor do caminho, vivenciamos uma profunda transformação em nossa caminhada (Jesus chama isso de novo nascimento em Jo 3:5-6).
Que possamos não apenas perceber que indo pelo caminho o Senhor caminha e trabalha ao nosso lado, mas também que nos deixemos ser tocado e influenciado por aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Mulheres: Vasos de Bênçãos

Ontem a noite celebramos em nossa Igreja o primeiro aniversário da reorganização do trabalho com as mulheres.
O tema escolhido por elas é MULHERES: VASOS DE BÊNÇÃOS.
Neste ano o Senhor abençoou o trabalho - elas se reunem regularmente às terças e toda a igreja tem sentido os bens resultados de bênçãos que vem de suas reuniões.
Como pastor da igreja louvo o Senhor pelo trabalho realizado e parabenizo nossas mulheres pelas vitórias.
Aí vão algumas fotos da festa:



segunda-feira, 18 de maio de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XII


Jesus apresentou no Sermão da Montanha o seu projeto de Discipulado Radical. Na primeira parte (Mt 5) estão descritas as características dos bem-aventurados discípulos e qual a interpretação que o próprio Mestre dá à lei e ao Mandamento antigo. Chegando ao capítulo 6, Mateus apresenta as novas considerações das atitudes religiosas requeridas do discipulado – são as disciplinas espirituais necessárias para a vida cristã segundo o modelo de Jesus Cristo: boas obras, orações e jejuns estão neste plano.
Deixe-me seguir o plano do evangelista e começar com a prática das boas obras. Considerando as palavras de Tiago (2:14-26), posso definir obras como sendo a face visível e concreta de tudo aquilo que reconheço como fé em Deus. Ou seja, a fé que Deus faz acontecer em meu interior produz ações e reações exteriores em todos os aspectos de minha vida: isto são obras cristãs.
O Mestre chama atenção para dois aspectos destas obras cristãs: em primeiro lugar questiona: De quem espero receber o galardão pelas minhas obras? Se espero respostas humanas (dos outros e minha própria) pelas minhas obras, elas não podem ser consideradas cristãs – não são frutos do discipulado radical!
Depois Jesus fala da naturalidade que deve revestir as obras cristãs. Não deve haver premeditação ou excepcionalidade nas obras cristãs. As obras cristãs têm de ser de tal forma natural em minha vida que eu faça o que tenho de fazer como cristão e discípulo radical sem que isto seja um peso.
Voltando a Tiago, ele fala que a fé sem obras é morta (Tg 2:17). Sendo um discípulo radical, minha vida cristã tem que ser encarada naturalmente, para ser vista pelo Mestre e somente dele esperar respostas e recompensas, pois a glória pertence a Cristo.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

PECADO LAVADO


O tema do pecado não é um dos mais populares hoje em dia. O mundo moderno pouco espaço tem deixado para sua percepção. Até nossos púlpitos têm evitado usá-lo com referência. É bem verdade que pecado é não assunto para as ciências humanas ou sociais; também nada tem a ver com leis ou política.
Contudo, é impossível se falar em cristianismo verdadeiro e vida cristã autêntica sem que se faça referência à realidade do pecado na vida humana. Sua citação é bíblica e o cuidado em relação a ele – bem como as responsabilidades de suas consequências – não podem ser ignorados por homens e mulheres que querem seguir o modelo de Cristo.
Então, para refletir sobre o tema do pecado, vamos fazer algumas citações tiradas do Novo Testamento. Acompanhe a sequência do pensamento bíblico:
Primeiro: Paulo afirma que todos os seres humanos são pecadores (leia Rm 3:23 e 5:12). A verdade é que na doutrina bíblica há uma verdadeira generalização: Deus olhou para sua criação e encerrou todos debaixo do pecado e sujeitos às suas circunstâncias. Não há um justo sequer. E, por conta disso, todos nós carecemos da graça divina já que estamos desgarrados dela (leia mais Is 53:6).
Segundo: o pecado cobra o seu preço – e este é a morte (ainda é Paulo em Rm 6:23). Sendo verdade que todos pecaram, então sobre todos nós pesa a dívida eterna pela rebelião espiritual. Por sermos responsáveis pelo abandono do direcionamento divino em nossas vidas, então devemos também assumir os desdobramentos desta decisão (volte aos profetas antigos, agora Ez 18:3).
Terceiro: de acordo com a verdade bíblica, o pecado exige remissão através de sangue derramado (dito explicitamente em Hb 9:22). Não há outra possibilidade de se livrar do pecado e suas penas que por meio de sangue. Se o pecado nos afasta de Deus, a única maneira de retomar o contato é vertendo sangue – isso também é lei natural criada eternamente por Deus (o sangue do cordeiro pascal aspergido em Êx 12:21-23 é uma boa ilustração desta verdade).
Antes de prosseguir, deixe reafirmar uma verdade gloriosa: “Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (Rm 5:8).
Quarto: há no sangue de Cristo poder suficiente para nos perdoar e purificar de todo pecado (a declaração é de João em 1Jo 1:9). Na cruz do Calvário Jesus tanto pagou nossa dívida para com Deus como garantiu a remoção completa de nossos pecados (veja o que a fidelidade divina nos outorga segundo Mq 7:19).
Quinto: os que são lavados neste sangue herdam a vida eterna (foi o que João viu em Ap 7:17 e 22:14). A promessa é garantida para todo aquele que teve seu pecado lavado – seu coração restaurado – no sangue precioso: habitará nas moradas eternas. Não há outro caminho (Pv 28:13 reafirma esta certeza).
O tema do pecado pode não ser popular, mas é inevitável. Pode não ser científico, mas é um problema espiritual. Que nos lavemos neste sangue então para que nos livremos dele e de suas consequências. Para a glória do Cordeiro (termine cantando como em Ap 5:9).

quarta-feira, 13 de maio de 2009

DIA DA ABOLIÇÃO


Aproveitando o dia de hoje (13 de maio) que se relembra os 121 anos da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, ato em que aboliu legalmente a escravidão no Brasil, aproveito para transcrever parte de um estudo de fiz sobre a Carta de Paulo a Filemon - exatamente por tratar do mesmo tema

(em tempo: a imagem ao lado é uma reprodução da Lei de 1888).





A FORÇA REVOLUCIONÁRIA DO AMOR CRISTÃO (A Carta a Filemon) –

Nesta pequena epístola Paulo apresenta-se unicamente como prisioneiro: para o objetivo que tinha em mente pouco importava a autoridade do título de apóstolo. Ele tinha uma oportunidade ímpar de colocar em prática seu evangelho e não iria perder a chance.
Alguns comentaristas vêem neste texto uma acomodação de Paulo diante da escravidão ou até um desinteresse em enfrentar o problema de frente. Isto devido ao fato de que, segundo os mesmos comentaristas, o apóstolo simplesmente ter mandado de volta o escravo à casa de seu senhor. Mas é significativo notar que Paulo não escreve ao escravo pedindo que aceite a sua situação com resignação, mas escreve ao senhor pedindo que este receba de volta um escravo que se tornou irmão.
Paulo teria muitas maneiras mais eficazes para resolver o problema de Onésimo. Talvez se tivesse comprado a sua liberdade encerraria o caso: qualquer um faria isso. Concordo com José Comblin quando diz que "Paulo quer mostrar na casa de Filemon que um novo mundo fundado na agápe não somente é possível mas é uma realidade". Ele não estava interessado numa libertação do tipo da ocorrida da América, e em especial no Brasil, no século XIX mas em propor e colocar em prática a força revolucionária do amor.
Porém não se deve confundir aqui o conceito contemporâneo de amor – que não passa de um disposição subjetiva do indivíduo – com o que Paulo realmente tinha em mente: ele vai além. Amor não é simples disposição do sujeito, mas um tipo de relacionamento social, tipo este traduzido na solidariedade. Não é, pois, de se estranhar que ele afirme que o cumprimento da Lei é a agápe (confira Rm 13:10).
A proposta de Paulo era que o evangelho seria capaz de destruir todo o sistema social de dominação não pela força da lei (tanto que nem manda, mas pede), nem pelo abandono dela, nem muito menos com uma revolução armada, mas que os cristãos fossem capazes de inaugurar hic et nunc um novo mundo, uma sociedade, um reino de liberdade regido pelo amor. Reino este onde não há mais doûloi e sim diákonoi e onde o serviço é comum a todos e para todos e expresso através da colaboração mútua. No Reino de Deus todos são livres e todos são iguais (confira Gl 3:28).
Outro detalhe é que o amor para Paulo não é uma coisa espontânea. Ele é produto da fé e do poder do Espírito Santo de Deus. No evangelho pregado por Paulo andam paralelamente o amor e o poder, sem imposições mas livres. No entanto sobre isso convém ouvir as palavras de Agostinho de Hipona:
"Não somos livres para escolher entre o amor e o poder, somente somos livres para escolher as alianças entre eles: ou o poder do amor ou o amor ao poder" (citado por Rubem Alves).
E Paulo vai além: a irmandade cristã alcança o ser humano nas suas entranhas (splâncha – no verso 20) e na carne (sárx – no verso 16), ou seja, atinge o ser humano no seu interior e daí fluindo para todo o seu ser. Para Paulo o homem não é uma ilha, e o evangelho que prega, portanto, atinge-o na sua comunidade produzindo nela novas relações sociais baseadas na agápe e na pístis no Senhor Jesus (veja o verso 5).

segunda-feira, 11 de maio de 2009

DISCIPULADO RADICAL - XI


Chegamos aqui à última interpretação que Jesus faz da Lei dada aos antigos. E o Mestre vai abordar o tema que será o principal na sua pregação: o amor (Mt 5:43-48). Aos antigos foi ordenados amar o próximo, mas também foi autorizado aborrecer os inimigos. Jesus agora expande a amplitude da Lei exigindo do discípulo que ame até os inimigos: amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem (Mt 5:44).
Sobre este tema Jesus apresenta quatro pontos (a lista está nos versos 45 a 47): I – para que me torne filho de Deus é preciso desenvolver um amor incondicional a todos os seres humanos. II – Deus, o Pai dá sol e chuva sobre maus e bons, Ele não faz acepção de pessoas. III – amar somente os amigos não apresenta discipulado alguns, até os pecadores fazem isto. IV – a ordem do discipulado requer que o seguidor de Cristo seja perfeito na mesma medida do Pai celestial.
Assim todos estes pontos têm que se tornar parte do discipulado radical. Amar é obrigação e necessidade imprescindível do discípulo: como Deus é perfeito, ele exige perfeição dos seus seguidores, e isto tem que ser demonstrado na vivência diária, principalmente no trato com aqueles que se interpõem em meu caminho como meu inimigo. Não tenho o direito de escolher quem vou amar: amigos ou inimigos, bons ou maus, todos têm que ser alvo do amor cristão verdadeiro.
Como discípulo que já vivo sob a nova Lei em Cristo Jesus, garantida pelo sangue da Nova Aliança derramado na cruz, que eu viva este amor incondicional. Para que faça parte da família de Deus e para a glória eterna do Pai.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

MARIA - A mãe do Senhor


Com certeza, uma das pessoas mais esquecidas na história do Novo Testamento por nós, cristãos evangélicos, é Maria: a mãe de Nosso Senhor Jesus. Mas aproveitando a ocasião do Dias das Mães gostaria de refletir um pouco sobre esta figura fantástica! Lendo o texto da anunciação (leia a partir de Lucas 1:26), podemos apontar pelo menos três destaques: uma constatação, uma promessa e uma disposição.
Após a saudação inicial e diante da apreensão de Maria, o anjo constata: “...achaste graça diante de Deus” (verso 30). Não temos como negar que esta mulher foi reconhecida pela sua santidade. Maria viveu seu compromisso e relacionamento com Deus de maneira tão intensa que o próprio Deus achou graça nela. Ela foi escolhida para ser a mãe do Salvador – esta honra lhe coube porque, sem dúvida, ela reunia em sua vida características aceitáveis a Deus.
No verso 35 há uma promessa: “descerá sobre ti o Espírito Santo”. Aquela que acha graça diante de Deus pode experimentar a gloriosa promessa de ser cheia do Espírito Santo. Aquilo que os discípulos só vivenciariam em Pentecoste, Maria já pode desfrutar na concepção: o Santo Espírito de Deus possuiu aquela mulher por completo.
É claro então que a anunciação só poderia terminar com uma disposição. Lucas registra no verso 38: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra”. Uma mulher que achou graça diante de Deus e foi cheia do Espírito Santo é uma mulher que se dispõe a ser instrumento de Deus para a execução dos seus planos. Maria é uma mulher notável exatamente por que, diante da experiência sagrada, se colocou a disposição de Deus.
Neste Dia das Mães, que o exemplo de Maria - a mãe do Senhor - seja para todos nós um estímulo a vivermos uma vida cheia de graça e do Espírito, colocando-nos sempre a disposição Deus para se cumprir em nós a sua Palavra.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

DISCIPULADO RADICAL - X


Mais um tema é apresentado na interpretação completa que Jesus faz da Lei do Deus no AT. Em Mt 5:38-42 o tema apresentado é a vingança. Se aos antigos foi autorizado algum ato de retribuição, Jesus agora afirma que a verdadeira retribuição do discípulo radical é a não resistência.
Acompanhe o encadeamento da radicalidade do discipulado. A primeira implicação do que Jesus tem a dizer é que aquele que se dispõe a seguir a Jesus tem que, deliberadamente, renunciar a qualquer direito que imagina ter. A minha vida e os meus direitos estão mortos no discipulado porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro (Fl 1:21).
Desta renúncia me vem a realidade de que a minha vida já foi exposta e entregue na cruz de Cristo e nela está depositada toda a minha atual existência. Sem esta entrega na cruz não há vitória para o discípulo. Sem a autonegação da cruz não há vida. É sério o que Paulo declara aos romanos: “Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos” (Rm 6:8).
Uma última implicação das palavras de Jesus também pode ser lidas ainda em Paulo: “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” (Rm 12:21). Renunciar o direito à vingança e à retribuição do mal sofrido não é admitir a derrota do cristão diante das forças malignas deste mundo, mas é enfrentá-la com uma força ainda maior: o mal vence o bem não lhe confrontando mas lhe sobrepujando.
Que eu, tendo sido já chamado ao discipulado, me entregue completamente ao caminho da renúncia da cruz para que alcance a vitória final em Cristo Jesus, para sua glória.